Afinal o que é que querem?

3º no euro 2000

O problema é que certo tipo de gente convenceu-se que tem a melhor selecção do mundo e agora quer ganhar tudo e a todos! E depois o Mourinho é que é o arrogante!!!! vai lá vai....

1. Quando surge Scolari. Depois da maior vergonha de sempre da nossa selecção: o mundial da Coreia. Vergonha, falta de cariz, de humildade, completa desorientação, total arrogância de quem lhe comandava o destino. Nunca a diferença entre matéria prima e resultados foi tão negativamente acentuada. 2. Scolari trouxe um corte com essa maneira de trabalhar. Mais importante ainda, uma nova mentalidade. De grupo, de união, de humildade, de espírito ganhador. Não se beijou bandeiras após os golos, mas os jogadores sentiam as quinas como nós todos. Ou, de outra maneira, por nós. 3. Facto que acompanha a estadia de Scolari até hoje: o costas voltadas com o Porto, clube. Culpa de Scolari no desenvolvimento e gravidade do caso, sem dúvida, nomeadamente em discursos evitáveis, em posturas desnecessárias. O que despoleta tal: ausência de Baía nas convocatórias. Dor de cabeça para muita gente, é explicado em minutos, em duas linhas neste caso. Aliado à teimosia do treinador, que frutos lhe dá em futuros trabalhos, o afastamento de ovelhas negras (aí sim) da selecção torna-se uma obrigação. Entre elas, Baía. Injusto? Pela carreira, sem dúvida. Pelos acontecimentos recentes, pelo trabalho e mentalidade que se queria implementar, obrigatório. Ponto final, parágrafo. O resto, é fogo de artifício ateado pelo líder dos Dragões, quiçá mal habituado em matéria de influência ou interferência com as decisões dos seleccionadores. Ainda assim, a título de exemplo, a aposta em Postiga não faz supôr que o rancor pelo clube tenha proporções drásticas. Nem tão pouco a chamada de Vale seja uma qualquer afronta. Ainda assim, o teor da análise está sempre sujeita do ponto de vista. 4. Estamos no Pote 1. Somos dos melhores. Culpa de Scolari?! Não, não é. É de todos nós. Scolari é mais um que colabora. Culpa exclusiva dos jogadores?! Deixem-se disso. Não tinhamos Ricardo, tinhamos Baía. Não tinhamos Carvalho, tinhamos Couto. Não havia Costinha, havia Paulo Sousa. Temos o Deco? Tinhamos e Rui Costa. Ronaldo? Havia Futre! Por aí fora. Matéria prima, nas duas últimas décadas, nunca faltou. O que faltou foi o que Scolari ajudou a aprimorar: formar grupo, render individualmente o máximo dos melhores dos melhores, em prol do colectivo. 5. Más exibições. Existiram na qualificação. Ausência de fio de jogo, de consistência. Apesar de não ser um factor de despedimento, a culpa tem que ser do seleccionador. Foi ele também que promoveu uma remodelação, cuidada e atenta aos pormenores, da equipa. Foram mais de quarenta os jogadores chamados. Demorou mais de ano e meio a qualificação. São dados, são factos. Podia ser diferente? Claro que sim, mas não falhámos quando não podiamos falhar. A ser assim, que tenhamos acabado de assistir à pior fase do brasileiro no nosso país. 6. Importante agora é o trabalho. Minucioso, porque é quando Scolari se torna mais forte. Nas fases finais, nos pormenores, na formação do grupo, no discurso deste, nos pormenores, nos 4/5 jogos que determinam o fracasso ou o apogeu. O que vos digo é o que todos vemos. Estamos melhres que nunca, fizemos mais que alguma vez foi feito. Outro o faria? Talvez. Mas este fez. Ou não? Independemente dos resultados futuros, Scolari sai no final do Euro. Ponto assente. Ganhador ou não. O que eu acho mesmo é que, quando todos acharmos que vamos realmente ganhar, ou seja, daqui a aproximadamente uma década, tem que haver bem mais paciência do que a que há, caso contrário nem Mourinho terá o sucesso que todos nós desejamos e ambicionamos.