Os "pequenos" são uma perda de tempo? | Relvado

Os "pequenos" são uma perda de tempo?

Uma equipa que consegue uma vitória em 22 anos tem direito a tentar a sua sorte junto dos mais forte
 
Portugal-Luxemburgo Fábio Coentrão disputa bola
Lusa

No início da última semana, foi publicado no 'The Independent' um artigo de Sam Wallace. A pergunta colocada no título chamou a minha atenção: "Por que a Inglaterra tem de perder o seu tempo frente a San Marino?".

A questão estava ligada ao duelo entre Inglaterra e San Marino. Foi colocada dias antes do jogo de qualificação para o Mundial 2014. Os ingleses previam um triunfo tranquilo e não falharam: a partida terminou, sem surpresas, com uma goleada inglesa por 5-0.

Foi então que decidi refletir (novamente) sobre o papel das seleções nacionais que pouco - ou nada - incomodam os adversários nestas fases de qualificação para os grandes torneios.

Os 10 países mais fracos - Olhando para a tabela oficial da FIFA, há 10 países europeus que nem chegam aos 300 pontos. No último lugar está precisamente San Marino, com uns impressionantes zero pontos; acima estão Andorra, Ilhas Faroé, Liechtenstein, Malta, Cazaquistão, Moldávia, Luxemburgo, Letónia e a primeira seleção abaixo dos 300 pontos é curiosamente a Irlanda do Norte, próxima adversária de Portugal - os lusos somam 1259 pontos, no terceiro posto. 

Todas juntas, estas equipas nacionais somaram até ao momento cinco pontos na qualificação para o Mundial 2014; dois deles conseguidos no grupo de Portugal, no empate entre Irlanda do Norte e Luxemburgo. Em 24 jogos, cinco pontos no total.

A questão é: deverão estas seleções continuar a ter lugar nas qualificações junto dos "grandes"? Uns defendem que não, que só servem para cumprir calendário e nunca conseguem incomodar as equipas mais fortes. Outros discordam e consideram que todas as seleções nacionais devem ter a sua oportunidade e lembram que nomes como Chipre, Liechtenstein ou Luxemburgo já deram trabalho a Portugal, por exemplo.

Solução alternativa - Sigo mais a primeira tendência, mas sem retirar estas seleções mais modestas das fases de qualificações. Antes de entrarem nos grupos principais, poderiam passar por exemplo por uma eliminatória prévia, que incluiria as 16 piores seleções da tabela FIFA.

Passaríamos de grupos de seis equipas (apenas um tem cinco) para grupos de cinco seleções. Todos eles. Em vez de 53 participantes nesta fase, teríamos 45 e aí o interesse talvez fosse maior em todos os encontros.

Para os que alegam que estes conjuntos mais fracos devem continuar a ter entrada direta para ganhar experiência internacional, eu questiono: quantas décadas vão ser necessárias para esse período de "experiência" terminar? 

Uma vitória em... 22 anos - Temos o caso de San Marino: estreou-se a este nível em 1990, portanto há 22 anos. Desde aí realizou 115 jogos e perdeu 109. Conseguiu apenas uma vitória - foi em 2004 contra o... Liechtenstein. E números semelhantes têm outros conjuntos nacionais. Já é experiência suficiente?

Sabemos que defrontar San Marino, Andorra ou Ilhas Faroé é sinónimo de vitória (e goleada) praticamente garantida. Já era assim há 20 anos, é assim atualmente e vai continuar a ser. Até porque, na maioria dos casos, o futebol foi, é e será praticado por amadores naquelas seleções nacionais. É como prevermos os desfechos de um Portugal-Inglaterra no hóquei em patins, ou de um Portugal-Nova Zelândia em râguebi. Sabemos perfeitamente quem vai ganhar, agora e no futuro.

É só uma opinião. O leitor acha que a UEFA deveria pensar numa mudança no sistema de acesso a Europeus e Mundiais?

Opinião:

Comentários [1]

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Os Pequenos estão sempre a mais...!! coitados

As regras estas, os grupos estão divididos por Continentes, se se mudar isto, apenas vai existir um mundial... deixa de haver CAN, Europeu, etc... e passa a existir uma pool de acesso à pool de apuramento ao mundial