Paulo Bento: Prestação no Mundial 2010 foi "normal"

Paulo Bento, na entrevista que concedeu esta noite à Sport TV, falou sobre o passado, o presente e o futuro da equipa nacional e da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

Seguindo uma ordem cronológica, um dos temas abordados centrou-se nos antigos selecionadores, sobretudo Luiz Felipe Scolari.

"Somos um povo que complica as coisas. Preferem a estabilidade mas quando há estabilidade (caso de Scolari), querem a mudança. Scolari foi um treinador extraordinário, às vezes somos mais exigentes com uns do que com outros", afirmou o selecionador nacional.

A prestação no Europeu 2004 foi "excecional", segundo o técnico; já os dois últimos percursos - quartos de final no Euro'08 e oitavos de final no Mundial do ano passado - foram "prestações normais" e, por isso, Paulo Bento confessou que não esperava ser chamado para o lugar de Carlos Queiroz.

A confiança nos jogadores

Depois de começar a comandar a seleção, o ex-jogador notou "várias diferenças" entre ser treinador de um clube e de uma seleção nacional: "E um trabalho diferente, há menos tempo para preparar a equipa, mas estou perfeitamente adaptado".

"As ideias e conceção não mudam, ser selecionador é acima de tudo um cargo desportivo", acrescentou, antes de falar sobre os métodos de treino e a relação de confiança com os jogadores.

"O meu princípio é que há máxima liberdade e máxima responsabilidade. Não ando a vigiar os jogadores, não sou polícia de ninguém. O que lhes digo é: existem regras, cumpram-nas e ficamos satisfeitos da vida", revelou Paulo Bento.

O timoneiro da seleção defende a ideia de que "um líder tem que dar sempre a cara" e por isso avisou que iria assumir a total responsabilidade em caso de derrota com a Bósnia, sentindo que tem o "apoio e empenho necessários" para o desempenho das suas funções, tal como teve no Sporting, afirmou.

FCP não é hipótese

Paulo Bento quer ter o seu futuro resolvido antes do próximo Europeu porque "é o mais lógico para as duas partes" e salientou: "O meu empenho será sempre o mesmo independentemente do tempo de contrato".

Questionado sobre a possibilidade de se imaginar com contrato assinado com um clube antes da prova, o técnico respondeu: "Não imagino cenários, não sabemos o que pode acontecer".

Em relação à possibilidade de orientar o FC Porto, Paulo Bento voltou a desvalorizar os rumores sobre essa situação e reforçou: "Não faz qualquer sentido".

Elogios a Gilberto Madaíl

O futuro da seleção está também diretamente relacionado com o futuro da FPF. Paulo Bento disse que deseja que, quem for eleito a 10 de dezembro, "que tente fazer o melhor pelo futebol português".

E há um objetivo que o treinador gostaria de ver realizado: "Um local próprio para a seleção para treinar, um sítio onde os jogadores sentissem identidade, é algo que faz falta à seleção e à FPF".

O ainda presidente da entidade, Gilberto Madaíl, recebeu elogios por parte do técnico: "Este percurso desportivo nos últimos 15 anos trouxe maior capacidade financeira à FPF e certamente o seu presidente terá o seu mérito, mas com muita gente envolvida e sobretudo com grupos de jogadores de grande qualidade, comandados por equipas técnicas muito capazes".

"O futebol português tem agora maior prestígio", continuou Paulo Bento, antes de deixar palavras sobre Carlos Godinho: "Ajudou-me muito, é alguém extremamente competente", atirou, sem revelar se gostaria de manter algum elemento da direção da FPF.

Num voto final para o Europeu 2012: "Temos que ser otimistas, temos uma boa organização de equipa... Mas não somos favoritos".