Chelsea "Kalou" a Luz (crónica)

O Benfica está mais longe das meias finais da Liga dos Campeões, ao perder em casa contra o Chelsea por 1-0, esta noite.

Sem novidades de última hora na turma de Jorge Jesus, os ingleses começaram o jogo sem elementos como Bosingwa, Essien, Lampard, Drogba ou Sturridge. Paulo Ferreira foi titular, três meses depois.

O primeiro golo poderia ter surgido bem cedo quando, numa jogada algo confusa na área do Chelsea, o desvio de Jardel não foi suficiente.

Na maioria da primeira parte a percentagem de posse de bola foi dividida, com o Benfica a tentar assumir o controlo da partida, mas os seus jogadores pareciam trapalhões: Maxi, Witsel e Bruno César perdiam sozinhos a bola e os passes incompletos multiplicavam-se.

No conjunto inglês, um homem que conhece bem o relvado da Luz era o elemento mais perigoso. Ramires protagonizou um duelo frequente com Emerson, levou quase sempre a melhor, mas na área não conseguia ter resposta à altura do seu esforço.

A oportunidade mais clara da primeira parte foi protagonizada por Oscar Cardozo. Aos 18 minutos Bruno César fez um passe longo, o paraguaio fugiu de John Terry, dominou bem, mas o remate à meia volta saiu torto. Cardozo que, à passagem da meia hora, tinha um golo quase certo, após uma das arrancadas de Maxi, mas David Luiz tirou a possibilidade ao antigo colega de equipa.

De resto, era no meio campo que os espetadores mais viam a bola. Remates havia, mas seguiam praticamente todos para a bancada. A exceção apareceu a cinco minutos do intervalo, num remate de Raul Meireles para boa defesa de Artur - a primeira defesa de um guarda-redes na Luz.

Torres lembrou-se de aparecer

O ritmo e interesse aumentaram no segundo tempo. Logo nos primeiros instantes, lançamento longo de Maxi, a bola sobrou para Cardozo, que "disparou" e encontrou a barriga de David Luiz, que tomou o lugar de Cech nesse momento e voltou a salvar o Chelsea.

A equipa portuguesa - sem qualquer luso entre os 14 jogadores utilizados - parecia mais empolgada, com uma noção mais clara do que teria de fazer no ataque. No entanto, um cruzamento de Fernando Torres (quase sempre longe da área contrária) chegou a assustar Artur, mas o remate de cabeça de Kalou saiu por cima. Mais tarde esta dupla iria causar outros estragos.

O Benfica ia chegando à frente, sobretudo pelas faixas laterais, mas jogadores como Maxi, Bruno César ou Gaitán insistiam em dar quase sempre mais um toque na bola antes de colocar a mesma na área. Depois a jogada perdia-se. E os cruzamentos que chegavam à área tinham quase sempre o mesmo desfecho: remate de cabeça muito por cima. Mérito também para o Chelsea, que fechou as linhas de passe na maioria das vezes.

O lance polémico do desafio aconteceu aos 60 minutos: John Terry cortou com o braço um cruzamento de Maxi. Três árbitros estavam perto dos jogadores e sobretudo o árbitro de baliza estava numa posição privilegiada para ver a infração. Nenhum deu sinal. 

A verdade é que a jogada terminou num pontapé de baliza e, quando Cech enviou a bola para a frente, uma desatenção na defesa do Benfica deixou Mata isolado; o espanhol passou por Artur e o poste salvou o conjunto português.

Estávamos perante a fase mais agitada do jogo. Logo a seguir Witsel rematou de longe, Terry desviou e a bola parou na rede superior da baliza; depois a grande oportunidade do segundo tempo, num cruzamento de Gaitán que encontrou a cabeça de Jardel e o brasileiro, ao segundo poste, cabeceou na direção de Cech, que fez uma boa defesa.

Jorge Jesus terá errado ao retirar do relvado Bruno César e Aimar para colocar no jogo Rodrigo e Matic. A equipa recuou um pouco e nenhum dos suplentes trouxe maior qualidade ao futebol "encarnado".

Quem se lembrou de apresentar qualidade foi outro espanhol. Fernando Torres, que para não variar era apenas mais um jogador em campo, escondido, arrancou pela direita, deixou Jardel para trás, entrou na área e assistiu Kalou, que só encostou. Faltavam 15 minutos para o final e estava decidido o desfecho do encontro.

Até final, nota para o chapéu de Mata que quase surpreendia Artur e para um Benfica que tentava de forma mais assídua chegar ao golo, mas sem resultados práticos. Já nos descontos, Gaitán fez um cruzamento perigoso, mas encontrou Ashley Cole pelo caminho e o jogo terminaria pouco depois.

O Benfica não fez muito para merecer a vitória. Mas o Chelsea também não e, apesar disso, conseguiu o primeiro triunfo europeu como visitante, esta época. Os golos é que contam e os ingleses estão mais perto das meias finais da Liga dos Campeões.