Spartak Moscovo vs FC Porto: o frio é o caminho para as meias-finais

A fazer um interregno desconcertante no calor quase veranil da Primavera portuguesa, o FC Porto regressa ao Inverno da Rússia para, em princípio, confirmar a passagem às meias-finais da Liga Europa. Um cenário criado por uma goleada caseira, em que o golo de honra do Spartak de Moscovo contrasta com os cinco marcados pelos recém-consagrados campeões nacionais e candidatos à vitória final na segunda prova europeia.

O desafio, garante André Villas-Boas, continua a ser “exigente e difícil”, apesar dos quatro golos de vantagem e do mau momento do Spartak, que atravessa uma crise de resultados, à custa da goleada sofrida no Dragão e do dececionante penúltimo lugar na liga russa.

Do outro lado está uma equipa com problemas no balneário e que, no entanto, promete “arriscar”, apesar de o grande objetivo ser o de “devolver a confiança aos jogadores”. Quem o diz é Valery Karpin, técnico moscovita que tem sofrido muita contestação nos últimos tempos.

Ora, quem acredita na capacidade de Ibson, Welliton e companhia é mesmo André Villas-Boas, que não quer ouvir falar em favoritismos nem facilidades, apesar da “vantagem confortável”, e acredita no fator transcendência de uma equipa que vale mais do que os resultados têm ditado.

Sem poupanças antes dos clássicos

O próximo adversário interno dá pelo nome de Sporting, mas a Liga Europa é, com o título no bolso, a grande prioridade dos azuis-e-brancos, pelo que não se adivinham grandes mudanças no onze. André Villas-Boas, aliás, fez-se acompanhar dos mais utilizados para esta viagem à Rússia, depois de Helton, Otamendi, Fucile e Álvaro Pereira terem ficado de fora na última jornada da Liga Zon Sagres.

Quem não joga é Belluschi, mas por razões diferentes. O médio padece de uma lesão muscular que não só o impede de jogar a segunda-mão frente ao Spartak, mas também os dois clássicos que se seguem: o Sporting, no domingo; e o Benfica, para a Taça de Portugal, a meio da próxima semana.

Neste novo encontro no relvado sintético do Luzhniki, será Guarín o substituto do argentino, como tem sido, aliás, hábito recente. Em grande forma, o colombiano, que ainda esta quarta-feira falou do sonho em vencer a Liga Europa, será titular ao lado de João Moutinho e à frente de Fernando, com Rúben Micael de reserva no banco.

O ingrato papel do favorito

Os cinco golos marcados na primeira-mão confirmaram o favoritismo atribuído ao FC Porto, não apenas na eliminatória. Algo que desagrada ao técnico portista, que prefere pensar “jogo a jogo”, com “concentração” e “compromisso”. Com o mesmo resultado que os azuis-e-brancos na primeira-mão (5-1), o Villareal afigura-se como o mais-que-provável adversário nas meias-finais.

Resta saber, a título de curiosidade, o que faz Radamel Falcao. O colombiano é o melhor marcador da Liga Europa, depois do hat-trick da primeira-mão, que serviu para ganhar vantagem sobre Rossi, avançado do Villareal, precisamente.

Além do tira-teimas com o italo-americano, os dez golos apontados pelo 9 dos dragões deixam-no a apenas um tento de igualar o melhor marcador da história portista na Europa: Derlei, que balançou as redes por onze vezes na épica Taça UEFA de 2002/2003 – precisamente a página da história que este FC Porto de André Villas-Boas já manifestou vontade de repetir.