Crónica: Couceiro e Rijkaard

Um é treinador do Barcelona. Foi outrora um dos grandes jogadores da "Laranja Mecânica" nos anos 80, juntamente com Gullit e Van Basten. Outro é o treinador da nossa Selecção na categoria de esperanças e o seu currículo é francamente mais pobre, embora já tenha treinado o F.C. Porto, comandando, inclusive, os dragões em dois jogos da Liga dos Campeões.Apesar da disparidade de palmarés, sublinhe-se que estes senhores do futebol até têm algumas coisas em comum. Recorde-se que José Couceiro é adepto assumido do Sporting, clube que Rijkaard esteve quase a representar em 1987. Outro aspecto é que Rijkaard já desempenhou o cargo de seleccionador do seu país, algo que Couceiro desempenha, porém ao nível dos sub-20 e sub-21.Pode ser que um dia Couceiro venha a ser responsável máximo da equipa de todos nós (embora lhe falte o bigode!)...O auge dos factores em comum entre Couceiro e Rijkaard aconteceu este fim-de-semana. Ambos os treinadores dependiam de terceiros para cumprirem os seus objectivos. Sabiam que a tarefa não era fácil, mas os seus jogadores lutaram até ao fim.Todavia, as notícias que chegaram dos campos adversários não foram as desejadas, sendo que os jovens portugueses e a super-equipa do Barça não conseguiram os seus objectivos, a passagem às meias-finas do Euro 2007 e o título espanhol, respectivamente.As esperanças lusas entraram a todo o gás e aos poucos construíram um resultado volumoso. Contudo, as notícias que vinham de Heerenveen – onde se disputou um jogo sem interesse que parecia ter um resultado pré-definido – não foram as melhores, ficando, assim, um conjunto de grandes jogadores, como Antunes, João Moutinho, Manuel Fernandes e Nani, arredados de conquistarem um dos poucos títulos que falta aos quadros da Federação.No que concerne ao Barcelona, os catalães sabiam que a conquista do tri-campeonato era complicada. Acreditaram, no entanto, até ao fim, goleando o último classificado, o Nástic, por 5-1. Da capital espanhola, todavia, chegavam notícias desagradáveis a partir do minuto 79 e o Real Madrid acabou por vencer o Maiorca, onde joga o português Nunes, conquistando um troféu que lhe escapava há quatro anos.Podemos dizer, enfim, que os erros pagam-se caros. Ou seja, se os jovens tugas demonstrassem uma atitude semelhante àquela que demonstraram no jogo com Israel desde o começo do Europeu, provavelmente todo o staff técnico da Selecção não estaria a chorar sobre o leite derramado, nem a reclamar que as arbitragens foram isto ou aquilo.Em outra perspectiva, se o Barcelona tivesse salvaguardado a enorme vantagem que tinha para o rival da capital espanhola – clube que a meio da Liga se dizia afastado do título –, com certeza que os catalães estariam apenas a cumprir calendário nesta última jornada.Por detrás destes fracassos estão os treinadores que, apesar de terem a seu cargo um leque de excelentes jogadores, não conseguiram levar a água aos seus moinhos.JMPereira