Eleições na FPF - à atenção do ministro Relvas | Relvado
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Os portugueses, confrontados com os efeitos da austeridade, não estão disponíveis para alimentar

 

Estamos a 36 dias do acto eleitoral que conduzirá Fernando Gomes ou Carlos Marta ao posto mais elevado da organização do futebol português.

É um momento importante para a história da bola indígena porque, a partir de 10 de Dezembro, abre-se um novo ciclo na FPF, depois de 15 anos de ‘madailismo’.

Gilberto Madail não deixa saudades. Foi sempre o ‘presidente das Selecções’ e nunca o ‘presidente da Federação Portuguesa de Futebol’, ou seja, o ‘presidente do futebol português’. Cavalgou a onda das Selecções Nacionais, mudou de seleccionador sempre que os resultados não eram os mais desejados e acabou o seu último mandato exaurido, doente e em negação.

O verdadeiro presidente da FPF não é aquele que está presente no momento das vitórias da Selecção Nacional e ausente nos momentos mais difíceis. O verdadeiro presidente da FPF é aquele que está atento ao que se passa no edifício das Selecções Nacionais, de baixo para cima e de cima para baixo, e é aquele que se mobiliza para resolver alguns dos problemas que afectam o tecido futebolístico nacional. Neste aspecto, Gilberto Madail não deu respostas concretas e limitou-se a gerir os ‘bons e os maus humores’ daqueles que sempre se colocaram numa plataforma de suprapoder em relação à FPF -- os presidentes dos clubes.

O presidente da FPF tem de ser o ‘presidente dos presidentes’, mais do que ‘um presidente entre presidentes’.

O poder político tem tido em relação ao ‘futebol português’ uma posição cómoda e cobarde.

Cómoda, porque ao escudar-se na lengalenga da ‘autonomia do movimento associativo’ e das directrizes traçadas pela FIFA e pela UEFA -- organizações que concorreram, e muito, para a perda (conceptual) da soberania de diversos Estados à escala mundial -- não fez mais senão demitir-se das suas funções de regulação (exemplo: política fiscal). Para as questões difíceis ou a omissão ou a lengalenga. Para as questões mais fáceis, expressas pela afectação positiva da imagem do País em função do êxito desportivo, os elogios, as presenças, os sorrisos, as entrevistas (tipo ‘comunicações ao País’ através da televisão).

Cobarde, porque não há coragem de combater as imparidades geradas pela ‘economia paralela’ do futebol e que, de forma directa ou indirecta, acaba por afectar o equilíbrio e a justiça sociais. Nalguns casos, o poder político, que se bate nos corredores da dialéctica parlamentar, contra a evasão e fraude fiscais; contra o branqueamento de capitais e outros ‘ais’, não se preocupa com algumas situações que se passam debaixo do seu nariz e que têm a ver designadamente com dinheiros não declarados que resultam, por exemplo, de operações de transferência de jogadores de futebol.

O anterior secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, confessou-se impotente para colocar de pé a Casa das Transferências ou a Casa dos Contratos. Acha a ideia boa, envolveu-se no processo, mas, paradoxalmente, conclui que não poderia ter feito mais, em prol da eficácia da medida.

Do ministro Miguel Relvas, que tutela a pasta do Desporto, espera-se mais, nesta e noutras matérias. Porque estão a ser pedidos sacrifícios desumanos aos portugueses -- e nem todos têm negócios ou andam em ‘altas cavalarias’ de modo a fugirem pela porta dos offshores...

Do ministro Miguel Relvas espera-se mais comparativamente a Pedro Silva Pereira, que ignorou o Desporto, como se a tarefa reservada ao Ministro adjunto fosse exactamente essa de ‘fazer de conta’ que se presta muita atenção ao Desporto (no sentido lato)...

Quanto ao secretário de Estado, espera-se que Alexandre Mestre faça mais do que Laurentino Dias, apenas num aspecto, em razão dos constrangimentos orçamentais: que não seja parcial e discricionário -- e não faça do cargo uma espécie de ‘feira de vaidades’. Tenho a certeza, aliás, que Alexandre Mestre não cometa esse acto ignóbil de ‘julgar’ o actual seleccionador nacional na praça pública...

O Desporto e o Futebol precisam muito mais do que isso. Precisam de empreendedorismo, de colaboração e de espírito (auto)crítico. Precisam de bom-senso. Mas precisam, também, de alguém que não olhe apenas para o seu ‘estatuto’ e para as mordomias. Porque o País está a emagrecer. Porque há pessoas de bem no País, que trabalham para o bem comum. E porque o País não vai tolerar, entre cortes vários, que haja gente a alimentar-se de uma ‘bolha’ que foi criada para alimentar a génese de algumas fortunas...

(Rui Santos escreve de acordo com a grafia do português pré-acordo ortográfico)

 

 

Rui Santos no Relvado 1 (fundo verde)
Taxonomia: 
Rui Santos

Quem não concorda...

Esta assunto é muito importante. Realmente, é preciso liquidar urgentemente mais um cancro que afecta a economia portuguesa, esta economia paralela que 'rouba' tantos milhões em impostos ao Estado português. Mas sobre este assunto do interesse nacional não leio nenhum comentário dos colegas de relvado. Pois é...

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