Sofrer. Sofrer muito. Sofrer até ao fim e empatar 3-3. Foi assim o jogo de Portugal com a Hungria, esta quarta-feira, que classificou a Seleção para os oitavos de final do Euro 2016. A equipa de todos nós, que chegou a França com a aura de favorita, terminou o acessível Grupo F em terceiro lugar, atrás das quase desconhecidas Hungria e Islândia, vai defrontar a Croácia no sábado e precisa de jogar mais – muito mais – para seguir em frente.

Os resultados dos outros grupos tinham ditado que bastava um empate para os jogadores de Fernando Santos seguirem em frente. As estranhas regras mostravam também que, teoricamente, era melhor um terceiro lugar do que um segundo, pois assim se evitaria defrontar os proclamados “tubarões”. Assim aconteceu – mas a Croácia, que ontem pôs fim a um ciclo de 12 anos sem derrotas de Espanha, não é, seguramente, mais fácil do que a Inglaterra. A ver vamos.

O jogo foi eletrizante, não pela qualidade, mas pela capacidade que Portugal teve de recuperar por três vezes de um resultado negativo. Fernando Santos quase não mexeu na equipa, o que muitos apelidam de teimosia e outros de apenas conservadorismo.

As coisas começaram a correr mal logo aos 20 minutos. Gera aproveitou um mau alívio de Nani para rematar de fora da área e bater pela primeira vez um desconsolado Rui Patrício. Temeu-se o pior, mas a equipa nacional assenhoreou-se do jogo e empurrou os húngaros para a sua defensiva. A eficácia, essa, andava arredada e foi preciso um grande golo de Nani, aos 42 minutos, para dar alento aos portugueses. A assistência foi de Cristiano Ronaldo, como que a anunciar a grande segunda parte que iria fazer.

O segundo tempo começou com mais um golo da Hungria. Dzsudzsák marcou de livre direto aos 47’, com a bola a desviar na barreira. mais um balde de água fria e Portugal de novo a precisar de correr atrás do prejuízo. Com uma diferença: Renato Sanches tinha entrado para o lugar de João Moutinho e o ritmo do meio campo português aumentou de forma decisiva.

Depois apareceu Cristiano Ronaldo. Aos 50 minutos, João Mário cruzou e o capitão marcou de calcanhar – um dos melhores, senão o melhor, golo do Europeu. A Seleção estava empolgada, parecia que iria partir para uma vitória, mas os erros do meio campo pagam-se caros. Os húngaros passavam pelos portugueses como faca por manteiga e conquistaram mais um livre direto, aos 55’ - Dzsudzsák bisou, com a bola a ser desviada por Nani. Cristiano Ronaldo voltou a empatar, aos 62’, de cabeça, a cruzamento de Quaresma (que entrou para ao lugar de um desastrado André Gomes), fez o 3-3, e o jogo acalmou um pouco.

As duas equipas pareciam satisfeitas. A 10 minutos do fim, Fernando Santos tirou Nani e lançou Renato Sanches, sinal de que o empate não era mau para o selecionador. E assim foi.

No outro jogo do grupo, a Islândia bateu a Áustria por 2-1, com o golo da vitória a surgir ao quarto minuto de compensações. Um resultado que colocou os sensacionais islandeses em segundo no grupo.

Equipas:

Portugal – Rui Patrício; Vieirinha, Pepe, Ricardo Carvalho e Eliseu; William Carvalho; João Mário, João Moutinho (Renato Sanches, 46’) e André Gomes (Quaresma, 61’); Nani (Danilo, 81’) e Cristiano Ronaldo.

Hungria – Kiraly; Lang, Juhasz, Guzmics e Korhut; Pinter e Elek; Lovrencsics (Stieber, 83’), Gera (Bese, 46’) e Dzsudzsak; Szalai (Nemeth, 71’).