Meio-campo encarnado

Excelente jogador, ainda bem que não foi (ainda) para o Benfica. Joga muito e ajudou muito o meu Flamengo na segunda parte do Brasileirão. O único problema é que é muito jovem e ganha muitos cartões amarelos, às vezes por coisas pequenas como comemorar o golo com os adeptos, mas fora isso é excelente. Quando vier para o Benfica fará um estrago nas outras equipas, nomeadamente no meu Sporting, infelizmente...

E Cheguei a uma conclusäo.
Serà k nuno gomes nào teria razäo?!

vamos apoiar-te sempre!! onde está aquele jogador penso que joga no meio campo!! não me lembro do nome!

Há daqueles dias em que uma pessoa se senta sem nada para fazer, sem projectos nem vontades imediatas. E é nesses momentos de inércia em que desejaríamos que o nosso cérebro fosse esperto e aproveitasse para descansar, que ele mais frequentemente desobedece, entrando num turbilhão de ideias e fantasias incoerentes, desajustadas, bastas vezes disparatadas e sem utilidade alguma.

É pois o resultado de um desses dias que vocês vão ter que aturar :)...acabei por prolongar a historinha muito mais do que queria. Para aqueles que conseguirem ou tiverem paciência para ler até ao fim, devo dizer que há a “recompensa”(não a mesma da Figueiras, cruzes credo) de a segunda parte da história (César regressa a casa depois do Porto-Rangers, ponho aqui amanhã) estar menos má que esta primeira parte que nem chega a ser bem humorística, apenas uma historinha.

Aí vai:

César Peixoto regressa a casa depois do jogo Porto-Académica do último fim-de-semana. Nem toma banho no balneário(não por falta de asseio...é que perderia tempo, todos os chuveiros (sem divisão) estavam ocupados pelo extenso Ivanildo). Desloca-se como um foguete, muito mais lesto que a fazer o corredor esquerdo em campo. Propulsionado por suma força. Sabe o que o espera. Em casa, uma recompensa maior do que o golo “oferecido”, maior do que a conquista da vitória, superiora e abafadora de todas as mesquinharias da competição: a sua assombrosa futura esposa, Isabel Figueiras...em dia de golo marcado. Em dia de golo marcado! As suas prévias conversas no túnel, amigáveis e doloridas com o juiz de linha, conhecido conselheiro pré-matrimonial de fácil comoção, tinham resultado. Bom homem! Haveria de ser justamente pago por isso, outros que o fizessem que ele não podia. Já levava 4 golos no campeonato. E logo no ano em que o vilíssimo Adriaanse o tinha colocado a lateral-esquerdo, longe da zona de finalização. Bem pregava ele que era um disciplinador. Para o pobre César, zás, abstinência, como se estivéssemos no tempo de Bella Gutman...porque é que Isabel assim procedia? Queria ela que fosse batido o recorde de Jardel? Pois Yazalde ele seria. Será que ninguém desconfiava da sua recente e prolífica capacidade? Um lateral, 4 golos? Os jornais falavam de dedicação e empenho, pois sim...

Com mais um golo, e já que é moda em Portugal sendo-se futebolista, poderia escrever um livro, inspirado por Álvaro Cunhal: Cinco golos, Cinco Noites...ou se a sorte não o desabrigasse, quem sabe não chegaria a uma respeitável marca e “ala” Paulo Coelho: 11 golos, 11 minutos...como venderia, sendo a sua Isabel destacada personagem...

Finalmente o lar. Roda a chave e já ouve do lado de lá a ansiada voz, com a desejada frase:
- Qual é a senha?
Já a rebentar, ruge convicto:
- Â César o que é de César!
E logo uma mama generosa e fiel, vai-se depor na mão esquerda de César, totalmente canhoto a suar testosterona. O corpo já tremia, pedinchão.
- Sabes amor, hoje não vais ter recompensa...o teu golo não foi golo. A bola foi fora.
    Todo o Mar do Norte despenhado sobre ele. Todos os fluxos presentes, convocados agora para a fúria incrédula.

- O quê? Tu não me vais fazer isso!? Não podes Isabel! Ando aqui que rebento! Foi golo, foi dentro e nem se fala mais nisso. Exijo a recompensa. Já!
- Ai tu falas-me assim? Nesse tom? Pois agora, é definitivo...marca outro, se quiseres.
César, ao ver a atitude decidida e ofendida de Isabel, segurou os exércitos de indignação que marchavam acelerados até à sua língua, e com calma de monge budista, decidiu mudar de táctica:
- Isabel...tem pena de mim.
E dando uso a anos de jogador de futebol, conhecedores de todas as manhas e ardis, rebolou instintivamente pelo chão, agarrado à canela e a chorar. Entre lágrimas ia soluçando argumentos:
- Isabel...porque me fazes isto? Sou-te fiel...nos estágios, há sempre primas do Reinaldo Teles no hotel. Todos se consolam, menos o teu César, sozinho no quarto a pensar em ti. Isabel, qualquer dia, nascem-me pelos nas palmas das mãos! É isso que tu queres? Um namorado urso? Urso já eu sou, em aguentar isto...És uma avara Isabel…sabes tu que até há até boas mulheres de jogadores que são tão mas tão generosas, que por verem colegas de equipa dos maridos tristes, moral em baixo, curvaditos de infelicidade, lhes cedem a atenção que te peço? Por isso, é que naquela altura lhe chamavam Nuno Golos… não era certamente pelos raros que marcava em campo.
O McCarthy convida-me para ir a Vigo e que faço? Recuso e venho como um cão, para junto da dona, a farejar esperança, ver se cai algum ossito. E depois isto é uma progressão matemática: no outro dia, eu na balança e o Adriaanse a avisar-me que estou a ficar pesado. Pois claro que estou! E quanto mais pesado, menos mobilidade, e menos mobilidade, menos capacidade para fazer golos e mais pesado fico e por aí fora.
Isabel já mansa e cordial, abraçando-o no chão:
- Ó César tu sabes porque o faço. Estamos a pouco tempo de casar. És jogador de futebol. É preciso fazer um desenho? Isto tem de ser algo especial. Se se tornar rotina, tu começas a dar menos valor. A repetição é a arquitecta do tédio e da monotonia. Em tudo na vida, para dares valor a alguma coisa, tens que conhecer o seu oposto. Isto é das verdades mais simples e mais antigas que há. Descansar sabe bem, porque existe trabalho, os dias claros de sol são lindos porque existem os cinzentos, tu andas tão desejoso porque existe o teu jejum...queres mais sinceridade que isto?
E César vendo que já uma brecha tinha sido aberta nas formosas muralhas:
- bla bla bla, mas o que disseste não tem jeitinho nenhum. Então se o Scolari não se cansa de ser repetitivo com o Ricardo, eu vou-me cansar de uma coisa boa?
Mas observando alguma impenetrabilidade de Isabel, disparou com a derradeira pedra, da derradeira catapulta usada por todos os homens...entre soluços:
- Tu não me amas. Tu não me amas... – e o olhito oblíquo e falso, procurava a visão da vitória.
Isabel, já comovida, quase derrotada, com os seios rijos, abundantes, macios, carnudos, ai quem me dera caraças (perdoem o compreensível descontrole do narrador) a palpitar...
- Ó César não é isso. Mas não foi golo. Foi fora!
- Foi dentro!
E passado um minuto e pouco, ainda se ouvia:
- Foi dentro.
- Não, foi fora.
- Não Isabel, foi dentro.
- Ai meu Deus. Foi fora!
- Foi dentro. Queres tirar as dúvidas? Gravaste não é?
- Sim, gravei como sempre. Vamos ver, tenho quase a certeza que foi fora.
Os dois deitados em frente à TV, observaram minuciosamente o “lance”.
- Tas a ver César! O tiro foi potente mas caiu completamente fora. Que alivio.
- Tens razão, foi fora. Uff.
- Uff, ainda bem porque eu não quero casar já grávida. Já te disse para te controlares e teres cuidado.
Uma pausa.
-E depois já me disseram que este é dos métodos menos seguros, temos que mudar. Não achas César? César? César? Estás-me a ouvir? Não, eu não acredito! Isto só a mim...homens...
César já não respondia. César já dormia refastelado. Dormia e já sonhava com o quinto golo...
De repente começa a debater-se em alvoroço. Geme sons incompreensíveis.
- César acorda. Estás a ter um pesadelo.
Era o jogo contra o Sporting. Quaresma tinha-lhe posto aquela bola redondinha, de trivela. Tinha sido só encostar. A bola aninhou-se na rede. César já de braços levantados a festejar a quinta noite; os colegas também de braços levantados; mas ainda não se ouvira o apito...Tranquilamente, Ricardo tenta tirar a bola aninhada nas redes. Não dá. Está miraculosamente presa. Então, César entre atónito e aterrado, vê Ricardo a tirar uma tesoura do bolso e a cortar a rede, pegando na bola e socando-a para fora; ele olha para o árbitro que tarda em validar o evidente, e vê-o com o pescoço como que preso, rodado no sentido do juiz de linha; César olha também para lá, e não vê juiz nenhum: apenas um pingo de suor gigante a segurar uma bandeirinha em baixo, como se o jogo fosse para continuar; incrédulo, César pega na bola ao ver que um pedaço de rede lá se mantinha colado, como um inocente aferrado à verdade, e vai a correr na direcção do fiscal de suor. Chega e grita furioso, colocando mesmo em frente do fiscal a bola comprovatória:
- Você é cego! Você não viu o golo? Olhe para a bola, até tem pedaço da rede da baliza colado!
Mas sobrenaturalmente, o enorme pingo de suor balança e cai precisamente sobre a bola, corroendo e desfazendo o pedaço de rede, como se fosse água corrupta por ácidos. Aniquilada a verdade, surgiu finalmente por detrás do pingo, o homem, o senhor fiscal, careca e esfregando o olho, dizendo apenas esta singeleza (com a desculpa que já todos conhecem):
- Eu não vi nada...a culpa foi da pinga.

Nota final: para aqueles que acharam esta ultima parte a mais disparatada de sempre, recordo em minha defesa que não menos disparata foi a desculpa usada pelo fiscal do jogo Sporting-Leiria(não sei se todos a ouviram), com o famoso golo que não foi: não viu por causa de um pingo de suor…

Fernando Alexandre?Quem é essa pessoa?

Não há o Bruno Aguiar?Hélio Roque?

Parece-se jogadores que podem ir longe,isto se jogarem..

Abraços