Lá vem o play-off

Entre hoje e terça-feira estarão todos os portugueses amantes do desporto-rei um pouco em suspenso com aquilo que a nossa Seleção poderá fazer no malfadado play-off com a Suécia. Play-off esse do qual, ao longo dos últimos apuramentos para competições internacionais de seleções, não nos temos conseguido esquivar. Pelo menos estamos na luta.

No jogo de hoje na Luz e no de terça-feira na Suécia estaremos todos juntos como de costume, cores clubísticas de lado por um momento, esperando que todos os jogadores deem o máximo que tiverem para se apurarem para o Brasil, como todos desejamos e esperamos que aconteça.

De resto, têm aparecido na comunicação social vários profetas da desgraça desde o sorteio, afirmando que não tivemos sorte e que as coisas estão num patamar de 50% para cada lado. Acredito que podemos efetivamente fazer dois bons jogos e conseguir a qualificação, desde que consigamos tirar o rendimento normal dos jogadores que temos, e, eventualmente, efetuar alguns ajustes corajosos caso as principais pedras (Ronaldo à parte) não estejam a render o esperado. Que a sorte esteja do nosso lado, que essa também conta, embora o facto de jogar primeiro em casa não se poder considerar favorável.

Pouco se falou da convocatória de Paulo Bento, uma vez que o selecionador não surpreendeu, usando o seu habitual calculismo e pragmatismo nestas situações, utilizando a hierarquia de chamada que nos tem habituado, sem grandes surpresas. Exceção feita ao William Carvalho, que entrou numa altura em que ninguém praticamente apostaria na sua chamada, apesar de a chamada ser plenamente justa.

Na minha opinião, justa mas fora de um contexto adequado. Portugal joga a sua presença no Brasil e William Carvalho talvez não tenha a rodagem feita para este tipo de jogos. Embora seja um jogador de percurso de Seleção nas camadas mais jovens, o mesmo não será jogar na Seleção A, muito menos em jogos desta importância, para além do facto negativo acrescido de o Sporting não jogar nas competições europeias esta época, o que lhe dá ainda menos experiência e rotação. Talvez por querer arrepiar algum caminho na expetativa de o integrar para o Brasil, caso o William mantenha a qualidade de jogo que tem apresentado, Paulo Bento tenha decidido chamar já o jogador. A ver se joga ou se vai lá apenas para sentir o ambiente.

Porém, para William entrar alguém tinha que sair e a opção recaiu sobre Nelson Oliveira. É aqui que para mim as coisas começam a ficar um pouco estranhas. Como primeiro ponto está para mim claro que Nelson Oliveira sai da convocatória por pressão de CR7. Foram para o jogador do Rennes as palavras duras do capitão da seleção quando este falou no final do jogo de Israel, acusando a seleção (que ele também representa e lidera) de falta de maturidade. Ninguém se esquecerá do desagrado de CR7 no lance em que Nelson Oliveira decide tentar efetuar um chapéu ao guarda-redes de Israel, em vez de passar a bola ao astro português, o que na altura nos teria permitido matar o jogo. Injusto? Muito. Uma vez que CR7 não deveria esquecer que já foi um jogador jovem e que na tentativa de fazer golos também ele se esquece de passar a bola a companheiros bem melhor posicionados. Como é ele, e pelo estatuto que tem, obviamente ninguém diz nada, muito menos o acusa seja do que for. Dentro e fora do campo.

Mas esta injustiça ainda se torna maior quando falamos de números, analisando os golos marcados esta época nos respetivos campeonatos pelos avançados convocados: Hugo Almeida - 5 golos; Hélder Postiga - 3 golos (os mesmos de Ricardo Costa, curiosamente); Éder - 0 golos (marcou agora um na taça frente ao Olhanense). Por seu lado, Nelson Oliveira tem 7 golos marcados num campeonato onde jogam Ibrahimovic, Cavani, Falcão, etc. Para mim é de uma injustiça tremenda.

Principalmente porque foi Paulo Bento que veio apelar recentemente às oportunidades para que os jogadores jovens entrem nos clubes de forma a integrarem a(s) Seleções e garantirem assim a sucessão da geração que está a acabar e que brevemente terá de ceder os respetivos lugares que muitos, eu inclusive, acreditam ser cativos. Nelson está a jogar e jogar bem, pelo que merecia muito estar nestes dois jogos e se calhar a titular.

Na minha opinião, Éder deveria estar a ver estes dois jogos pela televisão e não no banco de suplentes, que será certamente onde estará. De resto, só poderemos esperar que a seleção ultrapasse este último obstáculo e consiga efetivamente estar no Brasil, com vista a dar tempo a Paulo Bento para analisar os respetivos desempenhos dos jogadores nos respetivos clubes ao longo da restante época e ter finalmente alguma coragem para levar aqueles que merecem e não aqueles que já, mentalmente, reservaram o respetivo bilhete. Força Portugal!