Quem ganha fortunas com a 'exclusão' do jogador português? | Relvado
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Cartão roxo: Os jogadores portugueses não são piores. As transferências de jogadores sul-american

Sub-título: 

Cartão roxo: os leitores perguntam

Caro Rui Santos,

A diferença de qualidade entre portugueses e jogadores estrangeiros é assim tão grande que leve os clubes a apostarem em tão poucos portugueses?

Pedro SD

 

A resposta de Rui Santos

Caro Pedro,

Houve tempos em que Portugal era conhecido no estrangeiro por causa de Eusébio; depois por causa de Luís Figo -- e mais recentemente por causa de Cristiano Ronaldo e, também, de José Mourinho.

Esta realidade significa que, não obstante outros importantes contributos noutras áreas de intervenção -- cultura, ciência, artes, etc. --, o futebol ocupa um lugar importante, neste caso para o bem e noutros casos para o mal, no que diz respeito à imagem de Portugal que exportamos à escala planetária.

Às vezes erradamente associa-se a dimensão territorial dos países, os seus índices demográficos e a riqueza ao nível do desempenho, designadamente no âmbito do desporto.

Alguma relação se pode estabelecer, mas as coisas não são exactamente assim. A ideia talvez tenha partido da realidade do Brasil, um dos maiores países do Mundo em extensão, com os seus mais de 190 milhões de habitantes, que exporta jogadores para todo o lado e assiste agora, em fase de crescimento económico, a um período de repatriamento de um número considerável de atletas, uma vez que alguns clubes locais já conseguem competir com o mercado a um nível que era impensável há um bom par de anos atrás.

Portugal, com os seus cerca de 90 000 quilómetros quadrados e 10,5 milhões de habitantes, foi duas vezes campeão do Mundo de sub-20 (1989 e 1991) e acaba de se sagrar vice-campeão mundial no mesmo escalão etário (2011), para além de ter coleccionado um conjunto significativo de êxitos com as chamadas Selecções Jovens, principalmente nas décadas de 80 e 90.

O jogador português sempre teve vocação e talento para o futebol. Com calendários competitivos (nacionais) que apelavam às goleadas, impostas pelos clubes de maior projecção, foram as Selecções Nacionais a contribuir, decisivamente, apoiando-se no trabalho dos Clubes e das Associações -- como não poderia deixar de ser -- para a mudança de paradigma.

O jogador jovem português competia pouco e não tinha ambição. O jovem jogador português passou a ser competitivo, sob o efeito de uma maior exigência nos treinos, nos jogos e no contacto internacional.

É assim que se explica a ‘transformação’ do jogador português. Levou décadas, mas nos últimos trinta anos, através dos atletas mais jovens, operou-se uma mudança de perfil. 

Isso foi suficiente para a emancipação do jogador português? 

Não foi. 

Porque a economia do futebol em Portugal é débil, e porque a nossa Liga não é atractiva, comparada com outras Ligas europeias. Na principal competição nacional, as assimetrias qualitativas são muitas e ainda não se impôs a regra de que os atletas, em todos os jogos, devem jogar no limite das suas capacidades, como acontece noutros campeonatos, embora haja suspeitas de que o ‘doping’ (não controlado) ainda possa estabelecer algumas diferenças. Tudo o resto é consequência, também, da facilidade com que os futebolistas extra-comunitários se instalam em Portugal. Este é o ponto. Para defender o seu futebol, dos clubes mais pobres para os menos pobres -- não se pode falar, nunca, de clubes ricos -- seria necessário concertar uma política de restrição da importação de jogadores estrangeiros. Condicionar e limitar o acesso. Não há nada que o impeça. É só a Liga querer e, a partir de agora, o papel da FPF, supostamente mais forte de acordo com o novo ordenamento jurídico,  pode ter um papel importante na conquista de espaço para os jogadores lusos, que começam a sentir forte concorrência a partir dos escalões mais baixos. É preciso inverter esta tendência, mas isso também depende muito dos dirigentes e treinadores.

Houve e há jogadores portugueses que se afirmaram em ambos os contextos (nacional e internacional), como foram e são os casos de Figo, Rui Costa, Paulo Sousa, Fernando Couto, Simão, Ricardo Carvalho, Bruno Alves, Bosingwa, Raul Meireles e Fábio Coentrão, por exemplo, e outros há em que a sua afirmação profissional se fez, acima de tudo, em emblemas estrangeiros. Neste âmbito, são evidentes os casos de Cristiano Ronaldo, Nani e ainda de Danny e até Hugo Almeida. Houve e ainda há casos em que o talento e o desempenho evidenciados em Portugal foram mais expressivos do que na condição de jogadores emigrados: Quaresma talvez seja a expressão máximo desse conjunto de atletas.

Para além das questões do lugar que Portugal ocupa na ‘economia do futebol’, há outros factores muito particulares que concorrem para o nosso País ser um caso muito especial, nomeadamente a posição dominante que o empresário Jorge Mendes conseguiu alcançar no mercado. Independentemente do currículo dos futebolistas, o ‘agente FIFA’ consegue, pela sua influência, colocar jogadores portugueses, de nível médio/alto, em clubes de diversos países. A sua influência junto de investidores que apostam em Fundos, com rentabilidade mais ou menos garantida, tem sido determinante. Em Espanha ou na Turquia, Jorge Mendes movimenta-se com grande à-vontade e com benefício para todos.

Para ‘ganhar dinheiro’, o jogador português tem hoje oportunidades que não tinha. É uma vantagem. Talvez por isso, em termos de classe, não se conheça aos futebolistas lusos uma posição nesta matéria. Sabem que há mecanismos que os levam a ganhar dinheiro, mesmo que joguem pouco em Portugal. Essa realidade contribui para um certo ‘deixa andar’. E a situação degrada-se.

A ideia de que há muita gente a ganhar dinheiro nas transferências -- e não apenas jogadores, treinadores e agentes -- talvez justifique a passividade do Estado e o silêncio cúmplice dos dirigentes.

Talvez não seja por acaso que, não obstante, inclusive, o apelo recente do Presidente da República, Cavaco Silva, não haja reacção.

Os jogadores portugueses não são piores. As transferências de jogadores sul-americanos, nomeadamente, é que fazem circular muito mais dinheiro.

Por que razão ninguém responde ao repto de se criar uma Casa das Transferências, com todos os movimentos das respectivas operações devidamente declarados registados? A resposta parece óbvia.
Rui Santos

(Rui Santos escreve de acordo com a grafia do português pré-acordo ortográfico)

Rui Santos. cartão roxo
Taxonomia: 
Rui Santos

Comem todos do mesmo!

' Com diz o jornalista Rui Santos: 'A ideia de que há muita gente a ganhar dinheiro nas transferências -- e não apenas jogadores, treinadores e agentes -- talvez justifique a passividade do Estado e o silêncio cúmplice dos dirigentes.' Exactamente....os porcos comem todos da mesma gamela.

.

Eu é que não ganho de certeza .

O Dedo na ferida, mas o meu

O Rui sabe quano vale um activo formado internamente? Da cantera? ZERO!!!!!

Um jogador qualquer Sul-Americano ou o que for, vale o valor do passe, mais a valorização no fundo de jogdores....

Capiche?

Não estou de acordo com a sua teoria

Porque a sua resposta não passa de uma teoria e com muitos equivicos, o que revela que o srº Rui Santos apesar de ser um jornalista desportivo , não consegue atingir os problemas do futebol em portugal , tenho duvidas que isto seja publicado , porque vái contra a sua presunção , que é a mesmo dos clubes não quererem a tál bolsa de tranferencia como o srº tanto reclama , Não vale a pena querer tapar o sol com a peneira , porque isso é que muita gente anda a fazer , não tapa mas dá lucro esse comportamento , se não vejamos .
De que tem servido o sporting apostar na formação , se a própria classe de dirigentes em portugal e os grupos económicos apostaram nos clubes que têem os jogadores estrangeiros, onde esta gente investe , não se sabe mas a venda de jogadores do porto e benfica nem todo o dinheiro vái para o cofre do clube porque se fosse o porto não devia um centimo é esta a verdade e o srº não a diz. , é mais fácil atacar um clube que jogou a liga dos campeões com o inter - barcelona -bayer - e foi goleado em alguns jogos mas não se defendeu o clube por apresentar 9 jogadores portugueses com a média de 22 anos numa competição destas , como quer que o clube sporting continue a apostar na formação , se não há uma defeza a 100 % do clube formador , se neste clube um jovem com 16 anos juvenil dá nas vistas , vem o m.u. ou barcelona , arranja trabalho para o pái ou mãe e lá vai o jogador , com a contapartida de uns miseros euros mas , eo trabalho desde os 8-9 anos até aos 16 quanto custa manter uma academia , para vir um agente e mál o jogador fáz um jogo nos séniores vem logo alguem com a velha história do moutinho ,,,, não me sinto bem quero ser campeão . só um clube desnorteado é que aposta na juventude em portuga ,, já vái tarde o sporting ter mudado de rumo , e não deviam de apostar nesta formação enquanto o clube formador não protegido a 1000 digo a 1.000 % , até aos 25 anos o jogador só sai pelo valor que o clube quizer , e depois de sair o clube terá sempre 25 % da sua futura venda , não o remanescente , porque isso é jogo fALSO ,, LOGO VIA QUE OS CLUBES APOSTAVAM NA FORMAÇÃO SEM MEDO ,, E NÃO VENHA COM A LIVRE CIRCULAÇÃO , porque a formação do atleta , é um bem do clube é como um cientista não pode usar os seus conhecimentos em prol da concorrencia como bem lhe apetece,, e agora aposto que isto não é publicado não merço resposta do srº rui santos obrigado

Conversa da treta

Gostaria de saber o nome de um único jogador português de grande qualidade que pudesse manter-se a jogar em Portugal ... parece que manter os jogadores portugueses em Portugal depende do Estado, ou do Jorge Mendes. Depende das melhores condições financeiras que eles têm lá fora, se um clube estrangeiro oferecer 100, nenhum jogador vai ficar em Portugal a ganhar 90.

POLÍTICA RESTRITIVA?

Porquê? Penso não ser necessário. Bastaria que os gestores/dirigentes deixassem de gastar os muitos milhões
que gastam e que não têm (veja-se os passivos) em jogadores estrangeiros e aí teríamos uma restrição sem
quaisquer sobressaltos...Melhores cumprimentos. Saudações desportivas e benfiquistas.

e então???

e então???

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