Lopetegui: a consistência dos (mesmos) erros | Relvado

Lopetegui: a consistência dos (mesmos) erros

A derrota do Porto contra o Sporting na Taça de Portugal é inadmissível.
 
Julen Lopetegui no banco (FC Porto)
fcporto.pt

Ponto prévio: transcrevo com a devida autorização um artigo da Desporto&Esport que reflete a minha opinião, em http://www.desportoeesport.com/lopetegui-consistencia-dos-mesmos-erros/

Há derrotas e derrotas. A derrota do Porto contra o Sporting na Taça de Portugal, aparte de algumas infelicidades, é inadmissível. Não pela derrota; mas pela forma como ela aconteceu, com os erros, já vistos e revistos nesta época, infantis de jogadores e indefinições táticas por parte do seu treinador. Parecendo, no entanto, que muitos dos erros individuais partem de erros estratégicos e de equívocos no modelo de jogo preparado por Lopetegui.

Talvez como nunca um jogo de futebol se decida tanto no meio-campo, assim como a relevância do jogador mais defensivo no meio-campo nunca foi tão determinante enquanto construtor de jogo como hoje. E é exatamente ai que as indefinições, ou rotatividade, se faz sentir com mais força. Se no início a inclusão de Ruben Neves nessa posição surpreendeu pelo arrojo na aposta de “menino” de 17 anos, agora as sucessivas vezes em que Lopetegui o relega para o banco ou o põe a jogar como médio centro ou interior direito são incompreensíveis para a maioria dos adeptos e dos analistas desportivos. Principalmente porque tem sido substituído por Casemiro ou por Marcano – um defesa central. A continuada aposta em Casemiro tem sido, na minha opinião, o maior dos erros de treinador azul e branco. Se a dimensão defensiva sai reforçada com a sua inclusão no onze, o mesmo não se pode dizer relativamente ao ataque ou mesmo em relação ao passe e à posse de bola. A cultura tática com bola e a qualidade de leitura de jogo de Casemiro é indiscutivelmente baixa. As perdas de bola com maus passes durante o jogo são demasiado altas para uma equipa que pretende ter bola e a fazer circular com segurança. Quando não surgem os passes errados, surgem os passes lateralizados ou para trás que fazem a equipa recuar em vez de avançar. Prejudicando o jogo ofensivo da equipa – onde se nota uma clara dificuldade de criar situações de golo iminente. O segundo golo do Sporting surgiu exatamente de um mau passe para trás de Casemiro. Ao Sporting bastou aproveitar.

Para o Porto crescer, o seu meio-campo tem de crescer. Sem que o seu homem mais recusado do meio campo esteja definido e bem trabalho para as necessidades da equipa, os erros suceder-se-ão. Aquele que mostrou mais capacidades para ocupar a posição foi Ruben Neves. Não o colocar em campo é um erro. Melhorar no jogo interior é o maior desafio para a equipa de Lopetegui. Criar rasgos e de desequilíbrios constantes e manter a circulação de bola já na parte do campo do adversário deve passar a ser a prioridade e abandonar as exaustivas trocas de bola entre defesas centrais e laterais que só colocam a equipa em perigo constante.

Outro ponto importante no futebol, ou em qualquer outro desporto ou área: pedir aos atletas o que eles sabem fazer! Lopetegui parece insistir num sistema tático e em mecanismo de jogo que são inadequados aos jogadores que dispõe. Demasiados passes em zonas recuadas entre centrais e os laterais e os homens do meio campo. Os erros têm-se sucedido. Donetsk, Braga e agora Sporting. Aos adversários parece inclusive bastar esperar pelo erro, porque eles sempre aparecem. Saber fazer evoluir um jogador é fundamental e parte das competências da equipa técnica. Mas pedir aos seus algo que eles ainda não estão preparados é dar tiros nos pés.

A “famosa” rotatividade imposta por Lopetegui também parece ser contraproducente numa equipa nova e de jogadores novos que precisa de firmar rotinas. Mas, em cada jogo, sempre que um jogador olha para o lado vê caras diferentes. Isso dificulta a construção de uma ideia de jogo clara, serena e fluida. Na versão FC Porto do treinador espanhol não existem titulares e suplentes. Talvez isso possa ser uma boa ideia depois do sistema tático se ter consolidado. Para já, apenas evidencia que ninguém sabe com exatidão o seu papel e todos aparentam estar perdidos, dentro e fora do campo.

As primeiras partes da equipa azul e branca são invariavelmente más. As segundas partes servem, quase sempre, para corrigir os erros da primeira. A melhor equipa e os melhores jogadores não podem começar a jogar ao minuto 46. Alias, os melhores momentos do Porto esta época foram lances individuais ou resultantes de combinações de dois ou três jogadores. A equipa no seu conjunto pouco se tem mostrado. Alternando muitas vezes entre o sofrível e o demasiado mau, quando como é óbvio, se compara com o potencial do plantel para desenvolver um futebol brilhante e de nota artística. Temos inclusive que afirmar que é a qualidade do plantel da equipa portista que tem safado o treinador de maiores desaires. A única exceção é Adrián López. Na finta é sofrível e na progressão com bola é ainda mais desastrado. Não se entende os 11 milhões e muito menos a titularidade. Pelo menos não para já. Fazer o óbvio e o que manda o senso comum é sempre o mais fácil e na maioria das vezes o mais acertado. Mas Lopetegui parece teimar em outras posições. Talvez seja a hora de mudar. Primeiro ganhar e conquistar os três pontos. Jogar bom futebol e chamar de novo para si a massa associativa do clube da invicta. Depois, paulatinamente, introduzir na equipa a sua filosofia de jogo e treino. Em caso contrario, e caso a imagem de futebol jogado não mude de figura rapidamente, arrisca-se a cair pela teimosia das suas ideias.

Julen Lopetegui chegou ao Estádio do Dragão com a missão de voltar às vitórias e montar uma equipa que fosse capaz de apagar a fraca imagem deixada na época anterior. Bem como, convencer a exigente massa adepta azul e branca que durante um ano viu a sua equipa jogar um péssimo futebol. Pinto da Costa chamou-o por considerou que Lopetegui era o homem certo para operar uma revolução. Segundo o presidente portista era importante que o novo técnico reganha-se o coração dos adeptos portistas. Mas o estado de graça do treinador espanhol terminou. Com uma equipa sua e onde obteve todos os jogadores que pediu num plantel com potencialidades máximas tem desiludido. Perdeu margem de manobra. O erro não lhe será mais permitido.

Existem mais erros, que os que acima mencionei – o que se passa com Quaresma. Existem também virtudes – muitos dos bons jogadores que o Porto contratou vieram em grande medida por Lopetegui ou os jogos com o Lille ou os primeiros dois encontros a contar para o campeonato. Alguns erros de arbitragem não têm ajudado em nada. Mas deixaremos essas análises para futuras matérias. E veremos quais as novidades e mudanças nas próximas equipas de Lopetegui.

FC Porto:

Comentários [10]

Seleccione a sua forma preferida de visualização de comentários e clique "Guardar configuração" para activar as suas alterações.

Digam-me...

...o gajo está em Portugal ou voltou a fugir para a Galiza?

...ou será que está em regime de rotatividade???...

Espera, foi ao "banco" levantar a "fruta":

- pputas,
- férias pagas,
- envelopes,
- quinhentinhos,
- almoços e jantares,
- relógios de ouro,
- "visitas" às cabinas dos gajos que antes só se vestiam de preto,
- telefonemas,

Viva o fcp!!!...

exageros

tento não ir do oito ao oitenta, não concordo nada com esta análise de que Lopetegui, tem falhado a toda a linha, assim como não sou dos que acho que tudo q se faça no Porto, não possa ser criticável.
Admito algum exagero na lógica do risco em jogos nacionais, importantes, de mudanças, que não entendo justificáveis, já na lógica da rotatividade, concordo, que possam haver mudanças de um dois lugares por jogo, que não ponham em causa, a estabilidade de um 11 base, motivem as tropas saber que todos contam, mas nunca arriscar adrians contra estoril num 4x4x2 quando o q melhor tem jogado é o 4x3x3...gosto de principios de jogo, mas não vejo repetição dos mesmo, antes vários esquemas alternativos, que são arriscados de jogo para jogo...acredito no entanto, que as bases de misto de jogo, entre posse de bola, variações de flancos e essencialmente pressão alta que vi em alguns jogos da champions, mas não no campeonato....

Porque é que o Porto contratou Lopetegui? Essa é que é a

questão...

Eu sou suspeito a falar, porque só em último caso, é que defendo a opção por um treinador estrangeiro, ou melhor, por um treinador vindo do estrangeiro, por exemplo, Bobby Robson achei uma excelente escolha.

E porquê?

1º os treinadores estrangeiros pensam que chegam à parvónia, portanto, são em regra geral arrogantes nas suas escolhas.

2º tendem a escolher os seus jogadores, e a dispensar jogadores sem sequer os ver jogar.

3º Não conhecem o complicado campeonato português.

4º Neste momento, devemos ser um dos Países com melhores treinadores.

O que se ganhar com um treinador estrangeiro.

1º Novas ideias.

2º Resolver com o nome, alguns problemas de indisciplina.

3º Garantia de maior sucesso, pelo seu currículo, neste caso, não concordo nada com isto, mas é algo que está na cabeça de muitos.

E aqui, é que não se consegue perceber a escolha em Lopetegui, é um treinador com menos experiência a treinar a sério, que qualquer um dos jovens treinadores do nosso campeonato, um treinador que nessa curta experiência teve insucesso claro, ninguém o conhecia, portanto, não se consegue perceber o porquê desta escolha ter recaído num homem destes.

Ainda assim, até acredito que o homem lute pelo campeonato, tal foi a loucura financeira do Porto este ano, a questão, é que se com um Marco Silva não seríamos melhores do que aquilo que somos actualmente, sem precisarmos de hipotecar o futuro financeiro do clube.

Muito do que disseste pode

Muito do que disseste pode ser verdadeiro, mas neste caso como em muitos outros, não se aplica. Lopetegui foi contratado quase a meio da época passada. Observou os jogadores da casa ( inclusive equipa B) assim como os adversarios e forma como se vive o futebol neste país.

Não gostaria de ver o Marco

Não gostaria de ver o Marco Silva a treinar no dragão.
Nem é por ser lampião. O tipo é um arrogante primário. Pessoa de mau carácter.
Havia muitos nomes em cima da mesa, mas felizmente não foi esse.

Isso da arrogância tem muito que se lhe diga, eu

percebo a tua ideia, o tipo parece daqueles falsos arrogantes, ou seja, daqueles tipos que querem parecer fantásticos e diferentes, mas no fundo são iguais aos outros. Mas, nestas coisas da bola, eu quero o melhor a treinar o meu Porto.

Atenção, não estou a dizer que ele fosse com 100% de certeza a melhor escolha, felizmente em Portugal existiam alguns potenciais bons treinadores para o nosso Porto, mas era um tipo que gostava muito de ver no Porto, na altura estava a vacilar entre ele e Domingos, com um bocadinho de Rui Vitória à mistura.

Não vou comentar as análises

Não vou comentar as análises a Marco Silva, apesar de ter uma ideia completamente oposta em relação ao seu carácter.

Quanto a Domingos, acho que nunca o viste treinar... Atenção que fui contra a sua saída do Sporting e o que disse pode parecer contraditório, mas Domingos percebe pouco de métodos de treino e é pouco rigoroso. Tem uma coisa que aprecio num treinador, com ele jogam os melhores, independentemente de tudo o resto.

Jass, eu disse que percebia porque é que o Mr. Blue

pensava isso do Marco Silva, não disse que era essa a minha opinião. Aliás, sem querer entrar em análises ao caráter de Marco Silva, mas entrando :) acho que ele é "the real thing", ou seja, não o acho nem arrogante, nem santo, e é isso que faz as pessoas duvidarem um bocado, porque por um lado o gajo aparece no seu estilo calmo a falar, por outro, quando lhe pisam os calos, também se defende, para mim, eu até o acho bastante coerente, aliás, dentro do que é possível no mundo do futebol, agora, isso não invalida que não perceba os fundamentos de quem o acha arrogante.

Em relação a Domingos, eu lembro-me da Académica com ele conseguir a melhor classificação das últimas décadas, lembro-me que com ele, o Braga conseguiu disputar um campeonato até à última jornada com um Benfica muito forte, lembro-me que com ele, o Braga conseguiu chegar a uma final europeia... o grande defeito do homem, não é falta de método, na minha opinião claro, o problema dele é que precisa de estar num clube com uma estrutura forte para singrar, porque por vezes, é um bocadinho fraco, agora, taticamente, as equipas dele são sempre muito bem arrumadas, tu vês este Setúbal, tem um plantel muito, mas mesmo muito fraco, mas é das equipas em Portugal que tem mais bola, é das equipas que tu vês a jogar e percebes a sua ideia de jogo.

Ps. Atenta num jogador do Setúbal de 19 anos, que contraria o que acabei de dizer um pouco, mas ainda pouco jogou, pá, quando vi o gajo a jogar, tive reminiscências da primeira vez que vi jogar Deco, não estou a dizer que vá ser um Deco, mas que senti o mesmo, tenho que ser honesto e dizer que senti.

No que toca a Domingos

No que toca a Domingos deste-me os bons desempenhos que teve (esqueceste-te do Leiria), mas desde Braga tem sido em queda livre e, neste caso, a estrutura até era/é bastante forte. Sinceramente, acho-o o oposto de Vitor Pereira... tem boa imagem, boa imprensa e é bom falante, mas percebe pouco de treino e de táctica, enquanto Vitor Pereira é exactamente o inverso, percebe muito de treino e de táctica, mas tem má imagem, má imprensa e exprime-se mal. Se queres a minha opinião sincera, Domingos é um Villas-Boas, precisa de alguém como Vitor Pereira para obter resultados.

Quanto ao plantel do Setubal, de fraco tem pouco para as ambições do clube e se o compararmos a Moreirense, Penafiel, Boavista, então é só galácticos! :))) Quanto ao miúdo de que falas, se não estou em erro e se estivermos a falar no mesmo, é internacional brasileiro pelas equipas jovens e está emprestado.

Lá está Jass, equipas com estruturas fortes,

ele falha em equipas, onde o capitão de equipa está em final de carreira e gostava de começar a sua carreira de treinador, e claro, esqueci-me de dizer que esse mesmo capitão de equipa tem como sogro, o presidente do clube. Se te lembrares, Domingos começa muito bem essa época no Leiria, e depois começam os problemas, e nisso, tenho que dizer que Domingos revela grande fraqueza.

No Sporting aconteceu qualquer coisa de similar...

As experiências falhadas no estrangeiro, foram culpa de Domingos, mas não culpa da sua valia técnica, foi incompetência na gestão de carreira, colocar-se em equipa que estão quase a descer, cheias de problemas e pensar que em meia dúzia de jornadas iria conseguir inverter a situação foi de enorme ingenuidade da parte de Domingos.

Sobre o plantel do Setúbal, discordo.

Cpts.