Para onde caminha o Boavista?

Estamos num timing em que nada é mais fácil que cascar naquele que lutou, cresceu, progrediu para fazer frente à hegemonia do futebol português. Aquele que surpreendeu tudo e todos. Aquele que fez juntar os grandes pela primeira vez na história do nosso futebol. Aquele que fez encher de orgulho -de forma ímpar- os seus seguidores. Para que conste, não foi o novo milénio que trouxe um novo Boavista. Foi bem antes disso. Quando se construiu, quando se enveredou pelo trabalho e rigor, pela mestria e sabedoria. A crise desportiva e financeira são evidentes. Mesmo assim, realço o facto de que nos três primeiros anos de ausência das provas eurpeias neste milénio, o objectivo esteve próximo, apesar de não conseguido. Em duas das vezes, eu diria mesmo que foi escamoteado ou impedido, com quiserem, da presença na Uefa. Aquele desafio em Guimarães, por exemplo, foi gritante... Não há que esconder a cara. Não há que virar as costas à luta. Estamos mal. Estamos longe do patamar que já atingimos, não só lá fora mas também em Portugal. Há que apoiar e acreditar. Há que trabalhar, ano a ano, objectivo a objectivo, anulando os sucessivos contratempos que vão surgindo de forma célere e definitiva. É complicado, aceito. É difícil para os associados acreditarem porque, numa primeira instância, se trata de futebol. Vive-se de resultados, de exibições. A forma fechada como a direcção conduz os destinos do clube não ajuda. As sucessivas notícias de dívidas, de incumprimentos contratuais, fazem temer o pior. Mas tal como noutras pretéritas situações, acredito que se demonstre que somos capazes de lutar e conseguir sobreviver. Usando uma frase conhecida, obviamente com mais lógica e razão de ser, lutaremos contra tudo e contra todos. Sue-se, sofra-se e vença-se. Irrealismo ou pura burrice da minha parte dirão uns. Aceito a crítica. Mas acredito.

Como é típico do bom português, quando fazemos alguma coisa boa na vida temos tendência em nos deslumbrar, fazendo-nos crer a nós próprios que somos os maiores e os melhores. De repente quando por uma qualquer contrariedade e caímos na real é que damos conta que afinal não somos assim tão bons como o que no nosso subconsciente julgava-mos ser. Provavelmente é o que está acontecer ao boavista, foi campeão teve boas participações na europa, reformulou o estádio, e agora está a pagar todas essas facturas. Como o boavista estão muitos portugueses.

De facto, o Marítimo tem um óptimo plantel. O Boavista, nem há palavras.

Tenho pena, mas acho que o Boavista vai de mal a pior. Acho que a unica forma de não cair na completa mediocridade, e por conseguinte no sobe e desce de divisão seria um grupo suficientemente forte que estivesse disponivel para investir no clube ou um multimilionario (especie de Abramovich) e que trouxesse uns milhões que possibilitassem uma restruturação do plantel e por conseguinte dessem mais matéria prima a Jaime Pacheco.

Se não se fizer nada urgente — porque ainda estamos a dar os primeiros passos —, no aspecto desportivo, caminhamos para o inevitável abismo. O Boavista já fez, mais ou menos, 10 jogos e não se vê nenhuma evolução técnica. Se os jogadores são excepcionais, como diz o treinador, então é o treinador que não presta. Se o treinador é bom, como garantem os amigos das jantaradas, então são os jogadores que não prestam! Quem já assistiu a alguns treinos tem uma noção de onde está a falta de qualidade. O jogo de ontem mostrou uma equipa débil a defender, sem meio-campo para defender e atacar e, como sempre, inexistente no ataque. O Marítimo jogou o suficiente para golear! As desculpas com a arbitragem só servem para tapar os olhos de quem apoiou a continuidade deste treinador! Estar a perder por 2-0 e tirar um defesa-esquerdo para lá meter um médio-avançado, tirar um médio-ofensivo e colocar lá um avançado (Fary) no lugar dele, é táctica de génio e mostra muito conhecimento da matéria! E assim vamos nós, apontando para baixo até bater no fundo! Lá diz o velho ditado: cada um se deitará na cama que fizer!

Podiam fazer um acordo qualquer de preferência em jogadores da formação boavisteira em troca de uma ajuda financeira do FCPorto. Para além do Boavista ter sido sempre um fornecedor de bons jogadores ao Porto, acho que é também do interesse do Porto que o Boavista se mantenha um clube que se imponha na liga Portuguesa e que seja uma força Portuense no futebol. E os clubes têm que unir forças, pois mal por mal, quando não é o Porto a ganhar o Campeonato ou a Taça, que seja o Boavista! Já foi a tristeza que foi quando perdemos o Salgueiros. O Porto e o Boavista deviam ter tido a responsabilidade de o terem ajudado. Agora com o Boavista a passar por um período menos bom, acho que não se deve cometer o mesmo erro de novo.