Crónica: Portugal ou a falta de identidade

Neste momento, há treinadores de futebol que transmitem identidade a uma equipa e isso passa pela identificação que existe entre a mentalidade de um técnico transposta para o plano de jogo através dos jogadores que apreendem a mensagem e se sentem estimulados por ela. Mourinho, Guardiola, Van Gaal, Ferguson e Scolari representam este tipo de técnicos.Esta dura realidade fez com que Portugal perdesse a identidade quando Scolari saiu e entrou Carlos Queiroz. O apuramento foi um exercício de falta de identidade. Realmente a Selecção só se encontrou nos dois últimos jogos do Playoff. Houve uma mudança táctica na Selecção nos últimos jogos do grupo de apuramento que fez com que o 4-1-2-3 se transformasse num 4-1-2-1-2 com losango a meio-campo. Ganhou-se eficácia e marcaram-se os golos que faltavam.Agora que estamos no Mundial, volta o 4-1-2-3 com o insucesso do passado e eu pergunto porquê? De que adianta ter um Liedson sozinho no meio dos centrais, sem dinâmicas de mobilidade que o caracterizam? Naquela posição mais estática não seria mais útil o Hugo Almeida? Mandar o Deco entrar pela direita como extremo faz algum sentido como no final do jogo com a Costa do Marfim?Tudo isto são questões de falta de identidade. Queiroz não consegue criar empatia com os atletas nem fazer-se entender, não consegue criar identidade nem motivar na obtenção do objectivo.Do meu ponto de vista, devíamos olhar para o que fizemos na fase de apuramento, pegar nos jogos em que obtivemos os resultados de uma forma prática e repetir o modelo. Devemos voltar ao losango e construir uma identidade. Eduardo, Ruben Amorim, Ricardo Carvalho, Bruno Alves e Fábio Coentrão, Pedro Mendes, Raul Meireles, Duda e Deco, Ronaldo e Liedson. Desta forma iremos em frente... De outra dificilmente!MRPP