Arbitragens e exibições

A última jornada da Liga Portuguesa pode ter-se revelado determinante no que à discussão do título nacional diz respeito. Numa luta agora a dois, a derrota do FC Porto e o triunfo do Benfica ampliaram para cinco pontos de diferença entre ambos na prova.

No centro da discussão está, como não podia deixar de ser, a arbitragem. Mas há algo que sempre me fez confusão nestas discussões, que é misturar exibições com arbitragens. Será que o facto de uma equipa jogar mal desculpabiliza, minimiza ou torna menos determinante os erros dos árbitros?

É verdade que quando se joga bem fica-se mais próximo da vitória. Mas não é menos verdade que há equipas que jogam mal e ganham jogos e outras que mesmo jogando muito bem não o conseguem fazer. Se uma equipa rubricar uma excelente exibição, coroada com dois golos, ambos anulados, e o jogo terminar 0-0 há bonificação-extra?

Vem isto a propósito do Gil Vicente-FC Porto e Feirense-Benfica. Diga-se, em abono da verdade, que portistas e benfiquistas estiveram longe de fazer as melhores exibições da época. Mas os erros clamorosos de arbitragem clivaram para cinco os pontos de diferença entre ambos. Pode dizer-se que o FC Porto não venceu por culpa própria mas, objetivamente, perdeu pontos por responsabilidade do trio do apito.

Outros jogos houve em que o FC Porto não jogou bem... mas venceu. Outros houve, até, em que foi beneficiado. Mas um erro compensa outro? Não quero, com isto, minimizar a consistente época que o líder Benfica está a fazer, mas será que entre o deve e o haver a verdade da pontuação seria esta?

Uma coisa é uma equipa consistente liderar com cinco pontos de avanço, outra é a mesma equipa fazê-lo com uma margem mais reduzida, ou em segundo ou terceiro lugares. Os contextos e pressão para encarar os jogos tornam-se completamente diferentes...