Pepe: ganhou-se um trinco de elite?

Quando vi pela primeira vez esta disposição dos jogadores na selecção, estranhei bastante. No entanto tentei compreender estas opções do selecionador, e as conclusões a que cheguei foram duas e em momentos distintos da qualificação: 1- Para suster os contra-ataques previsiveis por parte de quem enfrenta a nossa selecção, precisariamos de um trinco bastante rápido e com bom posicionamento para impedir as investidas adversárias. Com os 3 centrais de grande qualidade que temos e a falta de um trinco de jeito (rápido) a resposta seria fácil: PEPE. 2- Os defesas esquerdos Portugueses não são grande coisa, e por isso, Queirós tinha que inventar um. A escolha recaíu sobre DUDA, um jogador que fez (e continua a fazer) toda a sua carreira a extremo. Isso traz debilidaes acrescidas à nossa defesa, embora compense de sobremaneira lá na frente. Posto isto hà que resolver o problema da compensação, e para isso nada melhor que um trinco que saiba (mais do que se integrar no ataque) compensar a defesa. Mais uma vez: PEPE. Se calhar até nem foi nada disso que o Queirós pensou, mas vai daí e até foi! Seja como for, perante estas suposições, e embora seja contra muitas das suas escolhas, acho que neste ponto ele jogou muito bem com os recursos que tinha à sua disposição. Agora respondendo à tua pergunta, acho que não se ganhou um trinco de elite, acho que vai continuar a ser um central de craveira mundial. Esta adaptação deveu-se unicamente às idiossincrasias do selecção nacional. Serve um propósito num dado momento especifico, mas de futuro creio que continuará a sua carreira como até agora. Mas claro, para qualquer treinador, torna-se uma mais valia a capacidade de adaptação a várias posições deste jogador!

Como devem ter tido a oportunidade de ler, após o jogo da selecção Luso-Brasileira com a Bósnia, vim a este fórum criticar activamente os "comentadores" da TVI, pelo deprimente espectáculo auditivo que me/nos proporcionaram. Pois bem, hoje, ao ler o jornal Record, reparei numa crónica de um ser com o qual muito raramente concordo, mas que desta vez acertou em cheio em tudo o que eu pensei, e continuo a pensar, sobre o assunto. Crónica essa que aqui transcrevo: "Carlos Queiroz, que tanta traulitada tem levado, cumpriu. O que parecia o Cabo das Tormentas transformou-se no Cabo da Boa Esperança. E sem Ronaldo, os jogadores deram tudo e aguentaram o ambiente difícil de Zenica. Mas se deu gosto ver o jogo, foi um suplício ouvi-lo na TVI. Os comentários dos jornalistas foram de uma arrogância sem fim. De facto, a partida não devia ter sido naquele campo. Mas os comentadores não se ficaram por aí. Abundaram as frases jocosas sobre a suposta falta de civilidade dos bósnios. Referiram-se a eles como "esta gente". E garantiram, quando "esta gente" assobiou o hino nacional, que nunca tal se tinha visto. Até já se viu. E foi em Portugal, na fase de apuramento para o Euro'2008, quando os adeptos portugueses vaiaram o hino belga. E foi em Portugal que uma final de juniores acabou à batatada. E foi em Portugal que numa final da Taça, por falhas na segurança, um adepto foi morto por um "very light". E foi um treinador da nossa seleção que tentou esmurrar um jogador da equipa adversária. E foram jogadores portugueses que fizeram uma triste figura na Coreia do Sul. A Bósnia é um país recente, saído de uma guerra fratricida. Este jogo tinha uma enorme importância simbólica para eles. Entregaram-se com paixão. A sua seleção foi, na fase de apuramento, de uma dedicação notável. Perderam com dignidade. Em vez deste parolismo novo-rico de quem, de um dia para o outro, se julga importante, devíamos não esquecer as tantas vezes que somos vítimas dos complexos de superioridade de outras nações europeias. E não repetir a graça. Felizmente, sem som, foi festa que vimos no campo. Num mau estádio. Num país pobre. Mas com tudo o que se quer no futebol. Daniel Oliveira" Nem mais... Cumps