Sporting: as armas dos candidatos (DOSSIÊ)

A corrida à presidência do Sporting entra agora na sua fase mais explosiva. Depois de uma semana horrível para o leão, pois despediu-se de todos os objectivos que lhe restava - ténue hipótese de lutar pelo segundo lugar, Liga Europa e Taça da Liga - a tese da não desestabilização da equipa de futebol irá certamente perder força.

E os seis candidatos confirmados irão lançar todos os seus trunfos e tecer críticas aos opositores. Godinho Lopes, Pedro Baltazar, Dias Ferreira, Bruno de Carvalho, Sérgio Abrantes Mendes e Zeferino Boal prometem uma luta intensa até 26 de Março, o dia da decisão.

Godinho Lopes

Cinco das listas são de clara ruptura. A que é liderada por Godinho Lopes acaba por ser um misto entre elementos que estiveram no Sporting nas últimas direcções (o líder, Nobre Guedes e Rogério Alves), misturada com sangue novo e com o regresso de dois nomes que deixaram saudades entre os adeptos. Neste último caso estamos a falar de Luís Duque (era o homem-forte do futebol quando o clube quebrou o jejum de 18 anos sem títulos em 1999/2000) e Carlos Freitas (antigo gestor de activos e administrador, principal responsável pela aquisição de jogadores).

 A lista liderada pelo antigo vice-presidente de Dias da Cunha já foi apelidada de 'Dream Team'. Para além dos nomes já citados, dela fazem ainda parte Carlos Barbosa, presidente do ACP e que em caso de vitória ficará com o pelouro do marketing ou ainda Paulo Pereira Cristóvão, candidato derrotado nas últimas eleições e que seria dono da pasta do património. Em vez de 'Dream Team', Carlos Barbosa prefere que esta lista seja chamada de 'green team".

Godinho Lopes, o "pai" do novo Estádio José Alvalade, que já prometeu 100 milhões de euros da banca, não concorda que a sua lista seja de continuidade. "Não sei porque dizem isso. Nobre Guedes é o único membro que pertenceu aos últimos órgãos sociais. Temos seis jovens e até uma mulher [Daisy Ülrich, filha do banqueiro Fernando Ülrich, presidente do BPI]. Só se for continuidade vencedora, pois lembro que eu estava no clube na altura dos dois últimos títulos nacionais conquistados", frisou em entrevista colectiva, frisando que já não desempenha qualquer cargo no Sporting há oito anos.

Até ao momento, Godinho não avançou com nomes concretos para o plantel e equipa técnica. Mas mostra ambição - "a solução ideal para treinador seria uma mistura entre Guardiola e Mourinho e tenho a certeza que voltaremos a ser campeões no meu mandato". Por outro lado, promete uma aposta forte na formação. "Até Moutinho e Simão poderão voltar. Conhecem a parábola do filho pródigo? Não se mata a história!", atirou.

Pedro Baltazar

O antigo administrador e accionista de referência da SAD do Sporting foi o penúltimo a confirmar-se como candidato. Mas já revelou que o seu treinador será Zico. O técnico brasileiro confirmou contactos e confessou que gostaria de trabalhar no clube do coração do seu pai, que é português. A acompanhar o 'Maldini do Sporting' (é a alcunha de Baltazar por ser de facto muito parecido com o ex-jogador) estão os nomes de Santana Lopes, como presidente da Assembleia Geral, Tomás Froes, Nuno Fernandes Thomaz e Luís Dória Cortesão. E o cirurgião Eduardo Barroso é um forte apoiante e também poderá assumir um cargo não executivo.

Pedro Baltazar, líder da agência Nova Expressão, chegou a ser o maior investidor privado da SAD leonina, ao deter 11,6 por cento das acções. Em 2008 foi cooptado para o cargo de administrador não executivo. Mas em Dezembro de 2010, alienou as suas acções.

O Sporting foi "obrigado" a comprar as acções de Baltazar, de modo a que a reestruturação financeira fosse uma realidade. A verba foi assegurada pelo BES e BCP, credores do Sporting. Pedro Baltazar explicou a saída da sociedade ao fim de 13 anos com o facto de "não haver um processo sólido de sustentação para vitórias desportivas".

Dias Ferreira

O presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Sporting na direcção de José Eduardo Bettencourt entrou em força e foi o primeiro a avançar com nomes concretos. O seu primeiro trunfo foi Paulo Futre, para o cargo de director do futebol. Uma opção que o próprio considera "arriscada" pois muitos sócios do clube nunca esqueceram duas "traições" cometidas pelo antigo extremo-esquerdo: a saída para o FC Porto, com apenas 18 anos, e a vinda para o Benfica a meio da temporada 1992/93, depois de ter dito que o seu coração era verde e branco.

"O Sporting precisa de liderança, alma e competência”, foi a primeira grande mensagem transmitida por Dias Ferreira, num vídeo que disponibilizou nas redes sociais Facebook, Twitter e Youtube. “É preciso devolver ao Sporting a alegria das vitórias. Para isso é preciso devolver o clube aos sócios e romper definitivamente com o passado recente", afirmou.

Por outro lado, Dias Ferreira já revelou que o seu técnico está escolhido. "Nunca trabalhou em Portugal, mas conhece bem o futebol português e fala três línguas", revelou. Trata-se de Frank Rijkaard, ex-técnico do Barcelona, que confirmou estar "entusiasmado com o projecto de Dias Ferreira e Paulo Futre".

Sérgio Abrantes Mendes

Agora parece que é a sério. Sérgio Abrantes Mendes vai levar a candidatura à presidência do Sporting até ao fim, depois de ter desistido em 2006, contra Filipe Soares Franco. O juíz já fez parte de uma direcção do clube, nos tempos conturbados de Jorge Gonçalves, no final da década de 80.

Abrantes Mendes assume-se como o "candidato da credibilidade". E justificou a sua opção da seguinte forma: "Depois de ponderar muito tempo, entendi que não podia ficar inactivo perante a situação em que o meu clube está a mergulhar. Luto por aquilo em que acredito, não me revejo em qualquer das outras candidaturas e estou farto que façam troça do Sporting, que está a caminho da belenização", afirmou.

Ainda não são conhecidos os nomes que irão acompanhar o antigo presidente da Mesa da Assembleia-Geral dos leões, além de Carlos Lopes. A lista definitiva sera apresentada muito em breve. Mas Abrantes Mendes preconiza "uma ruptura com o passado e a entrada de sangue fresco".

Bruno de Carvalho

O empresário, presidente da Fundação Aragão Pinto foi o primeiro a assumir-se como candidato. Prometeu um fundo de 50 milhões de euros "formado com os passes dos jogadores do clube". O seu lema é "Por um Sporting sem complexos", Propõe a redução do plantel, dos actuais 26 para 20 jogadores, e a criação de uma equipa B "para conter os custos", lembrando que o passivo do grupo Sporting ronda os 300 milhões de euros.

O homem forte para o futebol é Augusto Inácio e a sua direcção tem quatro vices: futebol, comunicação e relações públicas, modalidades e finanças. Entretanto, Bruno de Carvalho já lançou duras críticas a Godinho Lopes. "Há alguns que se apresentam trunfos que serão duques, no máximo. Mas os nossos são ases!", referiu.

Promete anunciar o nome do treinador para breve e "uma grande equipa de futebol, para que o clube atinja entre 150 mil a 200 mil sócios pagantes".

Zeferino Boal

Este consultor de 48 anos e reformado da Força Aérea já pertenceu a direcções do Sporting, no tempo de Jorge Gonçalves e Sousa Cintra, ocupando um cargo pouco mediático relacionado com os núcleos. E foi um dos fundadores da Juventude Leonina, a mais antiga claque portuguesa. Uma das suas promessas, no mínimo original, é... sentar-se no banco dos suplentes, "não só na qualidade de presidente do Sporting, mas também de sócio da Associação Portuguesa de Árbitros".

O seu treinador já está escolhido: o experiente Manuel José, de 64 anos, actualmente a trabalhar no Al Ahly (Egipto). "O Sporting vive uma situação extremamente negativa, que tem vindo a agravar-se. Há 15 anos, os activos superavam o passivo, situação oposta à dos dias de hoje. Por isso, constituo-me como alternativa", afirmou.

(Notícia actualizada)