Crónica: Porque ser boavisteiro... é ser MAIOR

Embora continuem a pairar elementos de preocupação no horizonte axadrezado, o certo é que, nesta primeira fase, se poderá dizer que foi contornado mais um desafio complexo e difícel, dos muitos com que o clube se confrontou ao longo de uma vida de bons serviços prestados à comunidade e ao país, coisa de que muitos, na sua sanha cega de condenação, se esqueceram.Acumulando um incontornável prestígío, tanto no país, como internacionalmente, o Boavista viu-se de supetão no limiar de um colapso não anunciado. Probabilidade que todos julgariam remota e imprevisível, mas que apareceu como uma realidade dolorosa. Então os adeptos uniram-se, procuraram soluções, tendo gerado uma nova liderança que, com novos protagonistas, foi capaz de encontrar saídas para o imediato da crise e tentar projectar a realidade competitiva do clube para o lugar que de direito próprio lhe assiste, conquistado durante esse trajecto histórico de sucessos e glórias, mas também de muitos sacrificios e desilusões várias, de forma a que o Boavista até consegue ser o 9º clube em assistências entre todos das Ligas Profissionais, Sagres e Vitalis.Confrontados com esse mar de dificuldades, os boavisteiros honraram a sua tradição de tolerância e dedicação ao clube, tendo dado prioridade ao que seria estratégico e fundamental, em detrimento do que teria sido fracturante e redutor. Fazendo juz aos que no passado das fraquezas teceram forças, promoveram o clube da situação nada exaltante em que conjunturalmente se encontrava para a ribalta de um caminho mais compaginável com os seus pergaminhos. Com uma visão realista do estado em que encontrou o clube, o actual presidente expressou a sua confiança num futuro bem melhor e conseguiu construir uma equipa, pujante de espiríto de corpo, dentro das parcas possibilidades. Os objectivos possíveis irão sendo gradativamente atingidos.Sem loucuras, sustentadamente, e com tempo, tudo voltará a ser como dantes. Primeiro a garantia de manutenção, depois o subir quando for possível e, porque não, a hipótese de ser campeão da Liga Vitalis. Se lá se irá chegar ou não, isso é coisa que ainda se verá. Mas não será sequer o essencial porque, fundamentalmente mesmo, é ter aferido este espírito de empenhamento e dedicação que perpassa pelo clube, esta aposta num futuro dum Boavista centenário, mas cada vez mais jovem, mais dinâmico e competitivo.O Boavista entrou numa nova era. Álvaro Braga Júnior pegou num projecto falido e em apenas 4 meses renovou a esperança de todos os boavisteiros, tanto no capítulo financeiro, pois já não se está com a corda tão apertada no pescoço como se esteve e os jogadores vivem um período de acalmia com todas as obrigações em dia, como no desportivo onde, embora longe das glórias passadas, tudo se conjuga para que possam retornar a mais ou menos curto prazo.Em pouco tempo o Boavista está a construir uma nova imagem. Foi-se o pesadelo e voltou o sonho de conquista. O espírito de vitória foi renovado. Álvaro Braga Júnior tenta o "milagre" da multiplicação dos euros. E paulativamente vai conseguindo. A credibilidade e o bom senso seguram as frágeis estacas que ainda suportam a estrutura de um clube em ruína, mas que lhe foge como "o diabo da cruz".O Boavista continua a lutar contra forças "misteriosas" de poder, e vai vencendo algumas batalhas, sabendo que a guerra ainda está longe do fim. Mas, como antiga glória, não desiste. A porta da esperança foi aberta e fica a sensação de que é fácil restituir o prestígio e a dignidade de um clube com mais de um século de história, sem necessitar de bajular ninguèm ou de se submeter aos mais altos interesses dos "donos" do futebol português.Os dirigentes do Boavista dão preferência a uma política de sustentabilidade que credibilize e ajude a resolver o futuro do clube. Falar em milagre ou factor "amor ao clube", falar em alma boavisteira, falar em fervor clubista, vai tudo dar ao mesmo, porque além desses dirigentes, foram todos os boavisteiros, sócios e adeptos, que se uniram, deram as mãos, choraram de raiva e dor, se sentiram injustiçados, e que assumiram o comando de um barco desgovernado onde a maioria dos tripulantes já eram residentes. Talvez porque... ser boavisteiro é ser MAIOR.Saudações axadrezadas.Chess