Lembram-se de Luca Brasi?

A verdade desportiva em Portugal nunca existirá, ou pelo menos não se avista uma luz ao fundo do túnel. Neste particular, a época que recentemente acabou veio levantar uma nuvem de pó imensa em torno da arbitragem, sendo que a figura de Pinto da Costa apareceu como grande instigador.

Desde logo surge a figura de Pedro Proença, que o próprio Pinto da Costa viria a defender publicamente. É largamente aceite que Proença é um bom árbitro, como aliás se viu na final da Liga dos Campeões. Disso pouca gente parece duvidar. Assim, tudo leva a crer que quando erra, o faz propositadamente, como mais recente se viu no caso do FC Porto-Sporting.

Neste particular, dá a sensação que Pinto da Costa veio a reforçar a sua posição de poder sobre o futebol português durante a última época. Logo, as eleições da Federação Portuguesa de Futebol perfilaram-se como mais um golpe de mestre. Estando a arbitragem ligada diretamente à FPF, o controlo deste organismo é importantíssimo para regular o desenrolar dos acontecimentos. Os árbitros são instrumentos, que servem outros interesses, estão lá para regular o encadeamento das ocorrências, que mesmo usurpadas de verdade, se transformam em verdades absolutas.

A questão do erro humano já está gasta de tanto uso. A repetição das decisões favoráveis ao FC Porto, por parte do Proença, são premeditadas, quão premeditadas são as arbitragens do Bruno Paixão contra o Sporting e afins.

Luís Filipe Vieira apoiou “inequivocamente” a candidatura de Fernando Gomes à presidência da FPF. Godinho Lopes seguiu-lhe os passos. Enquanto Pinto da Costa permaneceu em silêncio, gozando do sucesso do seu ‘plano’. Alguém acredita que um ex-administrador da SAD do FC Porto teria virado as costas ao seu patrão?

Lembram-se de Luca Brasi? A personagem de Godfather I, que é enviado pelo chefe Corleone, para se fazer amigo da família rival, mostrando o seu descontentamento para com o seu patrão? Julgo que as semelhanças são por demais evidentes, com a situação das eleições da FPF, com a diferença que neste caso o golpe surtiu efeito e o peixe mordeu o isco.

A Pinto da Costa inveja-se a longevidade, é verdade que pôs o FC Porto no mapa do futebol nacional e internacional, mas a que custo? Este campeonato ficará na retina como o campeonato das greves dos árbitros e uma imensidão de erros de arbitragem, que só vêm estragar o que já é frágil – a qualidade dos espetáculos de futebol. Isto só faz com que as pessoas fiquem em casa e o nosso campeonato gere cada vez menos dinheiro. Toda a gente sabe o que se esconde por detrás dos resultados.

Mas está longe esta questão ser apenas portuguesa. Em Espanha, depois de sucessivos protestos do Barcelona contra a arbitragem, quando estavam a 10 pontos do Real Madrid, Rosell encontrou-se com Villar em Madrid, e a seguir a esse encontro os penaltis triplicaram, com casos escandalosos como contra o Levante, Málaga e Espanyol (isto sem falar nos jogos da Liga dos Campeões).

Todo o futebol está assim envolto num manto de suspeição, sendo que a UEFA e a FIFA têm vindo sucessivamente a ser postas em causa pelos amantes de futebol. Salva-se a Premier League e a Bundesliga para honrar o futebol.

É triste que amantes de futebol, como no fundo todos somos, percamos o nosso tempo a falar de arbitragens, quando poderíamos falar de táticas, jogadores e daquilo que realmente interessa no futebol. Não será certamente esta questão que irá apagar a nossa paixão por este desporto, até porque enquanto adeptos somos facilmente iludíveis.
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futebol é um desporto fantástico, e seria ainda mais fantástico sem a massa de dirigentes que neste momento empobrece os nossos clubes. O FC Porto ganharia sem Pintos da Costa, o Benfica ganharia sem Vieiras e o Sporting sem Cristóvãos e Godinhos. Acima dos clubes, ganharia o futebol português em geral e ganharíamos todos nós enquanto adeptos. (As recentes afirmações de Luis Felipe Scolari só vieram, mais uma vez, confirmar que o nosso futebol tem muitas nuvens negras. Esperemos que mesmo assim seja possível que Portugal faça um Euro digno da sua história.)