Fernando ou William? Ou um caso maior do que isso? | Relvado

Fernando ou William? Ou um caso maior do que isso?

Máquina de propaganda engendrada para forçar Paulo Bento a convocar Fernando.
 
Paulo Bento (treino seleção)
Lusa

Certa comunicação social e alguns comentadores insistem na ideia da ida de Fernando à seleção portuguesa (esquecendo as declarações de Fernando no início deste ano).

É uma poderosa máquina de propaganda engendrada com vista a forçar Paulo Bento a convocar Fernando, e de muitos retirarem dividendos daí. Por um lado, o Porto: não obstante Fernando não ter ainda renovado, o que, havendo hipótese da convocação, seria provável renovar; por outro, por parte de empresários. Mas será Fernando convocado? E quais as razões para a sua convocação em detrimento de William Carvalho?

Fernando é, de facto um bom trinco. Encaixaria bem na seleção. É um facto. William Carvalho não lhe é inferior, senão mesmo superior, e tem como sua vantagem o facto de ser mais novo, o que de certa forma daria mais garantias futuras à seleção. Entre um e outro, quer seja em face de um ser português e o outro ser naturalizado português, quer seja o facto da idade, um mais novo que outro, quer seja ainda uma certa relutância de Paulo Bento aos naturalizados, parece mais provável a convocação de William Carvalho do que Fernando. Neste quadro, porém, é sabido que contam mais os interesses de alguns (pessoas, clubísticos, etc.) do que os interesses da seleção.

Paulo Bento não pode ceder a pressões (e normalmente não cede). Veremos o que sucederá. Mas na hipótese de Fernando ser convocado e a sua prestação no mundial ficar muito aquém, não correrá Paulo Bento um risco? O mesmo se passa no inverso. Assim, a decisão que seja tomada não pode ser vista como um risco, mas antes e sempre como no interesse da seleção.

Levanta-se, contudo, um outro problema no que respeita à questão da convocação de Fernando. Num mundo globalizado como é o de hoje, as soberanias dos países têm sido colocadas em causa (na verdade, praticamente deixaram de existir, subjugando-se à supranacionalidade das instituições mundiais). Uma mera convocação de um jogador naturalizado, ou, e o que é mais, a leviandade com que se aceita a cidadania de qualquer indivíduo põem em causa a cultura e identidade de um país desvirtuando a “essência” do país. O facto de ao futebol ser dada muita atenção e neste ocorrerem casos em que a cidadania é mais discutida deveria, por si só, ser caso de ponderação pelos responsáveis maiores do país, sob pena de se aceitar o que de, outro modo, poderia ser evitado.

Portanto, o caso da convocação de Fernando (e a sua cidadania) reveste-se de uma importância mais política do que futebolística. É uma questão que deve ser discutida nos meios jurídico-políticos portugueses. Não se trata apenas de uma cidadania e de todos os direitos que lhes são inerentes, trata-se antes de uma questão premente na ordem política que não deve ser descurada. Pensar a cidadania no mundo globalizado é uma questão que deve caber na agenda política dos países, caso em que, não cabendo, corre-se o risco de se perder o que durante anos levou tempo a conquistar. Assim, a “questão Fernando”, pelo caso mediático que é, deve ser pensada não em termos futebolísticos, mas em termos do acarreta em termos nacionais e políticos.

Seleção:

Comentários [9]

Seleccione a sua forma preferida de visualização de comentários e clique "Guardar configuração" para activar as suas alterações.

Pronto.

Para não ficar ninguém a rir ou a chorar o PB convoca os dois e fica feito. Até pode ser que faça jeito.
LOL.

O artigo como devia

O artigo como devia ser:

“Dois para o trono”, eis a capa do jornal Record, hoje.
Certa comunicação social e alguns comentadores insistem na ideia da ida de Fernando à selecção portuguesa (esquecendo as declarações de Fernando no início deste ano: http://relvado.sapo.pt/porto/fernando-impossivel-naturalizar-me-portugue...). É uma poderosa máquina de propaganda engendrada com vista a forçar Paulo Bento a convocar Fernando, e de muitos retirarem dividendos daí. Por um lado, o Porto: não obstante Fernando não ter ainda renovado, o que, havendo hipótese da convocação, seria provável renovar; por outro, por parte de empresários. Mas será Fernando convocado? E quais as razões para a sua convocação em detrimento de William Carvalho?
Fernando é, de facto um bom trinco. Encaixaria bem na selecção. É um facto. William Carvalho não lhe é inferior, senão mesmo superior, e tem como sua vantagem o facto de ser mais novo, o que de certa forma daria mais garantias futuras à selecção.
Entre um e outro, quer seja em face de um ser português e o outro ser naturalizado português, quer seja o facto da idade, um mais novo que outro, quer seja ainda uma certa relutância de Paulo Bento aos naturalizados, parece mais provável a convocação de William Carvalho do que Fernando.
Neste quadro, porém, é sabido que contam mais os interesses de alguns (pessoas, clubísticos, etc.) do que os interesses da selecção.
Paulo Bento não pode ceder a pressões (e normalmente não cede). Veremos o que sucederá. Mas na hipótese de Fernando ser convocado e a sua prestação no mundial ficar muito aquém, não correrá Paulo Bento um risco? O mesmo se passa no inverso. Assim, a decisão que seja tomada não pode ser vista como um risco, mas antes e sempre como no interesse da selecção.
Levanta-se, contudo, um outro problema no que respeita à questão da convocação de Fernando. Num mundo globalizado como é o de hoje, as soberanias dos países têm sido colocadas em causa (na verdade, praticamente deixaram de existir, subjugando-se à supranacionalidade das instituições mundiais). Uma mera convocação de um jogador naturalizado, ou, e o que é mais, a leviandade com que se aceita a cidadania de qualquer indivíduo põem em causa a cultura e identidade de um país desvirtuando a “essência” do país. O facto de ao futebol ser dada muita atenção e neste ocorrerem casos em que a cidadania é mais discutida deveria, por si só, ser caso de ponderação pelos responsáveis maiores do país, sob pena de se aceitar o que de, outro modo, poderia ser evitado. Portanto, o caso da convocação de Fernando (e a sua cidadania) reveste-se de uma importância mais política do que futebolística. É uma questão que deve ser discutida nos meios jurídico-políticos portugueses. Não se trata apenas de uma cidadania e de todos os direitos que lhes são inerentes, trata-se antes de uma questão premente na ordem política que não deve ser descurada. Pensar a cidadania no mundo globalizado é uma questão que deve caber na agenda política dos países, caso em que, não cabendo, corre-se o risco de se perder o que durante anos levou tempo a conquistar. Assim, a “questão Fernando”, pelo caso mediático que é, deve ser pensada não em termos futebolísticos, mas em termos do acarreta em termos nacionais e políticos.

Não questiono o teor do artigo, é a sua opinião,

mas, o que me escapou foi a causalidade entre o facto de Fernando ser convocado e a renovação com o Porto... o que é que uma coisa que valoriza o jogador e o coloca ainda mais na montra do futebol, influência o processo de renovação... lá está, é o tal malvado Porto...

Fernando pode assinar para

Fernando pode assinar por quem quiser em Janeiro. Mas, se ele tivesse a certeza de que seria convocado por Paulo Bento, era muito provável que renovasse contrato, uma vez que as hipóteses de sair em Agosto seriam muitas, dada a participação no Mundial. Assim, como não sabe se é convocado e na impossibilidade de se renovar nunca mais poder vir a sair, uma vez que a cláusula será enorme, opta por não renovar e sair quando quiser. Claro está que se for convocado e renovar a cláusula será elevada igual, mas as hipóteses de sair, mesmo essa cláusula, serão muito maiores do que se renovar e não ir ao Mundial.

Pois, continuo sem perceber o nexo de todo esse

seu raciocinio... ele ficar ainda mais valorizado, fará com que o interesse seja ainda maior no jogador, sendo que o valor que ele poderá receber irá ainda crescer mais, afantando-o ainda mais de assinar pelo Porto... porque os jogadores apesar de serem em muitos casos, burros, são seres-humanos, e é raro ver um ser-humano recusar mais dinheiro... é que valor salarial e de prémio de assinatura de Fernando e de qualquer jogador, será tanto maior quanto menor for o valor do passe... por isso, meu caro, continuo sem perceber... o que é que o Porto ganha com a valorização de um jogador que já está fora do Porto... mas, ok...

Bom artigo!

Vejamos essa máquina de propaganda a funcionar na capa do jornal Record de hoje http://www.record.xl.pt/capas/destaques.aspx

Aqui ao lado na vizinha

Aqui ao lado na vizinha Espanha, parece que está também criado um caso politico de consequencias tremendas, afinal a Selecção Espanhola, com tão poucas opções para a sua linha avançada : Torres, Negredo, David Villa, Pedro Rodriguez, Llorente ou David Silva, cometeram o sacrilégio de convocar o naturalizado Diego Costa, apesar de este ter nascido no Brasil, mas fizeram-no sobretudo pelas escassas opções de La Roja!

Em termos futebolisticos, entre nós temos tantas e boas opções para a nossa Selecção que não se entende a razão pela qual se irá provocar, ou não um verdadeiro "terramoto politico" com a convocatória de Fernando!

Extraordinário Artigo, desprovido o mesmo dos nefastos clubismos doentios, uma chapelada ao autor!

Ò...

...anormal:
Aqui fica a prova de que não se lendo jornais se faz figura de urso.
O autor foi um jornalista qualquer do jornal " Record ".
Este aqui deu-lhe umas pinceladas a tentar esconder o facto. SÓ e mais nada.
Afinal sempre dás chapeladas ao teu jornal ódio de estimação que dizes não ter credebilidade nenhuma.
LOOOOLLLLLOOOLLLLL