Caso Mateus na Procuradoria Geral da República

O "Caso Mateus" continua a dar que falar com Belenenses e Gil Vicente a trocarem acusações no âmbito da decisão da Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional que na semana passada decidiu o arquivamento do processo disciplinar instaurado ao clube de Barcelos, garantindo assim a sua manutenção no primeiro escalão. No Restelo contesta-se esta decisão e o presidente Cabral Ferreira entregou nesta segunda-feira na Procuradoria Geral da República (PGR) um pedido de abertura de um inquérito ao processo de decisão, alegando a existência de jogadas de bastidores.

Cabral Ferreira: deu-se uma grande cambalhota!

O "Caso Mateus" teve na semana passada mais um episódio de uma história que se arrasta desde Janeiro. Em causa está a inscrição do avançado Mateus, jogador que alinhou contra Portugal pela Selecção angolana no primeiro jogo das duas equipas no Mundial da Alemanha. Os gilistas recorreram aos tribunais civis, contra os regulamentos da Liga e da FIFA, para validar a inscrição do atleta. Ora esta circunstância poderá ditar a despromoção da formação de Barcelos, mas a CD decidiu pelo arquivamento do processo, isto depois de na semana anterior ter vindo a público a informação de que o Gil Vicente seria de facto despromovido, o que manteria o Belenenses no escalão maior do futebol português.
Perante a decisão recente da CD, Cabral Ferreira explica na Rádio TSF que o Belenenses entregou à PGR um «pedido de abertura de um processo criminal em relação a pessoas intervenientes no processo Mateus», realçando que estão em causa «comportamentos tidos por determinadas pessoas», nomeadamente Gomes da Silva e Domingos Lopes, os juízes que votaram a favor do Gil Vicente e portanto contra as pretensões do Belenenses. O líder do emblema de Belém fala numa «grande cambalhota» e refere que há circunstâncias que têm de ser «investigadas», abordando palavras como «máfia», «associações criminosas» e «tráfico de influências».

Constantino Lopes: estavam a montar armadilha contra o Gil Vicente

Entretanto Constantino Lopes, que se demitiu do cargo de vice-presidente do Gil Vicente antes de a decisão da CD ter sido alegadamente tomada, explica na Rádio Renascença que agiu deste modo para que o filho pudesse ter voto no processo, pois alega que se estava a preparar «uma armadilha». Constantino Lopes frisa que «o Instrutor só entregou o relatório do processo no dia 2 e aí é que o processo ficou completo, mas o desembargador Pedro Mourão quis decidir no dia 1», acusa, deixando a seguinte pergunta no ar: «haverá sentenças antes do julgamento?» O ex-"vice" gilista diz ainda que «é inconcebível, é vergonhoso e eu não podia de maneira nenhuma permitir que o meu filho ficasse preso, não podendo votar dada a minha ligação ao Gil Vicente», afiança. Constantino Lopes destaca que «revoltado com a situação» não teve outra alternativa que não a demissão «porque não quero pactuar com este tipo de situações», diz. «Estavam a montar uma armadilha contra o Gil Vicente, para além dos jogos de interesses», sublinha.