Crónica: o que define afinal o ser português? | Relvado

Crónica: o que define afinal o ser português?

 

Para Pepe, a cidadania portuguesa vale após seis anos de residência em Portugal, o país que o acolheu com 18 anos. Aquele a quem já chamam "o caçador", por causa do modo como comemora os golos, "caçou" o direito de representar a equipa das quinas como qualquer jovem que trilhou o percurso das Selecções menores. Da Madeira para o Continente, e do Marítimo para o Porto, nestes anos o defesa mudou como jogador e de "tosco" passou a craque. O seu português sambado também se modificou e o central já fala com menos requebro na voz, distanciando-se do som dos compatriotas de Maceió, terra brasileira onde nasceu há 24 anos.Enquanto se espera a definitiva metamorfose de Pepe num português por escolha, lembre-se o processo idêntico por que passou Deco. O ex-portista é já figura intocável na Selecção das quinas e o sotaque aportuguesado afasta-o da brasileira São Bernardo do Campo que nada tem a ver com a ruralidade que o nome indica, mas que é antes um pólo da indústria automóvel no Brasil. A Língua portuguesa sempre atreita a fintas...E se já temos Deco e poderemos vir a ter Pepe, o que dizer de um Manuel da Costa que nasceu em Saint-Max (França) e que nem português sabe falar! E há ainda um Daniel Fernandes que nasceu em Edmonton (Canadá), que tem mãe checa e que fala português com o mesmo sotaque de um norte-americano! Poderemos dizer que Képler Laveran Lima Ferreira e Anderson Luís de Souza são menos portugueses do que Manuel da Costa Trindade e Daniel Márcio Fernandes? Eu cá não sei responder. Mas se já temos à frente das tropas um Felipão que é brasileiro, que tem passaporte italiano e que não se inibe de cantar o hino português, não deverá estranhar a mistura de nacionalidades... E num planeta-futebol desprovido cada vez mais de coração e rendido ao poder de indústria, o amor à pátria não é critério para seleccionar jogadores para as suas equipas nacionais. Cada vez mais os melhores, e por vezes nem esses, só os mais mediáticos, sendo portugueses de gema ou não, terão acesso à camisola da Selecção.
Maldoror

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Comentários [33]

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Pois

e eu disse para tua alegria...

Re: Pois

olha que novidade... que somos o produto de por quem cá passou estou farto de saber. O que eu quero saber é se vamos entregar o país aos nossos filhos ou aos filhos dos outros. Mas alguém tem paciência para discursos de pureza racial, determinismo geográfico ou outros radicalismos? Deves pensar que lá por seres extrema-esquerda forçosamente eu sou apoiante de PNR's e Hitler... Eu apenas quero o melhor para o meu país, e não acho que sermos invadidos como estamos a ser seja positivo para quem cá está, imigrantes incluídos.

Não sabes o que é ser invadido

Põe os olhos em França, Alemanha, UK ou Suiça e percebes a diferença. Nós precisamos destas pessoas no mercado laboral, porque infelizmente os portugueses não querem vergar a mola. E quem se lixa são eles: trabalho escravo.