Corrupção e ‘economias paralelas’ -- alguém se preocupa?!... | Relvado
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Com ou sem FMI, com este ou aquele partido no Governo, é tempo de perguntar: por que razão ningué

A campanha eleitoral para as legislativas de 5 de Junho não promete nada de novo.

Vivemos um tempo de poucos riscos.

O arrojo (responsável), num País profundamente clientelar, tornou-se perigoso. Os que são uma representação, maior ou menor, do actual sistema político-partidário, estão demasiado dependentes do(s) aparelho(s). Aguardam, à moda antiga, que se enquista nos dias de hoje, o benefício. Ou mais benefício. As máquinas partidárias alimentam a democracia mas comem parte significativa do bem que ela nos faz. Não encontram fórmulas de regeneração e estão a esgotar-se na sua fraca credibilidade. Queixam-se das incoerências dos adversários políticos mas não são capazes de romper com o paradigma ou suscitar a discussão perante o espectro da falibilidade absoluta.


A democracia é demasiado preciosa para se perder, mas necessita de quem a queira aperfeiçoar. A democracia não se pode perder, mas vem sendo ameaçada por quem se aproveita dela de forma ignóbil. Depois de 1974 e volvidos quase 40 anos, chegamos à conclusão de que na política, na banca e na economia houve muita gente com grandes responsabilidades no País que andou a ‘rapar o tacho’ e a carregar as ‘barras de ouro’, mentindo aos portugueses e criando-lhes expectativas inalcançáveis.


E das duas, uma: ou há uma percentagem muito significativa de cidadãos -- e sabemos que há -- a viver montados no Estado e estão proibidos de desviar o rumo do seu comportamento (anti)social, obrigados a viver nesta indecorosa mentira, ou os portugueses não se importam de ser levados ao logro e ao engano.


Como é possível dar crédito àqueles que afirmam uma coisa hoje e a desdizem amanhã, com a maior das convicções e naturalidade? Como é possível dar créditos àqueles que apontam o caminho e, no meio desse caminho, apontam outro, completamente em sentido contrário ao que haviam apontado pouco tempo antes?


Os fautores da consagração das políticas dos últimos seis anos parecem dar-se bem com a fórmula entretanto encontrada: as responsabilidades são da crise mundial, que contaminou o País de modo incontornável. Repetem-no até à exaustão. Como repetem até à exaustão que as medidas impostas pelo FMI eram, afinal, todas aqueles que haviam sido propostas no PEC4. Simone de Beauvoir, sempre determinada na defesa das liberdades individuais, dizia que ‘à minha volta, reprovava-se a mentira, mas fugia-se cuidadosamente da verdade’.


No espectáculo mediático em que se tornou a política portuguesa, nem sequer há cuidado. Há um relógio de repetição utilizado até à exaustão sem olhar a nada ou talvez, apenas, à ignorância e à indiferença.


Vejo os partidos incapazes de contestar os seus próprios líderes, mesmo aqueles que, na sua obstinação, levaram o País ao precipício. E a perplexidade aumenta quando não se vê ninguém especialmente preocupado em tirar conclusões sobre os motivos que levaram à implosão do sistema financeiro e corrigir os procedimentos.


Não quero provocar nenhum assanhamento especial, porque muitos dos que me lêem, aqui, neste espaço, são ferverosos adeptos deste ou daquele clube. Mas sem querer cair na tentação de ser mal interpretado, correndo todavia esse risco, não sei se é José Sócrates que tem muito de Pinto da Costa ou se é Pinto da Costa que tem muito de Sócrates. Uma coisa parece-me certa: na sua assertividade de grandes tribunos, ambos exploram como ninguém a idiossincrasia lusa. Conhecem muito bem os portugueses. Sabem muito bem como os deixar na dúvida. Sabem muito bem como os convencer.


Internamente, nas suas próprias células, pode haver algum burburinho, mas ninguém ousa contestar as respectivas lideranças.

 

Com uma diferença de pormaior: Pinto da Costa consegue resultados; José Sócrates, não (ao nível do que seria necessário). Ambos beneficiam de uma oposição pífia e atabalhoada e, nessa medida, vivem e sobrevivem com alento e indisfarçável devoção.


Permitam-me a ousadia, mas só acreditarei nos líderes (na política e no futebol) que se disponham a atacar a corrupção e as ‘economias paralelas’. Enquanto isso não acontecer, continuaremos a ser manipulados pela lógica das cliques. Umas contra as outras. Até nada restar.

(Rui Santos escreve de acordo com a grafia do português pré-acordo ortográfico)

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Taxonomia: 
Rui Santos

Braveheart

Li com alguma atenção este artigo do sr. Rui Santos,contudo apesar de alguns pontos em que posso concordar com determinados pontos de vista no meu entender considero que existe aqui um grave erro de concepção e enquadramento relativo aos pontos em comum com Presidente do FCP Jorge Nuno Pinto da Costa e o actual 1º Ministro José Socrates, porque na realidade são conceitos e contextos totalmente distintos ou seja o estilo de Liderança do José Socrates está nos antipodas do Presidente do FCP.
Porquê?
Porque o actual 1º Ministro é alguem que vive muito da Imagem da propaganda que representa a Maioria que fala muito promete muito e executa pouco apresenta poucos resultados, vive muito de euforias e vive acima de tudo num estado de negação relativo ao real estado do pais é alguem que convive mal com a realidade e prefere genero um autismo colectivo de uma realidade idilica ficticia e muito ilusoria,acima de tudo o sr. José Socrates é um bom vendedor de sonhos e de ilusões é um Estadista dos tempos modernos das grandes maiorias e dos grandes consensos e do pensamento unico seguramente José Socrates veste a pele não de alguem que luta contra o estado das coisas mas alguem que luta por vender um cenário idilico do estado das coisas neste sentido a gestão o marketing de José Socrates muito baseado na propaganda nas promessas nas grandes maquinas comunicacionais no meu ponto de vista aproxima-se muito mais do modelo de gestão seguido por outro clube português o clube das maiorias do pensamento unico dos Donos da verdade seja ela desportiva ou não que não é seguramente o FCP.
O Presidente do FCP que exerce funções desde de 1983/84 salvo erro, é o oposto ao José Socrates porque o Presidente do FCP representa uma colectividade desportiva regional um clube contra poder um clube de uma minoria regional um clube que tem a sua sustentação social não na Maioria no pensamento unico mas sim num cariz regional muito marcante suportado por uma burguesia e uma elite cultural social que sempre foi forte mas não totalitaria da cidade do Porto, o Presidente do FCP ouviu-se em escutas nunca quis ser um politico porque oportunidades não lhe faltaram sempre quis defender uma causa uma causa que se chama FCP essa causa é uma causa dificil é uma causa que não é facil como qualquer causa que foge ao pensamento e senso comum,não é facil ser-se FCP ser-se portista, o FCP desde começou a vencer passou a ser o alvo abater neste pais o Patinho feio dos 3 clubes grandes o mais incomodo o que suscita maior crispação, digamos que se tivermos de comparar o FCP com um Partido politico nunca poderemos compara-lo com um partido das maiorias ou das chamadas coisas faceis daqueles partidos que tem os paninhos quentes dos media daqueles que são protegidos pelo sistema mesmo no Pico da influencia portista que se deu entre 1994-1999(sim porque o FCP so dominou o ministerio das influencias durante esse periodo) nem ai o FCP foi um clube com boa imprensa ou uma imprensa agradavel e quanto mais foi ganhando mais a hostilidade dos Media foi aumentando. Por outro lado Presidente do FCP é alguem que male ou bem com muitos defeitos foi um homem que fez e faz historia alguem que marcou o futebol portugues para sempre foi alguem que imaginou um clube de media dimensão num colosso europeu alguem que em 27 anos venceu 19 campeonatos foi campeão europeu por 2vezes venceu uma taça uefa 2 intercontinentais 1 supertaça europeia que duplicou o nº de socios e de adeptos e que ainda não parou, é alguem que abdicou de muita coisa para defender a causa Porto e sujeitou-se a tudo para defender a causa Porto e a causa Porto não é causa da Maioria não é causa dos consensos é uma causa dificil ,e mais o Pinto da Costa prima por um pragmatismo e um realismo quase anglo-saxonico que ate afasta-se um pouco do aspecto mais latino e incompetente português, Pinto da Costa não fala sem conhecimento de causa não promete algo que não seja execuivel e quando fala normalmente cumpre ou seja está nos antipodas do sr. José Socrates.
Pinto da Costa deu e dá muito ao FCP educou os adeptos do FCP de uma forma de estar diferente do pensamento comum nacional uma certa superioridade e uma altivez que faz do FCP algo diferente em Portugal,mas esta perfeição quase germanica portista teve consequencias Pinto da Costa tornou-se o Inimigo Publico dos sectores mais populistas chamado Regime,concerteza é das figuras que gera mais sentimentos de Inveja,ressabiamento e até odio em Portugal, mas uma coisa é certa pois já vi este filme em Portugal muitas e muitas vezes Pinto da Costa está no nivel daqueles que fizeram Historia e os mesmos que hoje em dia o tentam banir afastar serão os mesmos que após Pinto da Costa não se encontrar neste Mundo, serão os mesmos que o irão elogiar e fazer quase honras de Estado é algo que só está ao alcance de alguns daqueles que são pre-destinados para fazer historia aqueles que abraçam causas, não me refiro a LFVs ou Valetins Loureiros refiro-me a um nivel quase inantigivel, aquele nivel de um Marcelo Caetano ou um Alvaro Cunhal ou um Sá Carneiro ou um Fernando Pessoa ou mesmo uma Amália Rodrigues ou um José Saramago ou seja aqueles que em vida foram muitas vezes hostilizados ignorados postos em causa até perseguidos mas que depois de Mortos passaram a ser idolaterados pelo sistema.
Ainda irei ver espero por daqui muitos anos aqueles que criticam Pinto da Costa e o tentam afastar elogia-lo idolatera-lo homenagia-lo quando este deixar de ser uma ameaça ao dito regime.

cumps

ha e sr. Rui Santos um clube de futebol não é um Pais ou um Estado não tem de ser democratico não tem de zelar por o bem estar das populações não existem ditadores em clubes de futebol existem dirigentes que fazem dos clubes de futebol maquinas ganhadoras ou maquinas de derrotas.....

A nossa politica..

Ao seu comentario resta-me acrescentar o meu ponto de vista como imigrante: Doentio, diria mesmo moribundo, e o estado a que chegou a nossa politica em Portugal, a nos que de tao longe acompanhamos o nosso "cantinho" custa-nos tanto,mesmo tanto ver como as economias dos nosoos paises de acolhimento se movimentam, com maior ou menor esforco, como a corrupacao embora existente nuca chega aos mesmos niveis, em que a justica funciona, e nao importa se o criminoso foi o CEO em Wall Street ou um simples modelo/turista que foi atraido por promessas, funciona, com rapidez e eficacia, se um politioc se candidata a um lugar mas o seu passado e meio escuro, esse candidato nuca sera eleito, se um politico se ve envolvido em qualquer escandalo , resigna, um CEO de uma companhia tem uma conduta impropria ou resigna ou sera forcado a faze-lo, amigo Rui, poderia estar aqui um dia todo a dar exemplos de paises de acolhimento que embora nao sejam perfeitos tentam melhorar o que de biom existe, tentam corrigir o que esta mal, a nos aqui de tao longe doi-nos muito ver o estado a que chegou o nosso tao querido Portugal.
Digo-lhe aind que uma das maiores lacunas em Portugal e o jornalismo de investigacao, estou seguro que o meu amigo sabera porque..

Politica

Excelente comentario, concordo ainda com a opiniao do amigo Jorge Mendes, somos um pais ao des-governo, mente-se descaradamente ao cidadao comum, a nossa justica nao passa de uma anedota, motivo de chacota por esse mundo fora, o deus-dara a que se chegou permite situacoes como como esta mais recente de policias envolvidos no negocio de droga/extorcoes e segurancas ilegais.
Somo um pais que me faz lembra uma cancao do saudoso Freddry Mercury " The great pretender", sim, nao passamos disso, temos o maior disto, o maior daquilo. Permitimos que uma classe politica sem o minimo pudor nos trate como um povo de terceira classe, protestamos, reclamamos mas continuamos a eleger os mesmos caciques. Amigo Rui, essa da economia paralela e um grande calcanhar de Aquiles, que os nossos actuais politicos nao teem competemcia ou nao querem resolver, custa milhares de milhoes por ano ao comum contribuiente..

Não há artigo que não mande

Não há artigo que não mande uma farpa ao Porto, Pinto da Costa. Porquê?

Futebol e Politica

amigo Rui, excelente e corajoso artigo, toca nos pontos essenciais, que levaram o Portugal politico/ futebol, à falencia e onde a economia é só para alguns ganharem 10% e os outros 90% pagarem e gostarem, os portugueses gostam de ser enganados, ninguem vai para a politica e para os grandes clubes para servir... vão para SE servirem e de que maneira, mas se a justiça, só é forte com os fracos e fraca com os fortes, não ha nada a fazer... Vivem 5 milhoes de portugueses na dependencia direta ou indireta do Estado, por isso não há independencia, nem massa critica, somos um povo de yess mens e aplaudimos os sem carater e mentirosos. abraço de admiração.

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