À procura de novos sonhos...

Monetariamente compensa, desportivamente já se viu que não, regressam quase sempre pela porta pequena.

Está a chegar o dia. A saudade de bola já queima nas nossas pálpebras, lá por dentro, bem por dentro, no centro crepuscular da menina do olho. Bola mágica esta bola ansiada, esta bola que rebola, ao mesmo tempo, no verde dos relvados e no vermelho dos nossos corações. Verde e vermelho. Só podia. Esta bola á a alma do país… Como tal, e estando eu já com um formigueiro inquietante que me sobe das orelhas dos pés ao esturro do nariz, parto em busca, entusiasmado, das estrelas. Não das celestiais, que estas já estão bem documentadas e mais viradas para o ocaso do tempo, mas para outras mais terrenas, mais envoltas nos nevoeiros da paixão, as estrelas do nosso Campeonato de Futebol. Neste texto pretendo elogiar a loucura. A loucura bela do futebol bem jogado. Do futebol com neons nas chuteiras. Porque há tanto de genial como de louco nos pés dos grandes futebolistas. Vou começar pelo adversário. (Falarei apenas de dois jogadores por equipa para evitar prolongar desmesuradamente este comentário) No FCP há um jogador especial. Um miúdo vindo dos antípodas que mal cá chegou gerou ódios e amores. Tem pinta o miúdo. Pinta e cabedal. A sua estrutura muscular impressiona, fazendo justiça ao nome que, orgulhosamente, ostenta. Hulk. Apenas Hulk… E como nas estórias, este Hulk, sabe-se agora, possui poderes sobrenaturais. Poderes tão especiais que até parecem naturais – se uns têm capa e voam este corre à velocidade da luz, se uns vêem por dentro de paredes este troca os olhos ao adversário, se uns possuem armaduras invulneráveis este possui a força da vontade, se uns são de elástico este é um homem de fibra. Um homem de barba rija. Ainda no FCP há outro jogador que, surpreendentemente para mim, atingiu o calibre estelar. Falo de Bruno Alves, o defesa central que pula mais que Hércules. Filho de peixe sabe saltar, dizem, e este Bruno, filho de um ex-futebolista, salta que se farta. Como uma gazela africana em luta pela sobrevivência pula por cima da cerca do medo, levando a cabeça onde outros não metem o pensamento. Depois dá a volta ao texto. Transforma-se de presa em predador, dragão ancestral, dragão de lume nos olhos e fogo nos pés, dragão fulminante nos livres que transforma em golo, nos longos passes que cortam a pele à defesa adversária, no perigo que representa nas áreas alheias. Que poder de fogo… No Sporting há um Brasileiro que resolve. Que nos envolve em finas camadas de seda. Que nos enreda numa estratégia de teias e de ilusão. Fino como a sombra, esconde-se por dentro dela para ludibriar as marcações adversárias. Ágil como um leão, é rápido tanto no pensamento como na acção. Genial, surpreende com pormenores que deixam em suores os centrais mais afoitos. Frio como um rio de alma lavada, não tem medo de falhar pois sabe que todos falham. Uns mais do que outros. E ele é dos que raramente falha. Tenho ouvido várias vezes, à socapa ou na tripa do ouvido, uma frase que resume o futebol deste jogador de eleição: Liedson resolve!!! Abram alas, agora, para a meninice do futebol. Para a grandeza da baixa altitude. Para a atitude. Para o trabalho de formiga e para o passo de gigante. Abram alas à inteligência, à diligência e urgência. Abram alas à ciência de jogar simples mas certo. À arte de jogar e de fazer jogar. Abram alas ao João que não pára um segundo, ao João solidário, ao partidário da boa circulação de bola, ao incendiário de tácticas adversárias, ao revolucionário altivo, ao dicionário de como jogar à bola com muito tino. Abram alas ao Moutinho. Chegados finalmente “aos finalmentes” eis que o meu coração pula mais forte. Ai Benfica, meu Benfica. Sinto-o (o meu coração) contorcer-se, torcer-se na veia do sonho. Sinto os tarsos e os metatarsos picaram-me a unha de fome que tenho na barriga, esfomeada de vitórias. De glórias. Quiçá mesmo de Marias. Sinto tanto. Finto a expectativa. Mas falemos de jogadores. Minto. De ases… Cardozo. O remate certeiro, violento às vezes, outras apenas em jeito. A cabeçada na testa do golo, o faro, o farol que guia a equipa a bom porto. A movimentação viperina, dança de bailarina. A tabelinha marcada com parafina na imaginação sul-americana. O toque de classe. Cardozo quase rima, presságio dos deuses, com golo. Quase, pois quem precisa de rima quando se detém, orgulhoso, do poder do fogo? Quem precisa de poesia quando, só por si, se rompe com a maresia de um resultado? Quem precisa de palavras quando, no silêncio do relvado lavras, um após outro, momentos de pura magia. Há mar e mar, há ir e Aimar. Há vida para lá de Flores. Há um renascer das cinzas, um reaprender e novos voos. Há tangentes e diagonais. Há ângulos e trajectórias. Rectas para acelerar o ritmo, fintas para enganar o tempo. Há tabelas para destabilizar. Há imaginação, velocidade de execução. Desmarcação. Há tango, fandango e faenas. Há ondas de fantasia, há marés de qualidade. Há mar… E, acima de tudo, parece haver músculo para embalar a mais pura arte….

Ao longo dos últimos anos, muitos têm sido os jogadores que tudo fazem para jogar no estrangeiro. Outros, em detrimento de renovarem com os seus clubes, preferem aventurarem-se noutros campeonatos mais competitivos. Dou-vos alguns exemplos: Miguel Garcia (SCP), Ricardo Quaresma (FCP) Hugo Leal (SLB), Lourenço (SCP) , João Paiva(SCP) , etc. Desses que referes talvez só Quaresma tenha alguma desculpa. Quer quando trocou o Sporting pelo Barcelona, quer quando trocou o FC Porto pelo Inter, foi para clubes com planteis de imensa qualidade e não conseguiu vingar. Todos sabemos que Quaresma tem muito mais futebol do que aquele que demonstra hoje em dia, mas por razões diversas não consegue mostrá-lo em campo. Logo, havendo outros jogadores que aproveitam as oportunidades... Quanto aos outros que referes nem me vou alongar muito. Estranho é que nem em clubes de menor dimensão do que aqueles que representavam em portugal vingam! No final, muitos deles, acabam por se arrepender, uma vez que, em pouco tempo, deixam de ser falados, acabando, alguns deles, a jogar em Portugal, em clubes inferiores . O mesmo se passa com muitos outros que nem de Portugal saem. Tendo em conta esta situação, questiono os caros relvas : será que vale a pena tentar essa experiência no estrangeiro e dar um passo em falso ?!?! Muitas vezes não é mesmo trocar o certo pelo incerto? O mesmo se passa com muitos outros portugueses e nas mais varidas profissões. O que os jogadores têm como mais-valia é que, de certeza, trazem a conta bancária bem mais recheada. A diferença é que alguns ainda podem contar aos netos que jogaram num clube grande em Portugal. P.S.- Assim que comecei a ler o artigo lembrei-me logo de dois artistas que em tempos trocaram o FC Porto pelo Real Madrid: Tinaia e Zeferino. Dois jovens promissores que seriam aposta do FC Porto (aproveitá-la ou não já dependeria deles) e que não hesitaram quando o empresário Manuel Barbosa lhes ofereu um contrato com os merengues. Nem foram opção válida para o Real nem nunca mais jogaram em clubes do nível do FC Porto (na altura). Mas como estes há muitos mais e não é só cá! Cumps

Bem,no caso do Lourenço e do Paiva não foram para nenhum campeonato mais competitivo do que o português. Como em Portugal ninguém apostava neles,procuraram um lugar onde pudessem jogar e ao mesmo tempo tentar melhorar a suas finanças. Miguel Garcia acabou o contrato com o Sporting e o clube não o renovou,ao mesmo tempo recebeu uma proposta algo tentadora financeiramente de Itália,não olhou para trás e foi. Quanto aos outros dois apesar de ter a minha opinião formada deixo que seja os adeptos dos clubes em cauda a dizerem da sua justiça.