Afinal, há sumaríssimo para Derlei

Contrariamente ao que foi noticiado, a Comissão Disciplinar (CD) da Liga instaura afinal um processo sumaríssimo ao benfiquista Derlei. Em causa está a cotovelada desferida pelo avançado brasileiro no polaco Grzelak durante o Benfica-Boavista (0-0) da jornada 17 do campeonato. A estrutura propõe uma pena de dois jogos de suspensão e multa de mil euros para o ex-jogador do Dínamo de Moscovo, precisamente a mesma sanção que foi aplicada a Ricardo Quaresma na sequência da sua expulsão em Leiria. A CD resolveu de resto, no âmbito da reclamação dos portistas, manter o castigo de dois jogos a Quaresma.


Regulamentos justificam manutenção do castigo de Quaresma

No comunicado divulgado pela CD justifica-se a manutenção da sanção ao atleta portista com o facto de as situações de admoestação disciplinar com cartões amarelos ou vermelhos não poderem ser refutadas com base noutras provas que não o relatório da equipa de arbitragem. A defesa de Quaresma entendia que a infracção deveria ter sido analisada como jogo violento em vez de agressão, recorrendo às imagens televisivas e às declarações de Tixier para sustentar esta posição. Mas a CD deita por terra estas alegações, frisando que revelam um desconhecimento dos Regulamentos, pois neles se aponta que «o relatório arbitral beneficia de uma presunção inilidível de veracidade», isto é, o que lá for descrito não é passível de refutação por via de outras quaisquer factualidades. E o que foi escrito por Elmano Santos no relatório do jogo Leiria-Porto (1-0) é que Quaresma, «ao ser agarrado por um adversário, reagiu, atingindo-o com o cotovelo e a mão na cara», situação que na óptica da CD configura os pressupostos de uma agressão.
Relativamente às comparações efectuadas pelos portistas em relação ao castigo aplicado a Nuno Gomes, sancionado apenas em um jogo depois do Sporting-Benfica da jornada 14, a CD nota que o comportamento do avançado do Benfica não foi punido como agressão «porque a equipa de arbitragem não descreveu a sua conduta como "agressão», mas que ao invés apontou que o atleta «tinha feito um tackle por trás que colocou em causa a integridade física do adversário». Este é um «comportamento típico de "prática de jogo violento"», conclui a CD.

Lance de Derlei revela intencionalidade

Em relação ao sumaríssimo aberto a Derlei, a CD salienta que tem por base avaliar um «comportamento de excepcional relevância, perigoso para a integridade física de atleta e gravemente atentatório da ética desportiva». Notando que o lance entre Derlei e Grzelak não mereceu qualquer intervenção da equipa de arbitragem que «se encontrava noutro local do campo», aponta o comunicado da entidade, salienta-se no mesmo que a atitude do avançado revela «intencionalidade, uma vez que a protagoniza em momento do jogo em que não há qualquer disputa de bola entre os intervenientes».
Neste âmbito a CD trata de lembrar que nem em todas as situações de omissão dos árbitros cabe à estrutura agir disciplinarmente, evidenciando que só o deve fazer em «situações-limite», de extrema gravidade, conforme se considera o caso. Para a CD o comportamento de Derlei é particularmente «grave» por não estar em causa um processo de disputa de bola e por isso mesmo entende-se que «a intensidade do dolo é manifesta». Apesar disso, e tendo em conta que a pena para estes casos é de 1 a 5 jogos de suspensão, a CD propõe simplesmente 2 jogos de castigo a Derlei.