Crónica: o ano de internacionalização do futebol português | Relvado

Crónica: o ano de internacionalização do futebol português

 

Neste ano de internacionalização podemos dividir este êxodo dos portugueses em duas situações muito diferentes.De um lado estão os "consagrados", jogadores que saiem de Portugal para jogar nos grandes clubes e campeonatos da Europa.Do outro lado temos jogadores de qualidade mediana que poderiam jogar em qualquer equipa do nosso campeonato, excepto os três grandes, mas que preferiram ir para lugares onde lhes pagam a tempo e horas. Aqui posso referir jogadores que acabaram por ir para Roménia, Bélgica, Escócia, Grécia, Chipre e Rússia.Foi também o ano em que mais portugueses foram campeões. Tivemos pelo menos um português campeão na maior parte dos principais campeonatos europeus:- Luís Figo em Itália com o Inter de Milão;- Cristiano Ronaldo em Inglaterra com o Manchester United;- Tiago em França com o Lyon;- Fernando Meira na Alemanha com o Estugarda;- Manuel da Costa na Holanda com o PSV Eindhoven.Dos principais campeonatos, apenas falta decidir o campeão em Espanha, e também aí existem fortes hipóteses de haver pelo menos um campeão português, dado que, dos quatro primeiros, apenas o Real Madrid não tem um jogador luso nas suas fileiras.Se esta situação demonstra a qualidade do futebolista português, também demonstra a falta de qualidade do campeonato português, porque, à excepção dos três grandes, verificou-se no geral uma perda de qualidade média dos jogadores.Em anos de crise económica, vemos os jogadores medianos do campeonato a ir para outras paragens e a ser substituídos por jogadores de segundas e terceiras divisões de outros países. É sintomático que este ano tenha aumentado o fosso entre os 3 da frente e as restantes equipas, e que a primeira equipa a não descer tenha feito apenas 24 pontos, à média de 0,8 pontos por jogo!Estamos por isso num importante ponto de viragem, porque ou se encontram maneiras de inverter esta tendência, ou veremos no futuro o nosso campeonato a tornar-se tão interessante como o da Bélgica, Turquia ou dos países nórdicos.E esta questão é particularmente importante para a participação global de Portugal nas competições europeias. Se sempre temos 3 grandes a assegurarem a presença de Portugal, não existem estruturas noutros clubes que, de uma forma sustentada, consigam ter prestações condignas.Tivemos o Boavista, agora temos o Braga, mas de resto pouco há. São projectos pessoais, de um presidente, que não sobrevivem à passagem do tempo.Sem a existência de um conjunto de equipas de segunda linha nunca poderemos aspirar a mais do que andar num vaivém entre o 6.º e o 9.º do Ranking da UEFA. Não é com equipas feitas à base de jogadores das segundas divisões da Europa que conseguiremos melhorar o nosso nível geral.A mim parece-me que as medidas terão de passar necessariamente pelo saneamento financeiro dos clubes, obrigando-se estes a prestarem garantias financeiras para assegurar o pagamento de salários em atraso. E os restantes relvas, o que acham?
LG

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Comentários [8]

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Não concordo com o que dizes!

Claro que não concordo com o que dizes! Não vejo nenhuma perda de qualidade nos jogadores do nosso camnpeonato e não acredito que, com as medidas que propões consigas fazer voltar quem quer que seja! Temos que ter bem presente uma coisa: existem cinco países na Europa que, pelo seu tamanho e poder económico que daí vem, são praticamente inatingíveis por nós: Espanha, Itália, Inglaterra, França e Alemanha. Mas a verdade é que, mesmo não competindo com eles em nada, no futebol conseguimos fazê-lo e, neste moemnto, estamos em luta com a Alemanha e temos muito mais troféus europeus de clubes conquistados que a França. Mesmo a Holanda tem o dobro do nosso tamanho e muito mais população e, no entanto, conseguimos ficar à sua frente. A Polónia, Turquia, Rússia e Ucrânia são muito maiores e ficam sempre atrás! A verdade é que, se perdemos as nossas maiores vedetas e, por outro lado, alguns jogadores de segundo plano, isso é contraiado pela chegada de bons jogadores estrangeiros consagrados e de vários jovens de elevado nível, o melhor de todos sendo, sem qualquer dúvida, o portista Anderson. Não vejo que haja qualquer diminuição de qualidade, ainda que me pareça que a diminuição das equipas nas Ligas profissionais vai diminuir as receitas, criar problemas por as competições acabarem cedo demais e não trazem vantagens de competitividade. Realmente, o que nos faz falta é que as nossas equipas de segundo plano como Braga, Boavista, Vitória de Guimaráes, Belenenses e outras, possam competir com regularidade nas provas europeias e assim, ganhar traquejo e alguma mais competitividade.

off the topic: conflitos + líder dos SD detido

Ois ppl, PORTO - OVARENSE Aqui fica em exclusivo video dos conflitos entre SD e polícia e da posterior detenção de Fernando Madureira, líder da claque. Para quem não sabe, momentos antes houve uma polémica decisão da arbitragem que transformou uma posse de bola portista, numa falta a favor da Ovarense (lances livres + posse de bola). Os ânimos exaltaram-se o "caldo" entornou... http://www.youtube.com/watch?v=5ejrZLVLVSg cumps zefil

Re: off the topic: conflitos + líder dos SD detido

quero ver qual o castigo por agressão ao árbitro... os métodos do futebol estão a espalhar-se para o basket.

Eu acho...

Que disseste tudo! lol Eu até queria comentar mas concordo praticamente com tudo o que referiste. Parabéns pela crónica... cumps

Portugal internacional...

Antes de tudo, ha que realçar o lado oportuno dessa cronica pois alem de ser interessante, ha quase 2 meses que não era publicada nenhuma cronica, e como hoje é tempo de tirar ilações, vamos a elas... Primeiro, para falar sobre o exodeo dos jogadores portugueses para o estrangeiro, não penso que sanear as finanças dos clubes nacionais chegue para que os nossos melhores interpretes da bola fiquem por ca. Porque bem podem os clubes terem as contas e os ordenados em dia, se não pagarem tanto como se faz no estrangeiro, de qualquer maneira o jogador querera ir embora. Mas atenção, claro que é preciso sanear as contas mas não sera essa a unica medida para inverter a tal situação. Veremos mais longe o que proponho para inverter essa tendencia... No que toca a qualidade dos jogadores portugueses, penso que não ha duvidas, globalmente é tecnicista e disciplinado, adapta-se bem a qualquer pais e cultura e é... barato, logo é um alvo apetecivel para qualquer treinador. Mas a falta de visibilidade do nosso campeonato faz com que os pequenos clubes, no melhor, vendem os seus activos aos 3 grandes por uma miseria mas nunca vão para um campeonato estrangeiro de jeito sem passar pelo Benfica, Porto o Sporting. Qual jogador hoje em Inglaterra, Espanha, Italia o Alemanha tem uma carreira de jeito sem ter passado pelos 3 grandes? Enquanto isso, vêmos emigrar jogadores 'medianos' para Romenia, Russia, Chipre e Grêcia... qual a motivação destes jogadores? Isto é outro debate. Uma coisa é certa, é que neste capitulo, sim senhor, o saneamento financeiro poderia ser util para travar a saida dos jogadores de 'media categoria'. Assim sendo, os clubes não podem utilizar o dinheiro das transferencias pois ganharam pouco, e com pouco dinheiro não se compra qualidade necessaria para boas prestações na UEFA. Este ano safou-se o Braga de Antonio Salvador. Mas como referiste: "São projectos pessoais, de um presidente, que não sobrevivem à passagem do tempo". Ai esta O GRANDE DESAFIO do futebol português! As mentalidades têm que mudar, os dirigentes têm que ter projectos a longo prazo e mudar a maneira simplista e romantica de olhar para o futebol. Deixem de olhar para os 3 grandes e viram-se para a formação, pois é a unica solução para levar Portugal mais acima ainda. Com mais confiança na formação, mais e melhores jogadores sairão das camadas jovens, o campeonato seria mais atractivo tanto para nos espectadores como para os clubes estrangeiros que querem investir em jogadores de qualidade. Propunha neste sentido dar um papel importante a II Liga. Passo a explicar: os clubes de I Liga emprestam os seus melhores juniores as equipas de II Liga para ali adquirir a experiencia necessaria para um eventual regresso a casa mãe. A II Liga fica mais atractiva, jovem, 'portuguesa' e com um papel importante, é uma especie de exame final na formação de um jovem futebolista que aspira a ser profissional. Assim sendo, muitos jovens despontam, defesas, medios e avançados, e quando regressam ao clube formador, têm uma curta mas enriquecedora experiencia, estão motivados e podem merecer a confiança dos treinadores mais facilmente. So assim é que os clubes médios e pequenos poderão um dia ver os seus pupilos saltar para boas equipas estrangeiras (logo que pagam mais) e realmente ganhar dinheiro. E quem ganha com tal medida é tambem a selecção... Não vejo outro rumo a tomar. A Liga tem uma palavra a dizer. Ha jogadores portugueses exepcionais, mas podia haver muito mais com um pouco de cabecinha e coragem. A Liga tem que incentivar (o obrigar) os clubes a irem nesse sentido. Afinal, os jovens são o futuro. PS: desculpem por este artigo ser um pouco longo e se calhar nem tudo o que quis expressar esta bem escrito, mas tentei ser o mais claro possivel. Cumprimentos a todos.

Re: Portugal internacional...

Comentário muito interessante

Re: Portugal internacional...

Bom comentário

Re: Portugal internacional...

Se olhares bem, os 3 grandes até emprestam alguns dos seus jogadores em final de formação. Beneficiam equipas da 1ª Liga e beneficiam equipas da 2ª Dos restantes, 4 ou 5 são directamente aproveitados pelos formadores, e os outros são "abandonados", assinando por quem querem. Destes "abandonados", alguns estão a ser (bem) aproveitados lá pela estranja. Não concordo totalmente quando se diz que "o nosso futebol fica mais pobre" só porque saíu um Figo, um Ronaldo -eu diria " não se enriquece tanto como poderia", apenas porque, só depois de saírem de cá, é que esses jogadores sublimaram as suas capacidades. Quando saem jogadores "feitos", tipo Deco,Simão, aí concordo - a sua saída prejudicou o nosso campeonato. No mais, estou de acordo contigo, genericamente -se é que o meu àparte representa divergência do teu ponto de vista...