Sporting-Moreirense: suplentes da II Liga calaram Alvalade (crónica)

Um Sporting em crise de confiança registou esta quinta-feira mais um resultado negativo, desta vez para a Taça da Liga. Com a agravante de ter empatado com um adversário de um escalão inferior, que jogava sem muitos titulares, e de o jogo ter acontecido em Alvalade. O 1-1 final obriga os leões a vencerem o Gil Vicente, na última jornada da fase de grupos, para poder seguir para as meias-finais. Mas terá de ser forçosamente um Sporting muito melhor que o de hoje. Melhor na defesa, melhor no meio-campo, melhor no ataque.

O início do jogo não deu indicações sobre o que se viria a passar. É certo que a equipa de Domingos Paciência não entrou de forma fulgurante no jogo, mas durante os primeiros 25 minutos quase só deu Sporting. Capel e Carrillo, bem servidos por Elias e Schaars, davam trabalho à equipa do Moreirense, que nesse período inicial pouco mais fez do que tapar os caminhos da baliza, e nem sempre da melhor forma.

Pouco a pouco, contudo, os leões foram perdendo gás. A natural falta de rotinas de Ribas na frente era notória e sem uma referência na área o jogo dos leões perde objetividade. A primeira grande oportunidade de golo aconteceu para os visitantes, aos 27 minutos: Ghilas rematou ao lado e assustou – e muitas mais vezes o iria fazer.

Na resposta, surgiu o 1-0, um pouco contra a corrente de jogo. Capel aproveitou a atrapalhação da defensiva de Moreira de Cónegos e marcou um golo fácil. O espanhol estava em posição de fora de jogo, mas a bola chegou-lhe de um adversário – golo legal.

Ghilas: este não engana, é de I Liga

Acreditou-se que o mais difícil estava feito e que a partir do 1-0 os leões teriam mais espaços para ampliar a vantagem. Mas o Moreirense não pensou assim e empatou a partida aos 35 minutos, no melhor momento do jogo: Ghilas, possante avançado francês que na época passada jogava no Vizela, da II Divisão, concluiu de forma brilhante uma jogada rapidíssima que começou no guarda-redes Ricardo Ribeiro. Um golo que vale a pena rever na televisão.

O Sporting sentiu o golo e em duas situações, aos 37 e 41 minutos, poderia ter ficado em desvantagem. Valeu a falta de pontaria de Luís Pinto e Ghilas, porque a defesa leonina tremeu por todos os lados, como tem vindo a acontecer nos últimos jogos.

Domingos mudou a estrutura da equipa ao intervalo: trocou Carriço e Ribas por Matías Fernandez e Bojinov. O Sporting reentrou como tinha entrado: pressionante, rápido, em busca do golo. E o Moreirense fez exatamente o mesmo que na etapa inicial: deu 25 minutos aos leões, preocupando-se apenas em defender. Desta vez melhor, não dando chances de golo aos anfitriões.

Perante a inoperância dos seus homens mais avançados, o treinador do Sporting voltou a recorrer ao banco. Lançou Jeffrén e tirou Carrillo, que tinha desaparecido. E o espanhol, finalmente a cem por cento, entrou muito bem, mexendo na dinâmica ofensiva da equipa.

A entrada de Jeffrén coincidiu, por outro lado, com o regresso do Moreirense ao jogo. Ghilas, aos 73 minutos, com um remate perigoso, voltou a mostrar que tem lugar na maioria das equipas da Liga Zon Sagres. Moralizados, e conscientes de que o adversário passava por dificuldades sempre que a bola se aproximava da área de Marcelo, os homens de Jorge Casquilha voltaram a acreditar que podiam vencer o jogo e tornaram-se mais perigosos.

Bojinov, persona non grata

Até que aconteceu o golpe de teatro, já passavam dois minutos dos 90. Jeffrén, sempre ele, conseguiu passar por Augusto e foi derrubado na grande área. Grande penalidade indiscutível, que Matías se aproximou para marcar… sendo afastado de forma ríspida por Bojinov. O búlgaro, que nada de positivo tinha feito no jogo, falhou e ouviu um monumental coro de assobios. Terá mais oportunidades em Alvalade? Mérito para o guarda-redes do Moreirense: Ricardo adivinhou o lado e lançou-se de forma perfeita.

O mesmo Ricardo foi elevado ao estatuto de herói do jogo no lance final da partida, um pontapé de canto, ao negar com o pé o golo a Jeffrén. Estava consumado o empate. E resultado mais justo não poderia haver.