É oficial: O FC Porto está em crise

O que parecia impensável até há poucos anos, foi já confirmado pelo reino do Dragão. O FC Porto está em crise, e não se vislumbra forma de dar a volta tão depressa.

Sendo certo que na passagem do novo milénio, os dragões também estiveram três épocas sem serem campeões de futebol, a solução José Mourinho devolveu (e de que maneira) a hegemonia ao clube nesta modalidade, onde foram inclusive campeões europeus.

Agora é diferente. O legado de Julen Lopetegui e perpetuação no poder de Pinto da Costa, abriram uma ferida que será difícil de sarar. Se no futebol o plantel foi descaracterizado de referências com mística do clube, situação apontada por Vítor Baía nas suas intervenções públicas, já ao nível de liderança as respostas apresentadas face ao futebol moderno são questionáveis pelos mais afectos adeptos e sócios dos azuis-e-brancos.

Depois da derrota chocante do FC Porto no Dragão com o lanterna-vermelha Tondela, por 0-1, Vítor Baía veio a terreiro contestar a postura dos jogadores em campo, ilibando no entanto Casillas: "Normalmente, o FC Porto tem estratégias bem delineadas, com tudo estruturado, e isto é a desorientação total. A todos os níveis. Casillas não teve culpa. Não foi por aí que perdemos."

O antigo guardião apontou também a falta de referências no clube: "São jogadores que estão cá há pouco tempo e não conhecem a história do clube, criando um problema ao treinador, sendo ele que tem de lhes explicar o que é o FC Porto". - E apontou um projeto entretanto abandonado pela estrutura liderada por Pinto da Costa, por falta de verbas : "Havia um projeto muito interessante que passava pela potenciação de jovens com qualidade, designados por PJE, ou Potencial Jogador de Elite. Nos vários escalões, os treinadores faziam um prognóstico em relação a esses talentos que passavam a ser trabalhados de forma diferente, visando chegar à 1ª equipa. Esse projeto acabou. Porquê? Não havia dinheiro. A desculpa foi que era um projeto caro e que o FC Porto não tinha dinheiro para isso. Tudo isto é uma questão de negócio e existiram outras prioridades. Quando falha o dinheiro para aquilo que é mais importante, como fomentar a formação e a cultura do clube, está tudo dito."

A crise não é de toda negada pelos dragões, e através do portal online diário destes, isso é mesmo assumido sem rodeios, pese embora o argumento do costume (árbitro) é misturado e corresponsável pelo último resultado: "Não há como esconder, a equipa de futebol está em crise e foi derrotada em casa pelo Tondela, o que deixa as contas do título como uma miragem. Os primeiros minutos até deram uma ideia positiva, mas a verdade é que depressa se foram as ideias e a velocidade. O muito volume ofensivo não teve correspondência na finalização das jogadas. Como de costume, também não faltou o penálti da ordem, com o apito do árbitro mudo quando Aboubakar foi vítima de uma gravata que o impediu de finalizar a jogada".

A falta de nomes cujo capital seja na íntegra do FC Porto, e que possa realizar mais-valias, aliado à possibilidade de poderem falhar a próxima edição da Liga dos Campeões, caso não passem dos playoffs (não restará aos dragões disputar esta eliminatória), leva também os azuis-e-brancos a uma crise profunda a nível financeiro. A afluência de espectadores nos estádios a acompanhar a equipa também diminuiu. Prova disso é o registo da pior assistência da época no estádio do Dragão, nesta recepção ao Tondela. 16.217 presentearam quase em uníssono a equipa com protestos pelo resultado, no final da partida. Já na Taça de Portugal, curiosamente a única competição onde ainda podem chegar a um título, estiveram apenas 4.863 a assistir ao confronto com o Gil Vicente. Jogo que apurava o finalista da prova rainha.

Mas nem a famosa e imensas vezes elogiada "estrutura" se livra da crise. Se o famigerado "Apito Dourado" terá agastado a imagem dos seus interlocutores, e colocado uma mancha negra nos anos "dourados" dos dragões, o mais recente caso polémico no âmbito da operação Fénix, volta a deitar os nomes dos máximos dirigentes do FC Porto à rua, e muito provavelmente à barra dos tribunais. O Ministério Público (MP) pede o julgamento de 55 dos 57 arguidos da Operação Fénix, entre os quais Pinto da Costa e Antero Henrique, presidente e administrador da FC Porto SAD. Os dois dirigentes do FC Porto estão acusados de recorrerem a seguranças privadas ilegais, num processo que está nas mãos do juiz de instrução Carlos Alexandre.