Pinto da Costa: O que os adeptos do FC Porto ainda esperam dele...

Depois de ter ganho tanto, é difícil estabelecer novas metas. É a ideia que perpassa pela cabeça dos adeptos do FC Porto no dia em que o presidente Pinto da Costa completa 30 anos como líder do clube. Mas pela alma dos portistas ainda voam sonhos e o Relvado foi ouvi-los...

"Espero o impossível", confessa o professor Álvaro Abreu Faria que é sócio do FC Porto há 53 anos. "Mais vitórias, evidentemente, voltar a ganhar na Europa, ganhar aos clubes do centralismo sempre", são as metas que este adepto traça. E o Consultor Sénior de Sistemas de Informação na área da Saúde Rui Gouveia acrescenta que espera "verdadeiramente que Pinto da Costa se supere". E "superar-se será finalizar o Museu do Clube, reestruturar mais uma vez a equipa de futebol para conseguir criar um novo ciclo vitorioso em Portugal e que se conclua com mais uma vitória na Europa", aponta o adepto de 29 anos.

"A obsessão pessoal"

Rui Gouveia não esconde também que espera ver o presidente cumprir aquela que será a sua "obsessão pessoal, transformar o FC Porto no clube com mais títulos de campeão nacional em Portugal". Também o estagiário Rui Pedro Sousa aponta este desafio de "suplantar em número de títulos o Benfica", lembrando que os dragões vão a caminho do 26.º e que as águias somam 32.

Para o gestor de contact center Paulo Rui Ramalho "o principal desafio" de Pinto da Costa "será a sua própria sucessão".

"Pinto da Costa já concretizou todos os desafios possíveis e imaginários", considera o professor José Fidalgo Martins. Mas, "a sonhar", este adepto de 32 anos assume que "gostava de ver um dia o FC Porto de Pinto da Costa com capacidade financeira para segurar as grandes estrelas do plantel e poder ter verdadeiras ambições para disputar a Champions, em igualdade de circunstâncias com os outros gigantes da Europa". Um sonho "totalmente impossível", diz, à luz da crise que se vive. "Enquanto o futebol português não tiver visibilidade além-fronteiras, em particular nos mercados asiáticos, isto para não falar na própria Europa, onde até os espanhóis nos ignoram, nunca poderemos criar as receitas necessárias para ambicionar ser algo mais", acrescenta o sócio portista desde 1989.

O profissional de turismo Hugo Sartor só quer que Pinto da Costa "continue leal à causa, que nos defenda como nos tem defendido desde sempre, que lute pelos nossos valores com altivez e que nos orgulhe como sempre nos tem orgulhado", frisa. Este adepto elogia "a devoção do presidente aos valores do Norte", a sua "perseverança" e define como marco fundamental de 30 anos de mandato "o compromisso que fez com o FC Porto". "Trinta anos é uma vida", repara, relevando "o desgaste", as "forças de pressão constantes e diárias". "Outra pessoa qualquer já teria abandonado o barco há décadas", sustenta. Todavia, ao cabo de tanto tempo, "Pinto da Costa aqui está, rei e senhor, aplaudido internacionalmente", conclui.

"Pinto da Costa cometeu um milagre!"

Para Hugo Sartor, o líder portista "cometeu um milagre", conseguindo "virar o mapa do futebol nacional de pernas para o ar" contra os "poderes da capital". "Pinto da Costa apagou por completo a força dos clubes todos poderosos de Lisboa, com muito profissionalismo, muito amor à causa, muita dedicação, muito suor", atesta este portista que é sócio há 24 anos.

Também o estagiário Rui Pedro Sousa destaca "a reviravolta" que o dirigente deu no emblema, considerando que "o FC Porto era um clube à deriva e ele conseguiu fazer do FC Porto uma potência mundial". Já mais recentemente, José Fidalgo Martins elogia "a forma como Pinto da Costa e o FC Porto reagiram à tentativa de derrube após o processo Apito Dourado, erquendo-se com toda a força e pujança, partindo para mais uma série de conquistas nacionais e internacionais".

Entre os marcos positivos de 30 anos de mandato, os adeptos comungam das conquistas europeias, em 1987, em 2003 e em 2004. Álvaro Abreu Faria fala ainda do "campeonato de 1977/1978" e Rui Gouveia refere "as duas Taças Intercontinentais" e ainda "a promoção do maior génio de sempre num banco de uma equipa de futebol", além de elogiar a construção do Estádio do Dragão e do Pavilhão do clube. José Fidalgo Martins também nota o "pentacampeonato entre 1995 e 1999".

Do lado negativo, o "simpatizante ferrenho" Rui Pedro Sousa fala das "as épocas conturbadas" em que "teve mais do que dois treinadores", apontando designadamente os "erros de casting, com aquisições que tardaram a vingar" na temporada que se seguiu a 2003/2004, marcada pela conquista da Liga dos Campeões. Como reparos à gestão do presidente, Álvaro Abreu Faria aponta "José Couceiro e Vítor Pereira". Já Paulo Rui Ramalho não esquece "a mancha de dúvida que o Apito Dourado lança sobre todos".

Rui Gouveia lamenta a "insistência numa política de comunicação que nem sempre faz sentido". "Já não somos o clube das Antas, mas sim um clube do mundo, o mais vencedor do Século XXI, e por isso, certas atitudes do clube, não de Pinto da Costa, podiam ser polidas", realça.

"Derrotou-os no seu próprio jogo"

E se José Fidalgo Martins se queixa do "fim de modalidades como o ciclismo e o voleibol e o esquecimento da natação", Hugo Sartor não aponta "nada" de negativo à presidência de Pinto da Costa. "Fez o que tinha que fazer, jogou nos tabuleiros em que os outros sempre jogaram, derrotou-os no seu próprio jogo", atesta.

Pinto da Costa foi eleito presidente do FC Porto pela primeira vez a 17 de abril de 1982. O seu atual mandato termina em 2013 e já se especula se o dirigente se recandidatará. "Veremos", foi o que disse recentemente na Rádio Renascença. São claros os desejos dos portistas que só torcem pela continuidade do seu líder carismático.

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