Blatter: o futebol está doente

diagnóstico correcto? Terá vontade real de o fazer? Sobre este assunto li hoje, em O Jogo, um comentário assinado por António Tavares Telles que, pela qualidade e oportunidade, não hesito em trancrever: "O presidente da FIFA - Joseph Blatter - embora no caso a propósito de violência, veio afirmar que “o futebol está doente”. E logo adiante: “Os interesses económicos predominam”. O que é verdade: os interesses económicos predominam. Ou melhor (já que eles existem de facto): deveriam predominar. Porque, num futebol profissional como aquele que se impôs de resto desde há muito a esta parte, se os interesses económicos - isto é, os interesses da chamada “indústria” - efectivamente predominassem, nós assistiríamos a muito melhores espectáculos, e não a tanta violência, a tanta competição desenfreada, a tanta ânsia de ganhar a qualquer preço, a tantas declarações incendiárias (ao pé das quais a frase do Stijnen é quase irrelevante), a tanto ataque pessoal, a tanta intromissão na vida privada dos agentes, a tanta tentativa (mas alguma realmente a sério) de traficância nos resultados desportivos, a tanta conluio entre dirigentes e jornalistas, etc. etc. etc. Só que - e lá volto eu a uma velha história que também ela ilustra bem a situação - está tudo nu, o sabão caiu e ninguém se baixa para apanhá-lo... Haverá apesar de tudo volta a dar-lhe? Não sei. Tanto mais que os exemplos que ao futebol chegam de fora - da finança, da política, dos negócios, etc. etc. - não são de molde a mostra-lhe o bom exemplo." Permito-me uma correcção: onde ATTelles diz "...está tudo nu, o sabão caiu e ninguém se baixa para apanhá-lo...", eu diria que todos têm medo de se baixar para apanhá-lo! -não é costume dizer-se que "os tubarões se comem uns aos outros"?

E tu Blatter, tens as mãos limpas não?

eu diria que o futebol já está ligado à máquina...

Se a própria FIFA rege-se também ela cada vez mais por motivações económicas, qual é a moral do Blatter para dizer o que disse?...

O futebol é apenas um elemento dessa sociedade e não pode ser dissociado dela, não há sectores da sociedade que não estejam "doentes" se na globalidade se notam sinais de crise. Não interessa aqui dizer que há sectores mais doentes que o futebol, o tema deste site é o futebol e há que assumir com frontalidade que está doente. Agora ser um dos principais responsáveis por essa doença a apontar baterias para outros lados é que está mal. Mas voltemos ao Portugal-Bélgica e ver se ganhamos - isso é que importa neste momento!