Eu estou a falar no negócio futebol no geral.Obviamente que algumas equipas têm uma situação financeira mais vantajosa.

O que se pode contactar, é que há uns anos para cá, tudo o que girava a volta do negócio futebol inflacionou de forma astronómica.As transferências inflacionaram, os salários, os prémios, as comissões de intermediação, os próprios direitos televisivos ,tudo está inflacionado.Desde que certos agentes entraram no futebol, nomeadamente empresários que fizeram riqueza noutros sectores, e começaram a comprar clubes ao desbarato, inflacionaram todo o negócio.A questão será, quando esses empresários desistirem dos respectivos projectos, o que irá acontecer?

O próprio fair play financeir foi criado para prevenir isso, que na teoria seria uma medida criada para travar esse investimento desmedido, que inflaciona tudo o que gira em torno do futebol, acabou por levar a outros esquemas, como por exemplo, a clubes de grande capacidade financeira, de modo a diluir custos para poderem cumprir o fair play financeiro, comprarem outros clubes de campeonatos periféricos.Dou-te o exemplo do Vitesse, que há duas épocas estava a fazer uma época fantástica, com a possibilidade quase certa de se qualificar para a LC, mas como tinha o mesmo "dono" , "estranhamente" entraram num ciclo de resultados negativos, e por consequência falharam competições europeias.Vitesse esse, que em 5 anos, recebeu nada mais nada menos que 14 jogadores emprestados pelo Chelsea.

Falando de salários, é um facto que o Real tem uma grande pujança financeira.Mas a REALidade, é que sempre que precisam de fazer um investimento de risco, acabam sempre por recorrer à banca, porque não têm um fundo de maneio tão forte, que lhes permita fazer investimentos sem dar um arrombo na tesouraria do clube.Não sou o único a dizer isto, já empresas de consultadoria , lançaram estudos, que o futebol pode entrar num colapso perigoso.Enquanto tudo estiver em alta não tem problema, o problema é que 2 ou 3 épocas de recessão podem trazer muitas complicações.Basta fazer uma linha de comparação com o mercado imobiliário.Existem clubes que não precisam de investir muito para gerar grandes receitas, como os ingleses, que têm fatias astronómicas com direitos televisivos, e tens clubes como por exemplo o Real, que precisa de gastar muito,para criar impacto e mediatismo, para poder ganhar no merchandising. O Real só em salários da primeira equipa, gasta anualmente 200 milhões de euros! O PSG, achas que podia se dar ao luxo, de pagar o que paga, se não fosse o homem do ouro negro?Vão agora assinar com o Daniel Alves, um contrato, que só ele, vai dar em 3 anos, quase 50 milhões de despesa ao clube.

Para não falar que parte dos lucros em alguns clubes é dividido pelos accionistas da SAD, caso que não se aplica por exemplo ao Real que não tem SAD.

Ninguém duvida da capacidade de endividamento dos grandes clubes, a questão , é que resultados apresentariam os clubes, se lhes fosse feitos testes de stress, como é feito por exemplo no sector da banca.

Quando abordei a questão dos tectos salariais, estava a referir-me não tanto a esses monstros do futebol, mas sim, que seria uma medida que acabaria por beneficiar todos.

Transportando isto para o caso português, que era onde queria chegar, é mais do que óbvio, que os clubes vivem acima das suas possibilidades, e percebe-se porquê, MONOPÓLIO.O campeonato joga-se a 3, tudo o que é dinheiro, acaba por cair nos três grandes, o resto é paisagem.Não vês o que se está a passar na Liga por exemplo?Bastou que certos patrocinadores falhassem (por motivos que toda a gente já sabe, alguns menos claros), para criar logo um clima de pânico.
Achas que os clubes portugueses, como o caso do Benfica ou Porto pode se dar ao luxo de ter salários de 2/3/4 milhões ano?A pauta salarial é das despesas com maior fatia no bolo.Em Portugal e noutros países vive-se claramente acima do que se pode, aproveitando esta onda inflacionada do mercado, e de um uso, muitas vezes pouco claro dos fundos, para injecção rápida de capital , de forma a tapar problemas de tesouraria.

Basta estar atento à história, para perceber que estas inflações repentinas acabam por culminar em crises graves.Nos próximos anos, os clubes portugueses têm de cortar nos salários e contratar mais barato.Isto é tudo muito bonito, enquanto os magnatas do petróleo ou os russos que enriqueceram , muitos deles, sabe-se lá como, a injectarem volumes astronómicos de euros, que alimentam tudo.

Não dá para continuar a esmiuçar isto tudo, porque é um assunto bastante extenso, mas quero que tanto tu como o Inside, fiquem com a ideia que estava me a referir maioritariamente, aos clubes que não têm a força financeira dos colossos europeus.