Dias da Cunha: Valentim e Pinto da Costa são o Sistema

VERDADEIRO PODER É A ARBITRAGEM
O presidente dos leões refere-se aos jogos da primeira Volta contra Moreirense e Marítimo, alegando ainda que «o FC Porto foi beneficiado».
E para ilustrar os tentáculos do Sistema, Dias da Cunha conta um episódio alegadamente passado com um presidente da Superliga que terá revelado numa televisão que preferia que o Sporting fosse campeão e que terá depois disso sido ameaçado com futuras dificuldades na obtenção de jogadores emprestados.
Ainda no esmiuçar das tais relações de cumplicidade alegadamente existentes, Dias da Cunha prossegue constatando que o «verdadeiro poder no futebol é a arbitragem». Referindo-se à carreira dos homens do apito, o dirigente realça que «os senhores árbitros sabem que ser bem ou mal avaliado depende da observação que lhes seja feita» e como «quem designa observadores e juízes é o mesmo organismo», não será difícil encontrar os compadrios, segundo o presidente leonino.
Nesta perspectiva Dias da Cunha defende que a arbitragem deve sair da Liga de Clubes para ser dirigida por um organismo autónomo e nunca pela Federação. É que «o Sistema influencia também a Federação», alega.
Neste sentido frisa gostar da «enorme independência em relação aos clubes» de Scolari, realçando que «o Sistema estava habituado a pressionar o seleccionador».

HÁ CORRUPÇÃO E DINHEIROS SUJOS NO FUTEBOL
Considerando que «o futebol português não está sereno há muito tempo» e que as «guerras» não são apenas de agora, Dias da Cunha diz ainda que «há corrupção e dinheiros sujos» no domínio do desporto-rei. Dinheiros esses que «entram porque é permitida uma contabilidade criativa», alega o presidente do Sporting, notando de forma evasiva que os mesmos provêm do «imobiliário, [e de] concursos públicos para obras nas autarquias». Sem querer concretizar, o dirigente justifica que «o [seu] papel não é denunciar», mas desafia as autoridades sublinhando que as «suspeitas merecem investigação».
No âmbito desta área, Dias da Cunha frisa que o Sporting já apresentou uma proposta ao governo onde preconiza a criação de um Plano Nacional de Contabilidade para os clubes de modo a que «haja um padrão único, com definição exacta das realidades que estão por detrás do futebol». O líder leonino refere ainda que é importante que «as contas dos clubes [sejam] vistas por uma única entidade».

PINTO DA COSTA PODE SER ENCANTADOR
Voltando ao conflito recente entre FC Porto e Sporting o dirigente alega que as relações entre os dois clubes «não chegaram a ruptura nenhuma», e que houve antes uma ruptura com Pinto da Costa, sublinhando que «as pessoas julgam que são tudo e não são». Dias da Cunha distingue assim o clube portista e os seus simpatizantes e sócios do presidente das Antas. Em claro tom de animosidade para com o homólogo azul e branco, e apesar do sorriso sempre estampado no rosto, Dias da Cunha diz que Pinto da Costa «tem duas facetas: pode ser encantador e quando quer pode ser de uma dureza que ultrapassa os limites da boa educação».
No âmbito dos incidentes ocorridos após o Sporting-Porto da Jornada 20 o presidente leão assegura que o clube tem «todas» as provas do famigerado episódio da camisola rasgada, notando que «há imagens que sustentarão quer o processo disciplinar, quer o processo penal» movidos contra o treinador e o presidente do FC Porto. Relativamente às suas declarações em virtude da polémica dos bilhetes – acusou as autoridades de «baixarem as calças ao FC Porto -, Dias da Cunha constata que «não podia permitir que a cedência do Sporting à exigência dos responsáveis da segurança pudesse parecer uma cedência ao Senhor Jorge Nuno Pinto da Costa».

VERDADEIRAS COLECTIVIDADES NACIONAIS SÃO BENFICA E SPORTING
Na mesma entrevista o dirigente de Alvalade recusa a ideia de uma aliança em perspectiva com o Benfica e contra o Porto, frisando apenas que foi a morte de Miklos Fehér que motivou o enterrar do machado de guerra. «Não esquecer naquela hora divergências não está nos valores que cultivamos no Sporting», justifica o presidente.
Apesar disso, Dias da Cunha não enjeita uma crítica aos encarnados, mencionando o nome do clube da Luz quando concorda com a entrevistadora que o governo tem medo do futebol. Mas é notório que o ódio presente vai todo para o rival do norte, afiançando o líder leão que «as duas verdadeiras colectividades nacionais são o Benfica e o Sporting». O dirigente divulga ainda que, segundo um estudo efectuado pelo clube de Alvalade, os sócios encarnados estão muito longe dos seis milhões apregoados e que os leões têm um número aproximado de associados relativamente ao Benfica. Quanto ao FC Porto tem «muito menos» afiliados, alega.
Dias da Cunha revela-se por fim disposto a assistir ao Benfica-Porto na Luz, se para tal for convidado, e confessa que «desej[a] que o Benfica ganhe».