Petr Cech afastado dos relvados durante um ano

Petr Cech deverá ficar sem jogar futebol durante um ano. É o pai do guarda-redes checo quem o revela em declarações à imprensa inglesa depois de o filho ter sido operado a uma fractura no crânio no seguimento de um choque com Stephen Hunt, do Reading.
Vaclav Cech considera que o adversário do guardião do Chelsea «atingiu-o de propósito e Petr ficará de fora por um ano», lamenta, apelando a uma sanção dura para Hunt. A mãe de Cech, Libuse Cechova, é também citada a sublinhar que «parecia que Hunt queria matar Petr» e os médicos falam da eventualidade de o atleta ficar com resquícios permanentes, enquanto surgem alertas para a crescente insegurança dos guarda-redes nos relvados.

Cech poderá vir a sofrer de epilepsia

A mãe do internacional checo, Libuse Cechova, não é de meias medidas e diz que quando viu o lance na televisão «parecia que Hunt queria matar Petr». «Sei que ele o queria magoar a sério», adiciona a senhora na natural raiva motivada pelo instinto maternal protector. O pai Vaclav Cech também considera que o lance «não foi um acidente; Hunt atingiu-o de propósito e Petr ficará de fora por um ano», lamenta, lembrando que o jogador do Manchester City, Ben Thatcher, foi suspenso por oito semanas por um choque com o português Pedro Mendes do Portsmouth. Vaclav solicita agora um castigo «ainda mais duro» para o atleta do Reading, depois de José Mourinho ter pedido à Federação Inglesa para analisar o caso.
Hunt nega ter atingido Cech deliberadamente, frisando que o choque foi «inevitável» e um «completo acidente». «Não sou o tipo de pessoa que magoasse deliberadamente um adversário», assegura, revelando que já escreveu ao guarda-redes «a desejar-lhe uma recuperação plena». E o treinador do Reading, Steve Coppell, revela total apoio ao seu jogador, sublinhando que se trata de um atleta «honesto e justo».
A situação clínica de Cech suscita entretanto cuidados com os médicos a alertarem para a eventualidade de o jogador ficar com mazelas para o resto da vida. John Firth, da equipa que operou o guardião, sublinha citado pela comunicação social inglesa que a fractura «pode ter sérias consequências», alertando «os primeiros 10 dias são críticos por causa do risco de uma infecção». O médico fala ainda da «possibilidade de espasmos» que a acontecerem significarão «que há uma em quatro hipóteses de epilepsia no futuro», diz. A epilepsia é uma doença que se caracteriza por crises convulsivas e perda repentina dos sentidos. O neuro-cirurgiâo Peter Hamlyn alerta também que «se Petr Cech voltar [à competição] depressa demais o resultado pode ser fatal».

Integridade física dos guarda-redes preocupa

A grave lesão de Cech tem suscitado preocupações de vários quadrantes relativamente à segurança dos guarda-redes no terreno de jogo. Além do checo e do seu suplente no Chelsea, Carlo Cudicini que também perdeu os sentidos no decurso do jogo com o Reading após colisão com um adversário, nos últimos tempos lesionaram-se na Liga inglesa os guarda-redes Mark Schwarzer (Middlesbrough) que fracturou um osso da face após choque com um rival em Abril passado, e Shay Given (Newcastle) que foi operado a uma ruptura no intestino depois de uma disputa com um adversário em Setembro. Para o treinador do Arsenal, Arsène Wenger, não é coincidência que as lesões com guardiões tenham aumentado nos últimos tempos, mas o francês diz que não pode «imaginar que um jogador tente atingir outro na cabeça com o seu joelho porque sabe que pode matá-lo». E o internacional germânico Jens Lehman, do Arsenal, repara que embora o futebol seja um jogo para homens de barba rija, «estes homens têm crianças e mulheres e os seus filhos não querem ver os pais a acabarem com danos para toda a vida, guiados numa cadeira de rodas ou não sendo capazes de trabalharem mais», conclui.

Atente no vídeo do lance entre Cech e Hunt