Pôncio Monteiro: interesses escondidos na decisão da UEFA

Pôncio Monteiro, ex-dirigente do FC Porto, fala em «dois pesos e duas medidas» na decisão da UEFA de excluir o FC Porto da Liga dos Campeões. Em declarações à Rádio TSF o actual membro do Conselho Superior do FC Porto diz que «há outros interesses escondidos», apontando que «quando se prejudica um, há sempre outros que saem beneficiados», neste caso Vitória de Guimarães e Benfica.





O afastamento do FC Porto da Liga dos Campeões levará o Vitória de Guimarães directamente à Liga dos Campeões e o Benfica, afastado desportivamente da prova milionária, poderá disputar a terceira pré-eliminatória de acesso. O Sporting de Braga, relegado para a Taça Intertoto na classificação, também terá direito a ocupar a vaga das águias na Taça UEFA.

Para já o FC Porto pode recorrer para o Comité de Apelo (CA) da UEFA, algo que terá que fazer dentro dos próximos três dias úteis. E não se prevê que a entidade contradiga a decisão do Comité de Disciplina (CD).


Na justificação da exclusão do clube português da Champions League a estrutura europeia repara que o CD «considerou que as infracções relacionadas com o julgamento do caso ["Apito Final"] em Portugal correspondem a "uma actividade com o objectivo de combinar ou influenciar o resultado de um jogo"». Está em causa o artigo 1.04 (d) do Regulamento da Liga dos Campeões e o facto de o emblema nacional ter sido sancionado à perda de seis pontos por tentativa de corrupção em dois jogos da época 2003/2004.

Pôncio Monteiro lamenta a avaliação da UEFA, considerando na TSF que «o tratamento não está a ser igual para todos». O antigo vice-presidente do FC Porto diz ainda na mesma Rádio que «tudo o que se passou a nível interno não é bonito, pois dá a ideia que querem ir à Liga dos Campeões mesmo às custas de outras coisas», aponta.

A última instância de recurso para os dragões é o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), mas «as decisões do CA são finais e tornam-se efectivas quando anunciadas», refere-se nas Normas Disciplinares da UEFA. Deste modo, se o CA confirmar a exclusão, o FC Porto não participará na Liga dos Campeões 2008/2009, mesmo que recorra para o TAS.

Esta ideia é reforçada pelo artigo 62 - ponto 5 - dos Estatutos da UEFA que dita que «um apelo não terá qualquer efeito suspensivo no estado de execução de uma sanção disciplinar sujeita ao poder do TAS».

Uma tomada de posição no seio do TAS demora em média entre seis a 12 meses, pelo que o CA se torna no único meio de o FC Porto ainda poder disputar a Liga dos Campeões desta época. A confirmar-se a ausência, será a primeira vez que o clube recordista da Liga Milionária fica de fora da prova desde o 25 de Abril.


Foto: Lusa