O modelar projecto desportivo do Vitória!

O Vitória de Guimarães é hoje um modelar e belo exemplo de gestão de um clube em Portugal. Um Vitória com excesso de recursos humanos, mas inversamente com escassez de recursos financeiros, provocados pela gestão danosa de Emílio Macedo.

Júlio Mendes, em 2012, toma posse como Presidente do Vitória, com esse Grande com maiúsculas à beira do caos financeiro. Em 2012/13 surge o ano 0 das Equipas B e o Vitória, desde então, alimenta o seu plantel principal na sua Equipa B, potencia esses jovens, e posteriormente rentabiliza financeiramente essas promessas.

Vejamos os jovens saídos da Equipa B do Vitória, e entretanto geradores de mais valias: Ricardo e Tiago Rodrigues, ambos vendidos por cerca de 4 M€; Paulo Oliveira, 2 M€; Hernani, 3 M€. Em 3 temporadas desportivas da B, aqueles 4 jovens geraram 9 M€ de encaixe, e alimentaram e reforçaram a equipa principal do Vitória, extraordinário!

Agora na calha está Bernard, que na última temporada estava no CNS e no Vitória B, pode gerar 6 M€. Josué, também ele oriundo da B, é cobiçado pelo Wolsburgo e pode garantir cerca de 2 M€ ao Vitória. Se somarmos os 9 M€ já encaixados nos 4 jovens anteriormente referidos, Bernard e Josué acrescentam cerca de 8 M€, totalizando 17 M€. Bom, se o Vitória tem um orçamento a rondar os 4M€/ano, estes 6 jovens trabalhados e preparados na B, só por si pagam 4 temporadas desportivas do Vitória!

Recordemos que nesse mesmo período, Baldé, Soudani, Maazou e Traoré foram valorizados, estes na equipa principal, e também geraram 6/7 M€. Em janeiro de 2015, a título de exemplo, o Vitória encaixou 3 M€ com a venda de Hernani, e 2 M€ com a venda de Traoré ao Basileia (tinha chegado da Austrália a custo 0). Isto é, o Vitória em 2 ativos fez um encaixe de 5 M€, e tem um orçamento anual de 4M€, é notável!

Naturalmente que este projeto B está bem alicerçado num trabalho conjunto equipa A e B, numa sintonia perfeita entre Rui Vitória e Armando Evangelista. Por exemplo, Bernard ou Hernani, na temporada passada, nunca foram opção, mas eram já convocados para a principal equipa, ambientando-se naturalmente, e sem pressões à promoção a equipa principal. De igual forma, na presente temporada, os médios João Pedro e Bruno Alves "espreitam", Alex Silva (filho do angolano Quinzinho) foi lançado alguns minutos no jogo com o Benfica, ou ainda o ponta de lança Areias, que já acumula alguns minutos na A, entre outros.

Neste projeto Rui Vitória é fundamental [NOTA: o artigo foi enviado pelo autor antes da saída de Rui Vitória para o Benfica], pois não tem qualquer pudor em reforçar-se e investir em jovens oriundos da B, mas sempre de forma equilibrada. Se recordarmos que nesta 3.ª temporada do Vitória B, a equipa principal alcança pela 2.ª vez a Liga Europa, facilmente se concluirá que este projeto desportivo do Vitória é modelar, infelizmente mais por necessidade do que por opção!

Provavelmente o Vitória quando sanear o passivo irá desprezar a formação, e voltará a investir no abismo, mera opinião pessoal. E porquê? Sobretudo pela pressão e grau de exigência da massa adepta Vitoriana, que nunca é racional (como quase todas), e se hoje há tempo e tolerância em Guimarães para sustentar este projeto, pelas necessidades financeiras e passivo herdado, este Vitória constantemente a superar as expectativas mais otimistas irá com certeza aumentar a exigência do sócio adepto Vitoriano, e ao elevar a fasquia desportiva e pressão não haverá tempo para os jovens, e assim abortará este projeto modelar!