As inverdades sobre Vítor Pereira!

Aproveitando o momento em que finalmente alguém deu uma oportunidade mais que merecida a este treinador bi-campeão nacional, em dois anos ao comando duma equipa candidata ao título, faço este artigo para contrariar algumas inverdades que de tão repetidas se tornaram verdades mediáticas, que têm tanto de absolutas como de injustas.

1.ª inverdade: Não foi ele que ganhou o campeonato, foi Jesus que o perdeu. Nem sei como é que alguém aceita este argumento, porque por essa ordem de ideias ninguém ganhava com mérito. Imaginemos que o Benfica não perdia pontos contra o Estoril, também JJ não teria mérito, porque foi Vítor Pereira que perdeu pontos em casa contra o Olhanense. Depois, como é que alguém pode retirar mérito a Vítor Pereira, quando os pontos que ele fez nesse campeonato dariam para ganhar qualquer campeonato, considerado bem ganho por todos, de JJ; como é que alguém pode retirar mérito a um campeonato ganho sem derrotas, o terceiro da história do nosso campeonato; como é que alguém pode retirar mérito a um campeonato onde existem 90 pontos em disputa e que desses foram apenas perdidos 12? Dito assim, realmente parece um disparate, não é verdade?

2.ª inverdade: Vítor Pereira só sabe jogar um futebol monótono. Pois bem, como é que queriam que ele jogasse com maior espetacularidade com Moutinho, Lucho, James e Varela a dar jogo para o ponta de lança? Todos são excelentes jogadores, mas onde é que está aqui o homem que desequilibra pela velocidade, pelo arranque com bola controlada? Lembro ainda que as alternativas que ele tinha no banco eram putos, alguns a quererem ir embora, outros com problemas com empresários, e outros a precisarem de maturidade. Mesmo assim, quem deu mais espetáculo naquele empate na Luz por 2-2, em que Defour foi a alternativa a James? Não estou a dizer que ele tenha o futebol mais espetacular do mundo, mas com estes ovos, queriam que ele jogasse em transições rápidas?

3.ª inverdade: Não foi Vítor Pereira que ganhou, foi a estrutura que ganhou. Este é daqueles argumentos repetidos até à exaustão para ajudar a vender a ideia do célebre “o Porto só ganha pelos árbitros”, ou, no pólo oposto, da divindade da estrutura portista. Pois bem, Fonseca provou no ano seguinte a falência desses pensamentos. É certo que a estrutura ajuda, mas quando não se tem qualidade perde-se. Foi assim com Ivic na sua segunda passagem pelo Porto, foi assim com Del Neri que nem aqueceu o lugar, foi assim com Fernandez, foi assim com Quinito, foi assim com Fernando Santos dois anos seguidos, foi assim com Octávio Machado, e é sempre assim quando o treinador não é competente. A única coisa que se aceita é que, no Porto, se tens qualidade estás muito perto da vitória, agora, se não a tens, não ganhas nem no Porto nem em lado nenhum. Claro que existe sempre uma exceção que confirma a regra.

O homem pode ter começado mal no Porto, pode ter mostrado inicialmente que não estava preparado para a empreitada, mas no final de tudo mostrou uma força do tamanho do mundo, ao ganhar, e não a ganhar só uma vez, e não a ganhar a qualquer plantel, e não a ganhar a qualquer treinador. Ganhou por duas vezes seguidas, a um plantel com mais opções do que aquelas que tinha ao seu dispor, a um treinador como Jorge Jesus. Em conclusão, o futuro dirá o que ele vale, mas o que ele fez... fez!!!