O direito de inventar notícias

Já ouvi o sr Rui Moreira no trio de ataque dizer que o site do teu clube é o pior dos 3 grandes, eu não sei nunca entrei em nenhum site de clubes portugueses sem ser o do SLB.

Eu também conhecia o Gobern mais pelas crónicas sobre assuntos musicais do que propriamente futebol. Escreveu, por exemplo, um livro sobre os GNR, da colecção Rei Lagarto. Se o artigo é esse, não vejo razão para tanta celeuma. Bem pior escreve o J.A. Lima.

João Gobern Vieira SEM BALIZAS Pode ou não gostar-se do estilo – particularmente, não aprecio, sobretudo quando vejo o presidente do Benfica “copiar” o estilo de guerrilha gratuita de outros, quando sinto que está a enveredar pelo caminho escorregadio da bazófia ou, pior, quando vem a terreiro esgrimir com adversários que não estão à sua altura. Tenho saudades das épocas em que o grande clube português era dirigido com eficácia e cavalheirismo, sem abdicar do pragmatismo e sem perder valores. Será nostalgia, defendem alguns, já que o futebol – e é a ele que a questão se reconduz – não suportará nos nossos dias esse tipo de compatibilidades. Ainda não estou convencido disso, nem no futebol nem na vida em geral. Mas, admito, será mania minha. Vem isto a propósito da intervenção pessoal (ia a escrever “física”, por alguma razão…) de Luís Filipe Vieira no caso Moretto. Ora neste episódio em concreto, Vieira fez valer o seu voluntarismo, transformando-o na única arma ao dispor do clube a que preside para evitar que o guarda-redes se transviasse em direcção a outra cidade e, inevitavelmente, rumo a outro clube. Ninguém no seu perfeito juízo, desde que munido das regras básicas de civilização, defenderá a estalada sorrateira que travou o cidadão Vítor Dinis. É mau princípio e péssimo exemplo para adeptos e claques – mas é, só, um caso de polícia. A mesma que, por interferência de um estranho fenómeno, não viu aquilo que, pela televisão, todos pudemos testemunhar. E o resto? As pressões, a arruaça em São Paulo, os telefonemas de chantagem denunciados pelo pai do atleta? Será que a SAD portista julga eximir-se de responsabilidades com um simples comunicado (mal redigido, de resto)? Que papéis desempenharam José Caldeira (irmão de um responsável azul e branco), Vítor Dinis (que se disse a mando de “pessoas do FC Porto”) e Chumbita Nunes (que alegadamente teve atitude dúplice no processo)? Até agora, o único a apresentar provas foi Luís Filipe Vieira. Mas mau será que a coisa morra por aqui, à semelhança de outros momentos negros do futebol nacional – se esclarecidos, fariam luz sobre métodos e meios utilizados naquele que parece cada vez mais um universo de gente pouco recomendável. Para já, o Benfica tem Moretto. Atleta e família manifestaram-se. Chumbita Nunes viabilizou o negócio, Norton de Matos aconselhou a Luz como destino. Do lado do FC Porto – que só os incorrigíveis ingénuos ou os indefectíveis adeptos defenderão estar alheio ao caso –, há muito por esclarecer. Luís Filipe Vieira deveria punir gente que se apresentou ao serviço do clube e que foi longe de mais nos seus actos. Mas voltou a mostrar que, no futebol nacional, é o único dirigente que sabe o suficiente para travar o pior do bafo do Dragão. Ou melhor: de quem o simboliza. Autor: JOÃO GOBERN Data: Sexta-feira, 6 Janeiro de 2006 - 03:01