O azar de ser menor num Portugal profundo

Olhando para todas as equipas consigo encontrar jogadores que de facto merecem o meu respeito e atenção. Olho para o Braga e salta-me à vista o Hugo Viana. Seguindo a Guimarães encontro Targino e Nuno Assis, descendo a Coimbra vejo um menino de 23 anos com formação no Sporting de seu nome Emídio Rafael que por sinal revela a cada jogo ser um excelente jogador e, pasme-se, é lateral-esquerdo, posição para a qual não temos um titular absoluto desde Nuno Valente. Seguindo caminho pelos nossos clubes "menores" encontro na Vila das Aves Vítor Gomes, Vilas Boas e mais jogadores podemos encontrar e assim terminar de vez com o mito de que em Portugal não temos bons executantes ou, digamos, "material de Selecção".De repente surge-me o caso de Ruben Micael. Depois de uma primeira volta do campeonato cumprida a preceito com o Nacional, com golos e assistências na Liga Europa e no campeonato, nem assim conseguiu a atenção de Queiroz. Surge a transferência para o FC Porto. Depois de um início prometedor decaiu em rendimento nos jogos seguintes, curiosamente nessa altura Queiroz descobriu em Micael um jogador de Selecção e não hesitou em convocá-lo. Passou a ser melhor jogador por representar um dos três grandes ou Queiroz simplesmente ignora o facto de que nem só nos três grandes se encontram os melhores jogadores?Faz-me uma confusão tremenda porque olhando para o histórico dos jogadores chamados encontro alguns de clubes menores estrangeiros que aparentemente terão maior valor que os clubes menores portugueses.Em suma, serve este artigo para dizer que não concordo com esta política. Queiroz tem uma boa oportunidade de capitalizar os nossos jogadores a actuar em Portugal, em alguns casos não são inferiores aos que jogam no estrangeiro. Ninguém me garante que os exemplos que citei serão inferiores aos convocados, assim como me parece que por serem considerados "menores" darão mais pela equipa, serão jogadores mais empenhados, com mais sentimento e brio em vestir as nossas cores. A ideia que fica é que a porta está aberta não a quem se encontra na melhor forma, mas sim a quem a veste num clube de nomeada. Agora porventura será tarde para experiências, tanto tempo para abrir o leque de opções, mas no fim ficarão os mesmos de sempre.Fica a certeza que das últimas competições de Selecção este é sem dúvida o grupo de jogadores com menos talento desde o Europeu de 2000. Obviamente que terá legítimas aspirações, mas fico com a sensação de que teremos um grupo de 13, 14 jogadores de qualidade e que os restantes são de qualidade dúbia. Nesse sentido preferia ter um leque de jogadores guerreiros que dessem o corpo e a alma pela Selecção em vez de jogadores que, por pertencerem a determinado clube ou Liga, encontraram em Queiroz um fiel seguidor.Como sabem sou crítico de Queiroz e já dei a minha opinião pessoal sobre o mesmo variadas vezes. Falta-nos um líder dentro de campo e no banco. A caminhada para o Mundial, as escolhas feitas durante todo este tempo, as decisões tomadas desuniram os portugueses de forma talvez irreparável num futuro próximo. Por tudo isso gostaria que tivesse sido dada atenção ao jogador desconhecido porque todas as Selecções os têm e na maioria dos casos acrescentam valor às suas equipas.E depois do Mundial? Não haverá espaço para jogadores da nossa Liga num futuro próximo? Não teremos nós valores suficientes para encarar o futuro? Não estará na altura de ser também a Selecção responsável pela visibilidade e incremento da nossa Liga?Fica a sugestão.Cumprimentos a todosslpaulito