Hong Kong e a nova Guerra FriaAs manifestações de contra o governo estão a atingir níveis de intensidade que poucos esperariam. |
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26 de Agosto de 2019, às 15:08 |
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As manifestações de Hong Kong, contra o governo da região administrativa e o próprio governo chinês, estão a atingir níveis de intensidade que poucos esperariam. Nunca tendo sido um foco de instabilidade política, Hong Kong vem acrescentar-se ao conjunto de problemas que agravam a imprevisibilidade da política internacional dos nossos dias. É também mais um dos episódios da nova Guerra Fria entre a China e os Estados Unidos, que envolvem uma guerra comercial em grande escala, uma guerra dos mercados cambiais e de divisas (com a desvalorização do yuan, a moeda chinesa) e uma crescente confrontação geopolítica.
A fronteira Ocidente-Oriente
No momento em que este artigo é redigido, teme-se uma nova Tiananmen. O governo chinês apresentou uma clara demonstração de força, ao concentrar tropas junto à fronteira da sua região administrativa.
Além disso, Pequim demonstrou que enquadra este problema interno numa ótica de confronto com o Ocidente. De forma claramente simbólica (escolhendo o seu embaixador na Rússia, um aliado cada vez mais próximo), o governo chinês transmitiu uma mensagem simples e clara: “Hong Kong não é território americano, nem britânico”. O apelo ao nacionalismo e à memória das humilhações do século XIX e início do século XX cala bem fundo na psique chinesa. É também um poderoso exercício de afirmação externa.
Os riscos para Pequim
A autonomia de Hong Kong foi preservada (desde a sua devolução à China, em 1997) numa perspetiva de conservar a “galinha dos ovos de ouro”: uma poderosa praça financeira do capitalismo internacional que permitia ao regime de Pequim o acesso aos mercados. Tem sido um elemento importante no crescimento económico da China nas últimas décadas, embora hoje seja menos essencial.
Uma intervenção militar acarretaria a perda da confiança internacional e, muito possivelmente, o fim de Hong Kong enquanto praça financeira. Os custos económicos e políticos seriam elevados. E só isso, seguramente, tem impedido uma intervenção tão rápida e musculada como a que aconteceu na capital chinesa em 1989.
Instabilidade
Para o resto do mundo, os problemas de Hong Kong representam mais um fator de instabilidade. Desde a subida ao poder de Deng Xiaoping, em 1978, e a reorientação estratégica em direção ao desenvolvimento industrial assente nas exportações, a política externa chinesa tem-se pautado pela estabilidade.
O país tem perseguindo ativamente os seus interesses, destacando-se a “nova rota da seda” (uma rota comercial ligando a China à Europa pela Ásia central) e o estabelecimento de acordos “leoninos” com um grande número de países (o investimento na EDP é politicamente suave, comparado com algumas situações na Ásia). E a estabilidade é uma referência: os Chineses atuam com indiferença perante conflitos alheios (Iraque, etc.) e com firmeza na sua área de influência direta (Coreia do Norte). Nem sequer se mostraram dispostos a reverter a situação de Taiwan pela força – embora não poupem esforços para deixar a sua ilha rebelde cada vez mais isolada politicamente. A nível interno, passado o “susto” de Tiananmen, a estabilidade não mais foi posta em causa.
A guerra comercial movida pelo presidente Trump tem vindo a criar ondas de choque a nível internacional e dificuldades à economia chinesa. A curva de juros dos Estados Unidos tornou-se negativa, o que é historicamente (desde a Segunda Guerra Mundial) interpretado como sinal de uma recessão a caminho. Não se sabe como irá a China reagir (mais) a estes diferentes desafios, inéditos na sua histórica recente. E essa imprevisibilidade é um dos elementos da ordem política e económica mundial da atualidade.
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