Benfica escorrega no frio russo (crónica)

Spartak Moscovo e Benfica inauguraram a semana europeia, em encontro da 3.ª jornada da Liga dos Campeões. Os russos venceram com justiça por 2-1 e ultrapassaram a turma portuguesa na classificação do Grupo G.

Cedo deu para reparar o que se iria ver nos primeiros minutos no relvado sintético russo. Aos 50 segundos a cabeça de Bilyaletdinov quase marcava, mas Artur protagonizou uma boa defesa. O golo não demorou muito mais a surgir: Matić errou um passe onde não devia, Maxi não estava na sua posição habitual e em contra-ataque pelo lado esquerdo o Spartak aproveitou, por Rafael Carioca. Simples.

A defesa do Benfica (e os médios mais recuados) não funcionava. Aliado à lentidão ofensiva e pouca precisão nas tentativas de ataque, os homens de trás davam espaço a mais. Jurado ia marcando - mais um passe errado, desta vez de Jardel - mas as pernas grandes de Matić salvaram. Rodrigo protagonizou logo a seguir o primeiro remate "encarnado". Rebrov defendeu para canto.

Mais espaço do lado de Maxi e Salvio, mais uma boa oportunidade para o Spartak: Ari atirou à barra. Num ressalto, Matić também esteve perto de marcar; Rebrov teve a sua segunda defesa difícil da noite.

O Benfica quase não aparecia com perigo na área adversária, mas na primeira vez que Salvio teve espaço suficiente, realizou um cruzamento muito bom e, na primeira vez que Lima "apareceu", marcou de cabeça ao primeiro poste. Até então, o brasileiro teria tocado duas ou três vezes na bola. Não precisou de mais para igualar o resultado aos 32 minutos.

O golo da turma da Luz não disfarçava as fragilidades na zona defensiva. Os espaços continuavam a aparecer e Kombarov não esteve longe de surpreender Artur. Kombarov não marcou, mas Jardel marcou. Na própria baliza. Faltavam dois minutos para o intervalo quando, após cruzamento de Makeev, o defesa do Benfica quis evitar o remate de Ari mas acabou por fazer o 2-1 para o adversário.

Menos defesa, mas pouco ataque - O intervalo chegou com um resultado justo e o Benfica entrou na segunda parte a subir mais vezes, a pressionar um pouco mais. Mas só um pouco mais. Esteve longe de criar constantemente situações de perigo e de construir um jogo coeso e regular.

É certo que os homens de Jorge Jesus defendiam melhor, mas também defendiam menos - os russos atacavam pouco, preferiam controlar a bola, mas sempre que o faziam, eram mais rápidos e práticos que os adversários e conseguiam os remates mais perigosos. O número de oportunidades de golo diminuiu consideravelmente.

A meio da primeira parte, e graças a duas "ofertas" da defesa do Spartak, o Benfica poderia ter empatado. Primeiro por Salvio que, isolado, atirou ao lado, e depois foi Lima a demorar no remate e a permitir o corte adversário.

Até ao final, e sem situações dignas de registo, o resultado não se alterou, o que premiou um conjunto de Moscovo mais concentrado e regular. Os jogadores do Benfica, na defesa, não estiveram nos seus melhores dias, e no ataque, a velocidade e a precisão deram lugar à lentidão e à preferência por quedas à procura de faltas, sobretudo na primeira parte (Bruno César foi um especialista nesse aspeto, enquanto esteve em campo).

O Benfica está agora no último lugar do grupo. Três jogos, duas derrotas e um empate. Há que vencer nas receções a Spartak e Celtic.

Equipas

 Spartak Moscovo:

Rebrov
Pareja, Suchý, Makeev, Kombarov
Rafael Carioca, Källström (Bryzgalov), Jurado, Bilyaletdinov (Welliton)
Ananidze (Kombarov), Ari

Benfica:

Artur
Maxi, Jardel, Garay, Melgarejo
Matić (Ola John), Peréz, Bruno César (Gaitán), Salvio
Lima, Rodrigo (Cardozo)

Marcadores: Carioca (2'), Jardel (p.b. 42'); Lima 32'