Ter ou não ter... honra (a propósito de Carlos Queiroz) | Relvado
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Declaração prévia, por causa dos assanhamentos: comecei a fazer jornalismo em 1976. Conheci profi

Carlos Queiroz não precisa de advogado de defesa, porque acaba de provar que os tem -- e dos bons. É suficientemente crescido, também, para fazer a sua defesa, e se venho a terreiro, por causa da decisão proferida pelo TAS, no sentido de o ilibar da suspensão determinada pela ADOP, é porque considero que os poderes são perversos e, no caso concreto do que fizeram com o ex-seleccionador, ultrapassaram tudo o que é razoável, do ponto de vista dos ‘direitos e deveres’ do cidadão.

Tratou-se de um verdadeiro ‘homicídio profissional’ patrocinado pelo Estado.

Pode até considerar-se que Carlos Queiroz não tem perfil para assumir a liderança de excelentes projectos que ele próprio desenha. São opiniões e os resultados desportivos estão contra ele. Em competição, contam os resultados, não contam os projectos. É a vida!

No futebol português, para se ter sucesso, é preciso ser ou 'um José Mourinho' (com virtudes e defeitos) ou ter o beneplácito de algumas eminências, umas mais pardas do que outras, como João Rodrigues (com alguma influência nos areópagos internacionais) e Joaquim Oliveira (na relação que estabelece entre os clubes de futebol, face ao monopólio que detém dos direitos televisivos, e os media) e ainda figuras bem colocadas entre os patrocinadores, alguns empresários, na banca, na classe política, com os links estabelecidos, então, com a FPF e a Liga.

Como Carlos Queiroz não é 'um José Mourinho', precisaria de todos os outros apoios.

Seguramente terá feito alguma coisa para os perder, se é que alguma vez essas personalidades estavam interessadas em dar-lhe apoio. Estas pessoas não estão acostumadas a trocar uma salsicha por outra salsicha. Trocam uma salsicha por um porco.

O que se tornou abominável -- e um aviso para qualquer cidadão do Mundo -- foi a forma como se julgou, implacavelmente, um homem por um ‘crime’ que não cometeu.

Se achavam que Portugal tinha condições para ser campeão do Mundo na África do Sul; se achavam que o então seleccionador nacional não tinhas as competências necessárias para levar a Selecção Nacional ao lugar mais alto do pódio, só tinham de responsabilizar quem o contratou e desfazer o contrato que havia sido celebrado.

Só honra os compromissos quem a tem. Foi isso que faltou neste processo.

Podem considerar CQ ‘o pior treinador do Mundo’, mas associá-lo, com objectivos bem declarados, à imagem de quem tinha algum interesse em impedir a realização de um controlo anti-doping, não é de gente digna nem honesta.

Juntaram-se painéis selectivos de opinião com ‘jornalistas-carrascos’ a fazerem o papel de ímpios justiceiros. Porque o poder atrai outros poderes. Cada um tem o pé feito à medida do seu grilhão. O circo do pós-Mundial foi uma manifestação gratuita de arrogância e estupidez.

Agora, neste quadro político, até seria mais fácil consumarem-se algumas demissões. Mesmo assim, duvido que alguém tenha a elevação suficiente para reconhecer a tramóia.

... E se Pepe acha que a justiça deve ser silenciada, tenha pelo menos mais cuidado com a brutalidade dos pontapés com que tem mimado os seus adversários.

Depois da absolvição do ex-seleccionador nacional pelo TAS é no mínimo estranho o timing da intervenção do jogador do Real Madrid...

Um dia ainda vamos perceber por que razão Carlos Queiroz ficou (pendurado) entre Scolari e Paulo Bento. Mas isso já é outra conversa.

Taxonomia: 
Rui Santos

Nunca conheci pessoalmente o Prof. Carlos Queiroz!

Pedincham-me um glorificar e dou-lhes com uma necrologia para que outros sobreviventes, predadores de defuntos, não engendrem a lenda do que não foi…
A morte é o interromper do presente e o condenar implacável de um sujeito ao seu passado. A Estátuas de sal, negam-se o futuro. O seu tempo é fictício.
Não vi in loco o desempenho de Carlos Queiroz, contudo, “o meu paizinho é mais velho do que o meu avôzinho, e o meu sobrinho mais novo, que tem treze anos, é neto de uma pessoa que nasceu há três séculos.” Aqui está a honra, in loco, e com notável paradigma.
Por isso, cheguei a 2011 com a ideia de que nas Selecções Nacionais Campeãs do Mundo de 1989 e 1991 constavam alguns “jogadoreszinhos” e, que jogadores de futebol. “Filhos” de escolinhas de futebol, alunos de mestres (treinadores), que agora são olvidados por não serem conhecidos, ser julgador e esquecido é convenientemente fácil. Mas ao se correr o risco de olvidar os indispensáveis clubes e os respectivo labor dos treinadores que instruíram os homens que foram criancinhas: L. Figo, Rui Costa, João Viera Pinto, Fernando Couto, Paulo Sousa, Brassard , Abel Silva, Valido, Resende, Morgado, Tozé. Filipe, Gil e muitos mais, torna-se inevitável e compreensivo esquecer Carlos Queiroz com as “suas metodologias” e principalmente os seus discursos de vão de escada.
E, eis que surge a minha felicidade na “pró advocacia” de um não caso e, prova que sucessos no passado tentam esconder fracassos no presente. Sem caso, mas advogando um explorador ilegítimo de competências e de talentos de outros, perdeu. Em síntese, não querem ser o que são e esforçam-se para que assim seja. Além disso, não nasci em África, não estou condicionado por origens. Tenho, porém, um carinho por África, e orgulho pelos povos daquele continente. Eu elogio principalmente o trabalho que fora realizado pelos clubes e seus técnicos, armazeno gratidão por os verdadeiros autores da construção ganhadora. Depois depende de ideologias, aquilo que a cabeça constrói e a sociedade ajusta. Tenho aversão a oportunistas e ao seu mundo do ter que nascer com o existencialismo de outros.

Saudações

Timimg? De nenhum dos dois certamente..

Em mais um capítulo da novela Carlos Queiróz, eu refiro com sempre o fiz, que não questiono a competência para o futebol da pessoa em causa. Nem faço julgamentos de carácter do que aconteceu anteriormente.
Eu não achei justo a forma como o "despacharam" da selecção. Eu não concordei com muitas das decisões que ele teve durante o Mundial 2010 na África do Sul, no entanto, ele também não merecia que o tratassem assim num país onde ele fez tanto por um sector que nós pecamos tanto, a Formação.

Quanto a este caso em específico, o Pepe não esteve bem, mas apenas respondeu a uma questão dos jornalistas e exprimiu a sua opinião, pela qual é livre de a ter. Tal como Queiroz é livre de ter a sua. Mas analisando bem as coisas, Queiroz viu a sua honra há pouco tempo limpa pela justiça civil, no entanto, vem estragar novamente a sua imagem criticando inexplicavelmente e sem qualquer classe um dos jogadores da Selecção Nacional em véspera de um encontro! Que esperasse para depois dos jogos!-
A Queiroz, não lhe respeitaram, mas ele também não está a seguir o melhor caminho para limpar o seu nome, até bem pelo contrário! Mais uma vez, não contesto a sua competência. Analiso apenas este episódio em concreto.

Subscrevo..

...

Pois, importantes são os projectos Sr. Rui Santos

O saber treinar, comunicar com os jogadores, ter umas noções técnico-tácticas mínimas, arrumar os jogadores em campo, perceber algo de motivação etc, são coisitas menores e sem qualquer importância na escolha de um treinador. Até aquelas coisitas incómodas chamadas resultados são pequenos pormenores no caminho das grandes mentes como Queiróz.

Porque, realmente, podermos comparar Queiroz com Paulo Bento sem ser em termos teóricos mas no terreno e quase um ao lado do outro... é aborrecido para todos os grandes ideólogos do futebol.

bem, bem!

Acho que o comentário do Dragão13 complementa o teu: o gajo não é nem nunca foi um treinador, mas sim um planificador, um formador.

Mantenho a ideia que tenho dele (desde há vários anos) como treinador. A única coisa que mudei, foi a ideia que tinha de ele ser um gajo de punhos de renda, pois, como se viu, afinal sabe arranhar. E, já agora, dar socos. Gentleman, Queiroz?

Já dizia o outro, há quase duas décadas: ó Queiroz, oohhh ooohh oohhh, ooohhh ooohhh oooohhhh, há quem te conheça bem e há quem te conheça mal (...)

http://www.youtube.com/watch?v=FSOXJsd6L38

Excelente artigo!

Concordo em absoluto com o que Rui Santos diz no seu artigo! Posto isto, como premissa, gostaria só de chamar a atenção para alguns pontos:
1 - Carlos Queiroz tinha um passado que o recomendava para dirigir todo um projecto virado para a formação, depois de um tempo, de Scolari, em que ela tinha sido quase abandonada! Era muito necessário virar a FPF para a formação de novos valores mas, estranhamente,não foi para isso que foi contratado mas sim para seleccionador da selecção principal, tarefa para que me parecia menos talhado.
2 - Pepe perdeu uma bela oportunidade de esytar calado! Não se compreende que jogadores experientes se atrapalhem com conversas sobre o seleccionador e não era a ele, talvez o jogador mais protegido por Carlos Queiroz, que competia vir chamar o assunto à pedra! Mostra pouca inteligência e, sobretudo, falta de reconhecimento pelo que Queiroz fez por ele!
3 - A causa, ganha por Carlos Queiroz, deixa em muito maus lençóis, Madaíl, o Secretário de Estado, a ADoP e outros que apostaram mal!

Afinal há mais um...

... bom advogado de defesa para o Sr. Queiroz! Antes de mais devo dizer que juridica e eticamente é absolutamente condenável todo o processo que moveram ao ex seleccionador nacional. Isto é inegável e qualquer Tribunal lhe dará razão.

De qualquer forma e apesar de tudo o que disse, Queiroz não tem, nem pode ter o direito de vir levantar suspeições sobre Liedson e outros casos do foro interno da selecção. Mostra mau caracter e mau profissionalismo! As declarações de Pepe foram nesse sentido, de ele preservar o grupo de trabalho, a selecção nacional e a resposta que esse Sr. e do seu novo advogado de defesa foi absolutamente imbecil e colocou em causa um profissional como Pepe que sempre respeitou a camisola nacional e que fez os possiveis e impossiveis para recuperar a tempo de disputar o mundial, sabendo que jogando teria mais a perder do que a ganhar.
Neste momento, a pouca consideração que ainda tinha por Carlos Queiroz perdi-a, porque não era necessário ir tão longe para qualquer tribunal lhe dar razão e se existem factos em sua defesa que devem ser tornados públicos então que o faça de uma forma simples, clara e objectiva. Tem-se a ideia que basta ser bem falante para ser cavalheiro e correcto, mas este é um claro exemplo que na verdade não é bem assim.

Queiroz

Excelente analize, parabens, um individuo como ele, que se diz educado tem obrigacao de preservar o grupo(selecao) um verdadeiro profissional ou cavalheiro nao "empurra" os outros para baixo do comboio.

Primeiro...

...gostei de ler.

Coloca os dedos em algumas feridas, levanta algumas questões que me parecem pertinentes, nomeadamente no que concerne ao ambiente promíscuo que grassa o futebol português desde há uns valentes anos...e tenta, dentro do possível, assumir uma visão imparcial de um processo que foi tudo menos isso.

Contudo, a referência ao conhecimento prévio do Prof. Carlos Queiroz poderá levar a que se assumam conotações entre o texto e uma intenção não claramente descortinada.

Falha do suporte sobre o qual nos deparamos com este escrito...ou mensagens para outros que não os típicos usuários do relvado.com?

Segundo...a estranheza do timing das declarações do Real Madrid. Não podia estar mais de acordo.
Carlos Queiroz foi determinante (e quiçá estúpido) na sustentabilidade da carreira deste jogador. Há que o dizer, pois ninguém percebeu o porquê de ter sido convocado quando apresentava debilidades físicas.
Desconheço se estas declarações têm alguma intenção paralela a simples desabafos...ou se são fruto de um ser simplesmente mal agradecido e desrespeitoso...independentemente do seu conteúdo.

O futebol português está podre. Também é por aqui que tal se denota...

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