Será que se o Artur Moraes, guarda-redes do Benfica, continuar a jogar como tem jogado, e em boa forma, tem hipóteses de representar Brasil no Mundial ou ainda tem muito que melhorar?

Obrigado pelo tempo,

Combattuto

A resposta de Rui Santos

Respondendo à sua questão:

Um guarda-redes, aos 30 anos, já não muda. Pode corrigir um ou outro pormenor, de acordo com a sensibilidade dos técnicos e até em conformidade com a forma de jogar da equipa (mais dentro dos postes ou fora deles, consoante a defesa joga mais ou menos subida) mas, nessa fase da carreira, o que um guarda-redes ‘tem’ (de potencial e de trabalho) é o que ‘mostra’.

Artur foi contratado pelo Benfica para apagar a imagem deixada por Roberto. Para, em determinados momentos, evitar a perda de pontos. Quando um avançado parece estar em vantagem sobre o guarda-redes, a importância deste revela-se quando consegue reconverter a situação. Viu-se isso no jogo do Dragão. Isso só é possível com máxima concentração, agilidade, sentido posicional, tempo de saída da baliza, velocidade de execução, segurança, bom jogo de mãos e -- desde a década de 90 -- bom jogo de pés. Artur reúne todas estas qualidades e, acima de tudo, exterioriza a imagem de  ‘jogador compacto’ (forte mentalmente), que não abana com facilidade. 

Não é um guarda-redes ‘top mundial’, mas é claramente, no seu posto, um jogador muito acima da média.

Antes do Brasil-Gana, no começo do mês, o seleccionador Mano Menezes ‘abriu a porta’ da ‘canarinha’ a Artur Moraes, afirmando que o guarda-redes está a ser observado. Neste momento, Júlio César (Inter), com 32 anos; Fábio (Cruzeiro), 30 e Jefferson (Botafogo), 28 são os preferidos de Menezes, mas Artur ainda está a tempo de ser chamado à selecção brasileira, fundamentalmente se o Benfica fizer uma boa campanha na ‘Champions’.

Artur Moraes é um guarda-redes experiente, que conheceu em 2004, a representar o Cruzeiro, então com 23 anos, o seu ‘ano de ouro’, com 35 presenças na baliza como titular. O ano de 2005 não correu bem e, em 2006, foi emprestado ao Coritiba, onde jogou com regularidade, para ser então transferido para a Europa (Siena + Cesena). No Roma, em duas épocas, foi pouco utilizado, antes de rumar a Braga.

(Rui Santos escreve de acordo com a grafia do português pré-acordo ortográfico)