Borussia Dortmund, o primeiro campeão na Europa

Era uma questão de tempo. Depois dos triunfos, em quatro dias, sobre Bayern de Munique e Schalke 04, o Borussia Dortmund estava a um pequeno passo de ser novamente campeão na Alemanha. Um passo que foi dado este sábado, na vitória por 2-0 sobre o outro Borussia, o de Mönchengladbach (ou de "monte lá de baixo", segundo alguns portugueses).

E se uma equipa ganha, no espaço de uma semana e meia, aos segundo, terceiro e quarto classificados do seu campeonato, restam poucas dúvidas: o Borussia merece ficar com o "prato de salada" - nome pelo qual é conhecido o troféu local.

O oitavo título nacional para o conjunto de Dortmund, o segundo consecutivo (pela primeira vez na sua história), era esperado por poucos em setembro do ano passado.

Um início para "não descer"; (a)final de campeão

É que, após seis jornadas, o campeão do ano passado ocupava o 11.º lugar, após ter perdido três dos seis primeiros encontros da liga alemã. Apenas duas vitórias nesse período e a contestação rondava a equipa: a saída de Nuri Şahin para o Real Madrid havia sido uma catástrofe, os jogadores não respondiam à altura, Jürgen Klopp já não era um treinador à altura, o título na época anterior havia sido um acaso... Nada estava a funcionar, aparentemente. Mas a direção não se mexeu. Confiou.

E afinal, mais do que aparentemente, funcionou. No dia 18 de setembro do ano passado, o Hannover 96 derrotou o Borussia por 2-1 e foi a última equipa alemã a levar a melhor sobre os campeões, até hoje. São 25 jogos consecutivos sem perder no campeonato.

Por isso, e depois de um arranque muito abaixo das expectativas, não é de admirar que, no final da partida com o Mönchengladbach, Klopp tenha dito: "Este foi o maior desafio que tive".

"Realizámos uma temporada formidável, única", acrescentou o guarda-redes Roman Weidenfeller. "Estamos em êxtase. Defender o título foi muito mais difícil já que ninguém nos subestimou esta época. Merecemos este título por inteiro" - confirmado.

80 mil à espera e o rival Schalke

A casa do Borussia Dortmund é, desde 1974, o imponente Westfalenstadion (ou Signal Iduna Park, se o leitor quiser). Tem uma média de mais de 80 mil espetadores: é apenas a melhor média na Alemanha e na Europa. Naquele estádio, já remodelado em diversas alturas, apenas um cenário é possível: casa cheia. Quer seja contra o Bayern, quer seja frente ao Kaiserslautern.

Na partida da oitava jornada, após o tal início frustrante, o Borussia recebeu o modesto Augsburgo perante somente 80.720 adeptos. Tal como em todos os outros jogos. Aliás, é o habitual no campeonato alemão, que parece ser esquecido ou desvalorizado por muitos...

Dortmund situa-se na zona oeste da Alemanha, na região da Renânia do Norte-Vestfália; ou Nordrhein-Westfalen, daí o nome Westfalenstadion. A poucos quilómetros de Dortmund, viajando ainda mais para o ocidente, encontramos Gelsenkirchen (lembram-se, portistas?). Portanto, percebe-se facilmente que o Schalke 04 é o maior rival do campeão alemão. E na jornada 31, horas depois do Bayern ter empatado em casa com o Mainz, o Borussia ganhou... no terreno do Schalke, garantindo praticamente o título.

Plantel jovem, alemão e com uma estrela japonesa

O plantel é de qualidade. A estrela turca saiu para Espanha - onde raramente ou quase nunca joga - mas ficaram outros: Weidenfeller é o dono entre os postes, Mats Hummels é um dos melhores e mais completos defesas da atualidade, Mario Götze até jogou pouco devido a lesão mas é uma figura, Shinji Kagawa é provavelmente o melhor futebolista asiático, Kevin Großkreutz um perigo nas jogadas de bola parada e Robert Lewandowski é goleador.

O plantel é jovem. Num conjunto cuja média de idades ronda os 24 anos e com 16 jogadores alemães, o estilo inconfundível e "quente" do também germânico Jürgen Klopp tem levado a equipa aos mais altos voos. Falta o reconhecimento internacional que, há 15 anos, chegou ao topo com a conquista da Liga dos Campeões, com a ajuda de Paulo Sousa. Nesta época nem da fase de grupos passaram, estando mais disponíveis e concentrados nas competições internas, ao contrário do maior adversário Bayern, que marcava (e ainda marca) presença na Liga dos Campeões.

O plantel é para ficar assim? Agora importa olhar, primeiro para a final da Taça da Alemanha (mais um grande jogo contra o Bayern) e depois para o mercado. No ano passado foi só Sahin a abandonar o grupo; este ano os cofres vão encher enquanto a equipa esvazia?

Esperemos. Mas seria uma pena ver estes atletas talentosos deixarem de pertencer à mesma casa...