A nossa seleção | Relvado

A nossa seleção

Nos últimos dias, o futuro da seleção voltou a estar na ordem do dia.
 

Muito se tem escrito e dito sobre o verdadeiro potencial da nossa seleção. Desde as qualificações, aos desempenhos em fases finais, passando também pelo trabalho que é efetuado nas camadas jovens, etc... Nos últimos dias, na ressaca de mais um mau resultado, uma exibição paupérrima, do comprometimento do apuramento direto para o Mundial de 2014, estes (e outros) temas voltaram à ordem do dia.

Para já, "constatemos o óbvio". Decorrida metade da qualificação, e embora as nossas esperanças não estejam para já comprometidas, não deixa de ser irónico que a seleção mais forte à partida não só se arrisque a ver a distância para o primeiro aumentar para 7 irremediáveis pontos, como também se destine a discutir a qualificação com Israel. A agravar, uma sequência incrível de más exibições, mas sobretudo de maus resultados, que fazem temer pela nossa qualificação.

Começamos por ter uma seleção que fica aquém de grupos de trabalho anteriores. Em campo, não existe sintonia, vai havendo alguma "vontade" mas pouca assertividade, eficácia reduzida, demasiadas desatenções, avançados perdulários, infantilidades defensivas...

Quanto à equipa técnica, os problemas começam nas convocatórias. O grupo de "selecionáveis indiscutíveis" é curto (12/13), as invenções são mais do que muitas, as desavenças (e castigos) têm acontecido. A partir do banco, os onzes nem sempre são bem escalonados, teima-se sempre na mesma receita seja qual for o adversário, falta clarividência no momento das substituições. É caso para perguntar: onde anda a equipa do Euro 2012?

Na minha humilde opinião, os problemas por detrás, e por ordem decrescente de importância, são os seguintes:

1. Planeamento (ou falta dele): a política da FPF para as seleções é uma nulidade. Pouco ou nada se conhece relativamente ao que está a ser feito, não só a nível dos AA, mas também das camadas jovens. Não há um plano! Nos anos 90 não soubemos aproveitar uma "geração de ouro", falhando sempre as sucessivas qualificações. Neste momento, quando isso acontece com maior regularidade (sempre desde o Euro 2000) e com boas prestações, sentimos que a qualidade das seleções começa a decair. E continuamos sem ganhar nada!

2. Formação: a FPF e a LPFP, principais responsáveis pela valorização do jogador português, têm-se alheado de tal responsabilidade. A continuidade dos bons (?) resultados desportivos da seleção, através da garantia de fornecimento contínuo de boa mão-de-obra, é urgente (há 10 anos atrás já o era), mas foi abandonada por completo assim que as boas prestações surgiram. Será que a árvore do talento (Academia de Alcochete?!?!) irá secar? Reparem há quantos anos a nossa formação não é sequer presença assídua nas principais competições internacionais, com a consequente falta de êxito (exceção feita ao segundo lugar no Mundial de 2011)

3. O papel dos clubes: cabe aos clubes serem parte da solução e não os "salvadores da pátria". Deverá um clube zelar pela formação de jovens jogadores, garantindo também a sua própria subsistência, ainda por cima num período financeiramente tão desfavorável? Sim. Dando primazia aos jovens portugueses? Moralmente sim, mas não necessariamente. Mesmo a atual legislação internacional do futebol não possibilita que aconteça essa discriminação a favor dos jovens nacionais.

Seleção:

Comentários [2]

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Não concordo...

eu por acaso também tinha feito um artigo sobre a seleção, mas para constatar o óbvio, é que nós com grandes jogadores ou sem eles qualificámo-nos sempre da mesma maneira, somo assim, nem que tivéssemos os 22 melhores jogadores do mundo distribuidos equitativamente por todas as posições era a mesma coisa, isso não invalida que nos momentos H suplantámos as nossa próprias qualidades, somos assim... em relação à formação, daqui a 10 anos vamos estar a falar da mesma coisa e entretanto, André Gomes torna-se jogador do Real Madrid, e entretanto Eder torna-se ponta de lança do Tottenham e entretanto Bruma e Zezinho, e quando André Almeida se tornar defesa direito em definitivo, e quando o jogador X e Y forem para fora e se destacarem, quando todos estes jogadores que formarão a equipa das quinas para o ano tiverem perto dos 30 anos lá estaremos nós a dizer mal da formação etc e tal... mas a realidade é que as opções em Portugal nunca foram muitas mas aparecem sempre bons jogadores e outros grandes jogadores, claro que Figos e Ronaldos não podem aparecer sempre, mas Nanis e Fábios Coentrão vão aparecer sempre, porque apesar dos jogadores portugueses a jogarem em Portugal serem poucos, nunca a base de recrutamento foi tão grande a nível de clubes relevantes europeus para a Seleção portuguesa.