Nuno Gomes - o museu pode esperar | Relvado
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O Benfica vive um momento em que precisa de 'descomplicar'. Na definição da 'estrutura para o fut

O desporto-rei é pródigo nestas coisas: nem sempre o rendimento é o mais importante para a valoração do trabalho de um profissional de futebol.

Independentemente da diferença de talentos e capacidades, há diversos tipos de jogadores. Os que não suportam outra realidade senão aquela que faz deles titulares; os que, estando no ‘banco’, são capazes de ‘somar’ quando é preciso fazê-lo; e aqueles que, não fazendo parte das escolhas principais do respectivo treinador, não apenas se instabilizam a si próprios como são fautores de instabilidade à sua volta -- no ‘banco’, na cabina, ou na convivência (directa ou indirecta) com o plantel.

Depois de duas épocas na Fiorentina (53 jogos, 14 golos), Nuno Gomes  -- que havia representado o clube da Luz entre 1997 e 2000 -- regressou ao Benfica para nunca mais daí sair. São 9 temporadas consecutivas de águia ao peito. Sensivelmente a meio da primeira década deste novo século, Nuno Gomes realizou, com Ronald Koeman, a sua melhor temporada, desde que saiu de Itália, com 29 presenças na Liga e 15 golos, menos dois relativamente ao melhor marcador do campeonato (Meyong, do Belenenses, com 17), numa das piores épocas de sempre para os goleadores do futebol português. 

Temos, pois, dois períodos distintos na carreira de Nuno Gomes ao serviço do Benfica:

  1. Antes de rumar à Fiorentina;
  2. Depois de sair da Fiorentina.

Antes de rumar à Fiorentina, o registo de Nuno Gomes era o seguinte:
 

Época             J*       G

1997-98         33      18

1998-99         34      24

1999-00         34      18

 

Depois de sair da Fiorentina:

Época            J*       G

2002-03        27       9

2003-04        21       7

2004-05       23        8

2005-06       29       15

2006-07       24        6

2007-08       20        5

2008-09       24        7

2009-10       13        3

2010-11         5        4

*Titular + suplente utilizado

As lesões (numa primeira fase) e a chegada de Oscar Cardozo ao Benfica não lhe permitiram repetir as façanhas que o levaram para Itália, depois do Euro-2000.

Não é justo atribuir-se o ocaso de Nuno Gomes à decantada ’teimosia’ de Jorge Jesus.

Com efeito, quando Jorge Jesus chegou à Luz, o ponta-de-lança do Benfica já contava com 32/33 anos e, convenhamos, numa fase menos brilhante da sua carreira. 

Nuno Gomes tornara-se num ‘símbolo do clube’, com um reforço de protecção quando Rui Costa (também) ‘voltou a casa’, depois de 12 épocas no ‘calcio’ (Fiorentina+Milan).

Noutras circunstâncias, com outro treinador, Nuno Gomes poderia realizar mais uma época desportiva no Benfica, jogando mais ou menos ou mesmo não jogando.

A verdade é que, legitimamente, Nuno Gomes, quando se lhe deparou o abaixamento de eficácia e rendimento de Cardozo e Saviola -- incontestados no ‘Benfica campeão’ --, queria jogar. E fez, num período difícil para a equipa, em quebra de identidade e coesão, declarações que punham em causa, no fundo, a autoridade do treinador. Jesus nunca cedeu. E chegamos, pois, a esta situação de impasse: Nuno Gomes quer jogar, mas não vê forma com o actual treinador; Rui Costa, sempre muito próximo de Nuno Gomes, vê com bons olhos a continuidade do amigo e ex-colega mas não lhe pode ‘garantir’ a titularidade; Jesus, por uma questão de coerência e em face da leitura do que entende melhor, competitivamente, para o Benfica, não tem lugar para ele no plantel e Luís Filipe Vieira, sabedor da importância dos ‘jogadores históricos’, gostaria de achar uma solução de compromisso que não parece ser possível.

Entre ‘recolher ao museu’ e jogar mais uma época num outro campeonato (com as características fáceis de adivinhar), Nuno Gomes parece decidido a optar pela relva.

O ‘jogo dos orgulhos’ também fala mais alto e, sinceramente, até por uma questão de conflitualidade interna e de doseamento de poderes (a situação já promete ser confusa), talvez o mais sensato é sair agora para poder regressar, eventualmente, com outra conjuntura. Daqui a um ano ou no curto-prazo. Sem dramas.

(Rui Santos escreve de acordo com a grafia do português pré-acordo ortográfico)

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Taxonomia: 
Rui Santos

Saída adiada e mais um exemplo de má gestão

Na minha opinião nuno gomes deixou de ser opção desde o inicio da época passada e não saiu por falta de coragem dos responsaveis do benfica e principalmente do jorge jesus em dispensar um simbolo do clube. Preferiram deixar arrastar a situação para agora haver um certo pretexto com o fim do contrato.
Penso que a direcção do benfica e o treinador jorge jesus saem mal na fotografia seja qual fôr o final de mais esta novela: a direcção porque deixou arrastar este caso quando ja o devia ter resolvido, senao no inicio da epoca passada, pelo menos durante a corrente epoca e jorge jesus porque falhou mais uma vez na gestão do grupo de trabalho porque o ano passado nao se fez rogado em dispensar um guarda redes em directo para agora pôr paninhos quentes nesta dispensa.
Mais uma nota para dizer que o comportamento do treinador neste capítulo está na ordem da fraca produção da maioria dos jogadores que tinham sido determinantes na conquista do titulo e da falta de união do grupo. Quando o lider trata os jogadores com mais estatuto de forma mais ligeira e critica agressivamente os outros não há espirito de grupo que resista

Nuno Gomes, ganhaste um fan

Odeio vermelhos, mas só os loucos. Tu deste um exemplo, joga mais 1 ou 2 anos, tens saude, joelhos e faro goleador.

Abraço

Olhando-se para aqueles

Olhando-se para aqueles números, e tendo em conta que sempre foi um jogador fustigado por lesões, o que o prejudicou bastante, são números bem interessantes e que desmitificam a ideia generalizada de que o Nuno Gomes não marcava muitos golos. Sobretudo aqueles três primeiros anos, e ali dois pelo meio desta passagem que ainda decorre. É seguramente um dos melhores avançados dos últimos anos. Espero que estes números ajudem a tirar a ideia de que ele nunca foi bom ponta de lança.

Nuno

Deixa lá o dinheiro... faz algo util pelo futebol. Vai dar uns toques para o Boavista.

Arrisca! Nunca se sabe o que ainda podes fazer...

e ias ter toda a massa associativa contigo, a dar-te todo o carinho e apoio que precisas nesta fase da tua carreira.

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