Portugal não agradou a todos...

O país está uma peixerada. Os pescadores rezingam e já não querem ir ao linguado, revoltados contra o "Cherne". Os camionistas fazem greve às entregas e ao tinto para desgraça dos vendedores de posters de opulentos nus. O Paulo Portas não catrapisca nada, coitado, não passa de um mexilhão que não faz mossa nem dá para coçar o berbigão. Socrates parece um camarão-tigre, vermelho e ufano, mas não passa de um insonso lagostim. E, lá para o norte, a vida tem corrido o mal. Não bastava o "contranatura" silêncio das peixeiras e vem a sorrateira UEFA afastar da Liga dos Campeões o FCP à conta dumas fraudes banais no mundo futebolês. Só desgraças. Felizmente... Resta-nos a selecção. Andei toda a semana a tentar resistir mas acabei por decidir vir a jogo. Também estranho seria que em dia de arranque do Europeu 2008, ficasse fora de campo. Isso é que não! Seja lá de que maneira for, Portugal mudou-se para a Suiça à espera de chegar a Viena. Nem que seja em pensamento, que a crise não dá para mais. Maldita crise, que não há meio de fintá-la. É que por mais treino que tenhamos tido nos últimos meses, já ninguém parece estar em forma para aguentar até ao apito final que parece ainda vir longe. Só que em tempo de descontos, há uma injecção de ânimo que faz esquecer o desgaste e o cansaço, nem que seja só durante 23 dias (pelo menos é por isso que torcemos) Este mês não será diferente dos outros nas nossas vidas. O ordenado será o do costume, é quase certo que os preços vão continuar a subir aqui e ali e o desemprego provavelmente também. Mas a isso, responde-se com uma gigantesca onda de entusiasmo e de euforia que parece contagiar o país inteiro. Portugal está vestido com as cores nacionais, afina a voz que é preciso gritar golo, abastece-se de cerveja e petiscos que vão sempre bem com a bola, e assim se massaja o ego numa anestesia colectiva que nos faz acreditar que no fim das contas, vamos conseguir dar a volta ao saldo negativo na conta bancária. Não há golo certeiro capaz de atacar a crise, mas ninguém parece importar-se com isso, desde que Cristiano Ronaldo e companhia nos façam sonhar, desde que o hino nos continue a emocionar e arrepiar com orgulho do que fomos e somos. Houvesse uma campeonato de futebol todos os anos e não havia governo que recebesse cartão vermelho. Quer se goste ou não, não dá para negar que o futebol fala uma linguagem universal e é capaz de unir um país inteiro num objectivo comum e envolvê-lo numa alegria sem paralelo. O mundo parece depender da bola que entra ou bate na trave num jogo perigoso onde só jogam os extremos: desilusão ou euforia. Seja como for, o futebol é capaz de fazer por este país o que mais nada nem ninguém conseguem: aumenta a auto-estima, aumenta a confiança, aumenta a capacidade de sonhar e de acreditar. Só por isto, venha de lá essa taça, que de tragédias gregas já temos a nossa conta.

mesmo descontando a fraca oposição turca fez um bom jogo, o melhor dos ultimos (largos)tempos mas isso não invalida que o gajo até não tenha razão em algumas observações que faz.