Madaíl convida juízes para mostrar que FPF nada esconde

O número dois do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto, onde se investigam alguns dos factos relacionados com o "Apito Dourado", integra a lista de Gilberto Madaíl à presidência da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Almeida Pereira é a proposta do actual líder da estrutura para o cargo de vice-presidente do Conselho de Justiça (CJ), Órgão para o qual é também escolhido João Ramos, magistrado do Ministério Público (MP) no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP). Confrontado com estas escolhas, Madaíl diz na Rádio Antena 1 que para «perceber melhor as coisas, é melhor estar por dentro» e que «a Federação nada tem para esconder».

Almeida Pereira poderá recuar

A notícia da inclusão de Almeida Pereira na lista de recandidatura de Madaíl é noticiada pelo jornal Público e neste diário o magistrado que acompanhou o julgamento do famigerado caso Guímaro refere que está «a meditar» se aceita ou não o convite de Madaíl. Perante as reacções à sua integração na lista é possível que venha a recusar integrar o CJ da FPF. Antes de haver certezas, o presidente da Federação trata de elogiar a coragem dos magistrados perante a potencial associação à estrutura que dirige o futebol português e estando o nosso desporto-rei tão abalado pelo "Apito Dourado". De resto o líder federativo justifica na Antena 1 os convites efectuados a Almeida Pereira e a João Ramos com a intenção de mostrar que na FPF «ninguém tem medo de nada» e que tudo decorre com transparência. Madaíl acrescenta que «deviam participar ainda mais magistrados e se possível todo o DIAP».
O Conselho Superior do MP (CSMP) aprovou recentemente uma proposta de alteração do Estatuto dos Magistrados Judiciais pretendendo impedir a participação de magistrados judiciais em órgãos da jurisdição desportiva. E Barradas Leitão, membro da Secção Disciplinar do CSMP, diz na Antena 1 que os actuais estatutos não impedem os magistrados de integrarem os Órgãos do futebol, desde que estes não recebam quaisquer contrapartidas financeiras, mas considera que do ponto de vista ético deve-se evitar essa inclusão. «Pessoalmente, acho altamente desaconselhável que, numa altura em que o MP está empenhado em investigar a corrupção no fenómeno desportivo, possa haver magistrados do MP a integrarem Órgãos de justiça de organismos do futebol profissional», nota Barradas Leitão.
Na lista de Madaíl, que é o único candidato ao sufrágio agendado para 6 de Janeiro de 2007, surgem ainda dois actuais arguidos do "Apito Dourado", concretamente Carlos Esteves e Francisco Costa, seleccionados para os cargos de presidente e vice-presidente do Conselho de Arbitragem (CA). Para a presidência do CA é escolhido Herculano Lima, juíz-conselheiro jubilado e ex-procurador-geral distrital do Porto.