Platini quer nova Liga dos Campeões em 2009

É «o início de uma aventura». Eis como Michel Platini aborda a sua eleição para a presidência da UEFA. O sucessor de Lennart Johansson tem pela frente uma grande tarefa e aponta como desejo essencial «tornar vitorioso o futebol». O ex-internacional francês assume como principal linha orientadora a promoção do desporto-rei como paixão mais do que negócio e nesse sentido pretende reformular a Liga dos Campeões já para a época 2009/2010. O novo homem-forte da UEFA quer reduzir o número máximo de equipas por país na Liga Milionária de 4 para três. Uma intenção que começa desde logo a suscitar oposição em Inglaterra, isto depois de a Alemanha se ter mostrado abertamente contra a eleição de Platini...
Batalhas de bastidores no horizonte

Quanto às mudanças na Liga dos Campeões previstas por Platini, não recolhem lá muito apoio em Inglaterra. «O torneio começa verdadeiramente apenas em Fevereiro, mas penso que está bem como está neste momento», destaca o treinador do Manchester United. Sir Alex Ferguson nota que «o apelo da Liga dos Campeões é quando os gigantes de Espanha, de Itália ou de Inglaterra se defrontam», e o técnico frisa ainda que se recuarmos alguns anos «havia demasiados jogos» na competição. A redução do número de equipas por país terá, na óptica do escocês, que suscitar também «a redução da competição ou a atribuição de dois lugares a outros países».
Mas para Platini a reformulação da Champions League faz sentido no intuito de «reequilibrar o torneio», conforme nota. O recém-eleito presidente da UEFA pretende que o novo modelo da prova seja aplicado na época 2009/2010, mas a decisão final quanto a esta matéria será tomada pelo Comité Executivo já em Abril.
Depois da eleição, com apenas mais 4 votos do que Lennart Johansson, Platini admite também vir a mudar o sistema de qualificação para os Campeonatos da Europa. Entre as medidas da sua candidatura constam-se reafirmar o estatuto especial do futebol no âmbito da legislação europeia, desenvolver todas as competições da UEFA, incluindo a Taça Intertoto, os torneios de jovens e femininos, combater o racismo, a xenofobia e a fraude, corrigir desigualdades e estabelecer igualdade de oportunidades, e aumentar a cooperação com a FIFA.
Arrecadando 27 votos contra 23 de Johansson, Platini entende que se trata de «uma grande vitória contra o poder estabelecido». O antigo jogador da Juventus fala em «dias muito difíceis» referindo-se à luta travada nas últimas horas para a recolha de apoios antes do sufrágio. Platini recebeu o apoio explícito de Joseph Blatter, presidente da FIFA, que tinha derrotado Joahnsson nas últimas eleições para a presidência da estrutura mundial. Mas o francês também viu a Federação alemã manifestar-se veementemente contra a sua escolha para o cargo. De resto a divisão dos votos favoráveis e contrários ao ex-internacional gaulês faz prever verdadeiras batalhas de interesses nos bastidores da UEFA nos próximos tempos. Falta saber se Platini terá talento para esgrimir argumentos e fazer valer as suas ideias... O ex-futebolista diz-se «mais apto a defender os valores do jogo, a beleza dos artistas, e não certamente o melhor colocado para a política e a guerra», mas talvez tenha que apreender também estas artes para sobreviver no cargo e deixar a sua marca.

Foto: Agência Lusa