Benfica empata e FC Porto é bicampeão (crónica)

As contas não eram complexas: se o Benfica não ganhasse ao Rio Ave, o FC Porto iria sagrar-se campeão nacional esta noite. E foi o que aconteceu. Empate a duas bolas em Vila do Conde, num jogo que demonstrou o empenho (ou falta dele) que os encarnados têm em relação ao que resta da temporada.

O perigo até rondou a baliza "caseira" logo nos instantes iniciais. Num duelo brasileiro, remate forte e perigoso de Bruno César, Huanderson respondeu com defesa complicada.

No entanto, apesar desta ameaça precoce, o Benfica apareceu em Vila do Conde apático, sobretudo na defesa, onde via o adversário jogar sem grande pressão. Parecia mesmo demonstrar pouco interesse no jogo, talvez pela questão do título estar quase arrumada e pelo segundo lugar estar praticamente assegurado.

A aproveitar essa desconcentração, o Rio Ave inaugurou o marcador aos oito minutos. Cruzamento de Jean Sony, Luisão e Artur simularam que iam cortar, mas nenhum deles o fez; Christian Atsu (atleta do FC Porto) foi mesmo à bola e encostou para o primeiro golo do jogo, de baliza aberta.

Na reação, tentativa de Maxi de longe, à figura de Huanderson e Cardozo, só com o guardião contrário pela frente, rematou ao lado. Com o pé direito. Dois sinais de um Benfica mais estável, mais "acordado" e com mais posse de bola, mas sem deslumbrar.

Mesmo sem deslumbrar, o golo do empate chegou, já aos 35 minutos. Livre de Bruno César, Gaspar impediu o desvio de Cardozo, mas a bola sobrou para Nolito, que não perdoou e igualou o resultado. Tento da autoria do melhor atleta do Benfica até então.

Três minutos depois, a reviravolta. Em novo duelo entre Gaspar e Cardozo, o defesa português derrubou o paraguaio e Olegário Benquerença assinalou grande penalidade. Os atletas da casa alegavam que, dois segundos antes, Nolito tinha executado um passe (incompleto) para Aimar, que estava em fora de jogo. O mesmo Cardozo converteu o penálti com um "tiro" de 120 quilómetros por hora.

A vantagem encarnada não se justificava ao intervalo, mas o resultado castigava os nortenhos, que recuaram em demasia e "encolheram-se" depois de terem estado na frente do marcador.

Mais apatia e título entregue

Jorge Jesus, que tal como a equipa esteve muito sereno durante a primeira parte, mesmo quando estava a perder, decidiu retirar Matic e colocar em campo Saviola, durante o intervalo.

O argentino estava apenas há quatro minutos na partida quando surgiu nova igualdade: boa jogada de Kelvin do lado direito, o brasileiro centrou para Yazalde e este, de cabeça, não deu hipóteses a Artur.

A turma de Carlos Brito continuou a atacar com perigo. Atsu tentou, Garay desviou; no canto Gaspar só precisava de encostar ao segundo poste e encostou, mas na direção das redes laterais.

Já com Javi García em campo (saiu Aimar), a nova ameaça de golo foi novamente da autoria do Rio Ave, desta vez num livre cobrado por Braga, ao qual Artur respondeu com um "soco" na bola.

Numa segunda parte apagada, com quase todos os seus elementos pouco inspirados, o Benfica criou a primeira ocasião de golo só aos 75 minutos. Foi Maxi que, com o pé esquerdo, atirou a centímetros do poste.

Era uma fase em que o conjunto lisboeta parecia ter acordado. Logo a seguir Saviola proporcionou a Huanderson a melhor defesa da noite. E depois foi Maxi de novo, com mais uma defesa complicada do guardião do Rio Ave, antes de Cardozo, isolado, falhar o desvio para o golo num pontapé de canto.

Pelo meio, terá ficado por assinalar uma falta dentro da grande área - para não variar - de Gaspar sobre Cardozo. O paraguaio saltou para receber a bola de peito e foi empurrado pelo adversário por trás. O árbitro entendeu que o encosto não foi suficiente para apitar. Uma situação quase igual aconteceu um minuto depois, desta vez com Jean Sony sobre Saviola. Mais uma vez Benquerença nada assinalou.

Já instalado no meio campo adversário, o Benfica continuava a pressionar à procura do golo que impedisse a festa portista; Witsel apareceu solto na área, mas Huanderson voltou a segurar o empate para a sua equipa.

Uma igualdade que deixou o Benfica a seis pontos do FC Porto. Como só faltam duas rondas e os portistas têm vantagem no confronto direto, a partir desta noite o líder passou a campeão nacional. Para o Rio Ave, este ponto pode dar mais tranquilidade; depende do que a Académica conseguir fazer em Alvalade.