José Torres: Despediu-se o Bom Gigante com 1,91 metros de bondade | Relvado

José Torres: Despediu-se o Bom Gigante com 1,91 metros de bondade

 

Estádio de Wembley, 27 de junho de 1966. De cabeça, o “Bom Gigante” desfeiteou o mítico guardião soviético Lev Yashin, e deu a Portugal o terceiro lugar no Mundial de futebol. Longe dos tempos de glória, José Torres morreu hoje, aos 71 anos.

O seu metro e 91 de altura, e a bondade, reconhecida pelos companheiros, valeram-lhe a alcunha de “Bom Gigante”, numa carreira que durou 23 anos, que o tornou uma figura incontornável do “glorioso” Benfica da década de 60 e dos “magriços”.

Gorada a hipótese da presença da final, em Wembley, Torres marcou o golo que “consolou” Portugal, quando o encontro estava empatado a um golo, ainda com as lágrimas de Eusébio bem presentes na memória, após o afastamento da final, às mãos da anfitriã Inglaterra.

José Torres chegou ao Benfica com 20 anos, depois de se ter iniciado no futebol no clube da cidade onde nasceu, Torres Novas, a 08 de setembro de 1938.

Na Luz, enfrentou a forte concorrência de José Águas, titular indiscutível do ataque “encarnado”, mas acabou por conseguir “saltar mais alto” e foi o melhor marcador da época de 1962/63, com 26 golos.

Da cabeça do “Bom Gigante” saíram muitas bolas, às quais Eusébio respondia com remates para o fundo das redes. E o seu altruísmo no relvado tinha correspondência na boa disposição fora dele.

“Sonhava de noite para fazer dia”, lembra José Augusto, seu habitual companheiro de quarto, cúmplice nas partidas arquitetadas para pregar aos colegas de equipa.

Apesar de já estar no Benfica, não jogou nas competições europeias nas épocas de 1960/61 e 1961/1962, nas quais o Benfica se sagrou campeão europeu.

Nas épocas de 1963, 1965 e 1968, teve um papel importante na presença dos “encarnados” nas finais europeias, mas não conseguiu fazer a festa.

Para a história, fica também uma frase. “Deixem-me sonhar”, disse José Torres, quando poucos acreditavam no apuramento para o Mundial de 1986.

Carlos Manuel fez a vontade ao então selecionador, com o famoso pontapé de Estugarda, que colocou Portugal no Mundial do México. Ironia, ou não, o sonho acabou por se transformar no “pesadelo” de Saltillo, devido às convulsões no seio da equipa nacional que marcaram a presença lusa.

Estreou-se na seleção portuguesa em 1963, numa derrota frente à Bulgária (0-1), e despediu-se 10 anos depois, precisamente frente à mesma equipa, que marcou também a despedida de Eusébio e Simões.

Ao serviço da equipa nacional apontou 14 golos, três dos quais na fase final do Mundial Inglaterra 1966, onde alinhou nos seis jogos da competição, na qual a seleção conseguiu a sua melhor classificação de sempre, o terceiro lugar.

Deixou o Benfica em 1971, rumo ao Vitória de Setúbal, onde esteve até 1975, ano em que rumou ao Estoril-Praia, clube no qual terminou a carreira, em 1980, então com 42 anos, com um saldo total de 217 golos, em 384 jogos.

Como técnico, função que chegou a acumular com a de jogador ainda no Estoril, orientou o Estrela da Amadora, o Varzim e o Boavista.

Apaixonado pela columbofilia, José Torres enfrentou um drama pessoal nos últimos anos, devido à doença de Alzheimer, à qual se juntaram problemas financeiros. Alvo de homenagens e festas de angariação de fundos, o “Bom Gigante” viveu o fim de vida praticamente na miséria.

 

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

Foto: slbenfica.pt

 

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Comentários [10]

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O bom gigante

Sou talvez, dos poucos neste fórum, que o viu jogar. Sempre educado com os adversários e sempre a brincar com os guarda redes. Paz à sua alma, porque ele foi sempre um homem de paz. Saudações (des)portistas _____________ Dragãoport

Paz à sua Alma e muitas futeboladas no Céu

Grande em tudo, menos na maneira como' viveu' os seus últimos anos (somos nós, "tugas", sempre prontos para a homenagem póstuma). Quem ama o Futebol (aquele espectáculo que nos faz vibrar) nunca o vai esquecer. Nota: Esta utilizadora não respeita o novo acordo ortográfico.

Mais uma vez estamos de acordo, Misty...

...pois também não me parece que estejamos realmente a falar de um acordo, na medida em que este pressupõe cedências de parte a parte, algum equilíbrio negocial e contrapartidas para ambas as partes (bem comum, mesmo que não proporcional) ou então tratar-se-á isso sim de uma Rendição Ortográfica a um Ultimato Ortográfico. Não vejo em que é que os brasileiros tenham cedido, pois provavelmente continuarão a escrever como sempre escreveram, ao contrário de nós, portugueses, que fomos durante anos ensinados e treinados na língua, a falá-la e a escrevê-la de uma certa maneira, da qual é feita tábula rasa, sem qualquer respeito pelo processo de ensino/aprendizagem e a sua evolução ao longo dos anos. É mais uma impostura do politiquês, do politicamente correcto, destes políticos de trazer por casa que só têm levado o país à bancarrota e à incapacidade, à miséria. Eu estou contigo Misty, e direi mesmo, não respeito o Acordo Ortográfico, ou melhor, a Rendição Ortográfica, porque quem a impingiu foram os primeiros a faltar ao respeito à Língua que ensinaram e aprenderam na escola os meus conterrâneos, e assim aos próprios portugueses, que nem sequer puderam referendar ou participar na decisão. E já não é a primeira vez que lhes têm sido retirados direitos fundamentais sem sequer lhes permitir ter opinião, e decidir sobre o assunto. Não se trata de uma evolução espontânea e natural da língua, e sim uma espécie de Tratado imposto, só que em vez de ser de Lisboa, é de Brasília, sendo que ambos são igualmente castradores da liberdade e da cultura de um povo.

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As cedências foram de ambas as partes. Alguns intelectuais têm feito passar a ideia de que só nós cedemos, mas isso não é verdade.

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Nota, este utilizador ainda não aplica a ortografia do Acordo Ortográfico mas concorda com ele, e repudia quem se insurge contra a uniformização da nossa comum língua por manifesta ignorância sobre o assunto.

Jogo - à descoberta da língua portuguesa

respeitar - Conjugar (latim respecto, -are, olhar para trás muitas vezes, esperar, prestar atenção) v. tr.1. Dar provas de respeito. = honrar, venerar 2. Poupar. 3. Tremer, recear. 4. Observar, cumprir, tolerar. v. intr.5. Estar na direcção!direção de. 6. Dizer respeito, ser relativo, pertencer. v. pron.7. Dar-se ao respeito. 8. Não cometer actos!atos impróprios de seriedade. pelo (ou no) que respeita a: relativamente a; quanto a. (Priberam online) Agora desafio-te a encontrar a(s) palavra(s) que se aplica(m) na minha frase que te indignou. A ignorância sempre foi muito relativa. Não deixa de ser frustante, ver uma língua tão 'rica' equiparada a "brasileiro". Cumprimentos

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Bem, gostava de entender a razão por que colocas aqui os significados do verbo respeitar. E porque os colocaste, aqui fica a definição completa, e não somente aquela que aí tens. Se o objectivo de colocares isso foi de te dizer qual a interpretação que faço do vocábulo empregado (sim, empregado, e não empregue) dir-te-ei que são o número, 1, 2, 4 e 7. A frase em si é tão indigna quanto quem a escreve, porquanto alguém que escreve que “Não deixa de ser frustante (sic), ver uma língua tão 'rica' equiparada a "brasileiro", não merece sequer que se lhe dirigisse a palavra, tal a ignorância (e a ignorância não é relativa no caso em apreço, mas antes estupidez) demonstrada não só no tocante ao tema mas igualmente ao conhecimento da nossa comum língua. (lat. respécto,as,ávi,átum,áre 'olhar muitas vezes para trás, dar as costas') verbo transitivo directo 1 ter respeito, deferência por (alguém ou algo); ter em consideração Ex.: os filhos respeitam-no transitivo directo 2 demonstrar acatamento ou obediência a; cumprir, observar Ex.: r. as ordens transitivo directo 3 ter medo de, recear Ex.: r. o animal bravio transitivo directo 4 tomar em considerações; ter em conta; atender a Ex.: r. a vontade do povo transitivo directo 5 não causar qualquer prejuízo a; poupar Ex.: r. as obras do passado transitivo directo 6 ter cuidado com; não perturbar Ex.: r. o sono de alguém transitivo directo 7 demonstrar tolerância com; suportar, admitir Ex.: r. críticas transitivo indirecto 8 dizer respeito a; concernir Ex.: esses fatos respeitam à justiça transitivo indirecto 9 estar na direcção; estar voltado; apontar Ex.: quando saiu, o navio respeitava ao norte pronominal 10 guardar o decoro que convém à sua situação, à sua dignidade; dar-se ao respeito Ex.: ele sabe respeitar.-se Dicionário Houaiss

Estamos aqui a prestar

Estamos aqui a prestar homenagem ao José Torres ou numa aula de português. Haja respeito por quem morre e que deu muito ao futebol português. "Bom Gigante" perdoa-os porque são jovens e não sabem o que ... Saudações (des)portistas ______________ Dragãoport

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E que tem ter morrido, ter dado muito ao futebol português? Só por isso vai deixar-se de falar?

Esta utilizadora não respeita

Esta utilizadora não respeita o novo acordo ortográfico. lolololol